Dia 14: a Alemanha desaba e, agora, nas oitavas, o Brasil pega o México
Irreconhecível em comparação à campeã de 2014, a "Mannschaft" se humilha e permite a classificação, à fase seguinte da Copa. da Suécia e dos "Aztecas"
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Missão ingrata a do jornalista que se obriga a escrever a respeito dos adversários eventuais do Brasil nas oitavas-de-final da Copa da Rússia/2018 antes mesmo de saber de que forma a seleção do Brasil se comportou no prélio qualificatório do seu Grupo E diante da Sérvia. Pois foi conceitualmente de propósito que não coloquei nenhuma pontuação na frase que iniciou este texto. Quis simbolizar a tensão que envolve uma rodada como a desta data.
Bem, de pulmões resgatados, debelada a taquicardia, eu me permito afirmar que a brava gente de Adenor Bacchi, o Tite, não chegou a se abalar na sua pugna diante da Sérvia, resultado de 2 X 0, tentos de Paulinho e de Thiago Silva, sem que o arqueiro Alisson Becker deparasse com qualquer susto. Mas, de que maneira transcorreram, no Grupo F, aquele dos adversários, as peripécias que levaram a Suécia e o México ao próximo patamar da Copa?
Mesmo a Coréia do Sul, que entrou nas pugnas da quarta-feira, 27 de Junho, zeradinha em pontos, tinha lá as suas chances de se classificar. Na Arena de Kazan, capacidade para 42.873 pessoas, desafiaria a Alemanha, 3 pontos. Os pupilos de Shin Tayeong, ou os “Guerreiros de Taeguk”, claro, precisariam vencer e torcer para que o México, 6, superasse a Suécia, 3. Nesse caso, os ”Aztecas” de Juán Carlos Osório ascenderiam aos 9 pontos e aconteceria um tríplice empate na segunda posição, a vaga então decidida no saldo de tentos ou até no critério novo do Fair Play, número e cor dos cartões.
A “Mannschaft” de Joachim Loew, a detentora do troféu desde o Brasil/2014, se garantiria com um triunfo no caso de acontecer um empate entre o México e os atletas das “Tre Kronen” de Janne Anderson. Também se garantiria com um empate se os “Aztecas” ganhassem da Suécia. A Suécia, por sua vez, se garantiria com uma vitória desde que a Alemanha não passasse pela Suécia. Ou ainda com um empate, se a Coréia do Sul suplantasse a Alemanha.
E o México? Tarefa mais óbvia a dos “Aztecas”, a quem bastaria sustentar o 0 X 0. De todo modo, nas vésperas da Copa, além da preparação físico-técnica, Osório havia proposto aos seus comandados um inusitado trabalho de teor psicológico. Em 2016, depois que a sua equipe levou uma tunda inesquecível na Copa América, o placar brutal de Chile 7 X 0, ele decidira acrescentar, à sua comissão, um personagem nada trivial: Imanol Ibarrondo, um basco de Bilbao, um ex-zagueiro do Athletic, transformado em mestre de auto-ajuda. Osório desejava os 9 pontos. Muito bem. Pausa para recuperar o fôlego. Por itens.
A) Apesar da manutenção de diversos astros da seleção de 2014 e dos famigerados 7 X 1 do Mineirão, é uma tolice e é um inutilidade buscar alguma semelhança com a “Mannschaft” de hoje. Apesar do seu absoluto domínio territorial, na etapa inicial de Kazan os pupilos de Loew se limitaram às bolas levantadas sobre uma retaguarda na teoria sem impulsão e coube aos “Guerreiros” a melhor chance, aos 19’, numa falta batida por Jung Wooyoung que o arqueiro Neuer quase transformou em um frangaço.
B) Em Ekterinburgo, apesar do excelente preparo físico do elenco de Osório e apesar da aguçada concentração mental que, talvez, se deva mesmo ao mestre Ibarrondo, a Suécia prevaleceu, desperdiçou duas oportunidades cara a cara com o arqueiro Guillermo Ochoa, e ainda pediu um pênalti, num suposto desvio de braço por Chicharito Hernández. Néstor Pitana, árbitro da Argentina, hesitou, mas o seu compatriota Mauro Vigliano, na cabine do já célebre VAR, sem titubear decretou como inexistente.
O panorama se alteraria profunda e dramaticamente aos 50’ quando, num raro ataque com a bola pelo chão, a esquadra das “Três Coroas” realizou 1 X 0 num chute de Augustinsson, no ângulo esquerdo da área pequena dos “Aztecas”. A Suécia subia aos 6 pontos e ultrapassava o México na tabela graças ao quesito do confronto direto. Aos 61’, então, num pênalti de fato, Granqvist faria 2 X 0 pelos escandinavos. Aos 74’, num autogol de Álvarez, 3 X 0. Demoliu-se a estrutura carinhosamente erigida por Osório e Ibarrondo. Pior, a Alemanha, em Kazan, atoleimada, não conseguia perfurar a atentíssima muralha rubra do Oriente. Sofrimento tedesco. Gigantesco.
Com cinco minutos ainda de expectativa, depois de um cruzamento precioso de Drexler, o zagueiro Hummels testou por cima do travessão, a três metros da meta de Jo Hyeonwoo. Nos acréscimos, Mark Geiger, mediador dos Estados Unidos, anulou um tento de Kim Younggwon, que o VAR do holandês Denny Makkelie revalidou. E a Coréia do Sul ainda dobraria a humilhação patética, inacreditável, da “Mannschaft”, 2 X 0, Son Heungmin. Nunca, antes, na fase básica de chaves da Copa, a brava Alemanha havia padecido uma despedida tão veloz e tão lancinante. Aus! Fora! Auf Wiedersehen! Adeus, campeã...
Aliás, a seleção do agora ex-todo-poderoso Joachim Loew se limitou à última colocação no Grupo F, atrás da Suécia, do México e da Coréia do Sul. Na próxima segunda, 2 de Julho, em Samara, o Brasil tentará preservar a sua vantagem histórica sobre os "Aztecas": em 40 confrontos até aqui, 23 sucessos a 10, 73 tentos a 36. Quanto aos escandinavos das “Três Coroas” viajarão a São Petersburgo, na terça, dia 3, para desafiar a Suíça, vice do Grupo E.
Gostou? Clique em “Compartilhar”, em “Tweetar”, ou deixe a sua importante opinião em “Comentários”. Muito obrigado. E um grande abraço!