Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Silvio Lancellotti Copa 2018
Publicidade

A Juventus perdeu um CR7. Tudo bem. Acaba de contratar um DV9

Pelo correspondente a 450 milhões de reais, entre o passe e a remuneração do atleta, a Senhora tira da Fiorentina o sérvio Dusan Vlahovic. Foi-se um craque de 37 anos, mas chega um de só 22.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti


Homenagem de um Twitter de fãs da Juve
Homenagem de um Twitter de fãs da Juve

Uma transferência avaliada em números extravagantes, de fato descomunais, um total equivalente a 450 milhões de Reais, entre a aquisição do contrato, a remuneração do contratado e um batalhão de balangandãs. Esse montante brutal a Juventus de Turim se dispôs a pagar para salvar a sua temporada patética de 2021/2022, talvez sobrepujar a fase das oitavas de final da atual Champions League e, no mínimo, se instalar até o quarto posto do “Nazionale” da Bota e, assim, assegurar uma vaga na próxima edição da principal competição interclubes do planeta. O objeto da aparente loucura se chama Dusan Vlahovic, nascido em Belgrado, a capital da Sérvia, em 28 de Janeiro de 2000, 1m90 de altura e 81kg de peso, basicamente um canhoto, ótimo driblador, excelente cabeceador.

Uma antecipação, ele com a camisa "bianconera"
Uma antecipação, ele com a camisa "bianconera"

Uma consideração, digamos, aritmética, explica o motivo dessa aparente insanidade financeira. Desde que, no mês de Agosto de 2021, Cristiano Ronaldo, ou CR7, trocou a “Velha Senhora” pelo Manchester United da Inglaterra, a ofensiva da Juve se desmanchou como uma gema de ovo que se agride com garfo e faca. No “Nazionale” de agora, em 23 partidas, meramente registrou 34 tentos, razão de a equipe de Massimiliano Allegri se limitar ao quinto lugar, fora da Zona CL. Pela Fiorentina, agremiação que acaba de liberá-lo e onde amealhou o apelido de DV9, Vlahovic anotou 17 tentos em 21 aparições. Mais do que, juntos, os três principais “marcatori” da Juve: Paulo Dybala com 7, Álvaro Morata com 5 e Juán Cuadrado com 4. Por um só dia ele não poderá celebrar o seu 22º aniversário já com a camisa “bianconera”. Questões de logística determinaram a sua apresentação oficial, para exames médicos, no 29. Com a habitual festança da cartolagem de plantão.

A primeira figurinha
A primeira figurinha

Seguramente, Andrea Agnelli, presidente da diretoria, e Federico Cherubini, diretor de Futebol, deverão se locupletar das vanglórias da negociação. De todo modo, analisa o fato por um ângulo diverso um certo Giovanni Cobboli Gigli, que assumiu a Juve em 2006 e a retirou da humilhação do rebaixamento por causa do “Calciopoli”, o escândalo das designações de árbitros que lhe custou a entrega, nos tribunais, de dois “Scudetto”. Para Cobboli Gigli, que ocupou o comando até 2009, limpou suas entranhas desmoralizadas e construiu os alicerces do que seria a eneacampeã de 2011 a 2020, “enfim um investimento inteligente”. Opositor ferrenho do negócio com o CR7, que desembarcou em Turim já com 33 anos de idade, Cobboli Gigli acentua que o DV9 é um garoto: “Um belo golpe que, para mim, leva a assinatura de John Elkann, esse o verdadeiro proprietário da Juventus”. Elkann e Agnelli são primos. Todavia, sucessor diretamente nomeado pelo avô Gianni (1921-2003), Elkann comanda a Exor, a holding do Grupo Agnelli, e detém as chaves do cofre.

Na sede da Fiorentina, ameaça de torcedores ao zíngaro/cigano Vlahovic
Na sede da Fiorentina, ameaça de torcedores ao zíngaro/cigano Vlahovic

Tem lógica o raciocínio de Cobboli Gigli. A Fiorentina pertence a Rocco Comisso, um calabrês de 72 de idade que, aos 12, se instalou em Nova York e lá, um pioneiro no entendimento do futuro das TVs a cabo, se tornou um milionário das telecomunicações e da distribuição de sinais de imagem e som. Embora bem mais jovem, está com 45, Elkann nasceu e cresceu em NY. Mais fácil uma negociação em inglês e de monarca para monarca. Claro que Comisso atiçou as iras dos “tifosi” radicais da cidade de Florença. Não havia alternativa, porém. As palavras de Daniele Pradè, o principal assessor de Comisso: “Somos uma empresa que fatura bem menos do que Vlahovic nos renderá. E corríamos o grande risco de, ao terminar o seu contrato conosco, em meses, ele se despedir e, pelas leis vigentes, nós ficarmos no zero.” Sobre uma proposta do Arsenal de Londres, que seria superior à da “Senhora”, Comisso não desconversou: “Foi o atleta que escolheu.”

Publicidade
Vlahovic, Ristic e Danilo Vucic
Vlahovic, Ristic e Danilo Vucic

Curiosamente, saudavelmente, o DV9 não se esconde atrás de procuradores/agentes celebrados que determinam cada movimento de seus pupilos. Escuta os pais, Sladjana e Milos, a mana Andjela, e um amigaço de infância, Danilo Vucic, de 24 de idade, filho de Aleksandar Vucic, nada mais do que o presidente da República da Sérvia. Apenas nas situações muito intrincadas ele mobiliza Darko Ristic, 36, dono da pequenina International Sports Office, com sua sede em Belgrado. Sobre a família do DV9 se conhece quase nada. As especulações sugerem se tratar de gente de classe média-alta, tanto que, nos conflitos balcânicos da primeira década deste Século, com as separações de Montenegro e do Kosovo, os Vlahovic perambularam por três cidades, perderam um filho mais velho do que Dusan e Andjela, e não se apertaram, economicamente. Os dois cursaram boas escolas. E, antes de mergulhar no Ludopédio, o rapaz chegou a pensar num diploma de Medicina.

Na Fiorentina, com o parceiro dileto, Federico Chiesa, hoje na Juve
Na Fiorentina, com o parceiro dileto, Federico Chiesa, hoje na Juve

O físico predominou. Dusan brilhou, por exemplo, como praticante de Artes Marciais, ao estilo de seu ídolo Zlatan Ibrahimovic. Craque precoce, de todo modo, com apenas 15 anos já era um profissional no Partizan de Belgrado. E aos 18 assinou com a Fiorentina. Bem depressa titular da seleção de sua pátria, já participou de 14 pelejas com sete gols anotados. No Grupo A das eliminatórias da Europa à Copa do Catar/2022, em dupla com Aleksandar Mitrovic, do Fulham londrino, respectivamente quatro/oito tentos, teve participação significativa na classificação da Sérvia, 20 pontos, à frente de Portugal, 17. A sua seleção, inteira, somou 18 gols. Agora, na Juventus, que talvez fique sem Paulo Dybala, ainda distante de um acordo, de novo fará dupla com Federico Chiesa – assim que seu caro parceiro de Fiorentina se recuperar de uma cirurgia de calcanhar-de-aquiles. Único probleminha: por enquanto, Vlahovic precisará mudar de DV9 para DV qualquer coisa. Álvaro Morata não pretende ser gentil e lhe ceder a gostosa primazia da camisa 9.

Paulo Dybala, estará de partida, mesmo?
Paulo Dybala, estará de partida, mesmo?

Gostou? Clique num dos ícones do topo para “Compartilhar”, ou “Twittar”, ou deixe a sua opinião sobre este meu texto no meu “FaceBook”. Caso saia de casa, seja cauteloso e seja solidário, use máscara, por favor. E fique com o meu abraço virtual! Obrigadíssimo!

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.