Dia 20: Pickford salva os "Três Leões", que pegam as "Três Coroas"
Nas quartas da Copa da Rússia, a Inglaterra (campeã de 66), que se safou nos penais, e a Suécia (vice de 58) que venceu com um golzinho solitário
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Uma curiosa peculiaridade envolveu, nesta terça-feira, 3 de Julho, o Dia 20 da Copa da Rússia/2018, a derradeira jornada da sua fase das oitavas-de-final. Quatro seleções brigavam pelas duas vagas restantes na fase subsequente: Suécia X Suíça e Colômbia X Inglaterra. As vencedoras se promoveriam a um emparceiramento que já hospeda a Rússia e a Croácia. Imagine: e se não fossem a Inglaterra e a Suécia? Sim, sim, em tal caso extremo, não sobraria desse quarteto, para a decisão do título, no Luzhniki de Moscou, em 15 de Julho, nenhuma seleção que já tivesse disputado uma final.
Diante de 64.468 torcedores, no estádio do Zenit São Petersburgo, encravado na Ilha de Krestovsky, junto à foz do Rio Neva, no Mar Báltico, a definição se iniciou, na manhã do Brasil, com o duelo entre os escandinavos das “Ter Kronen”, as “Três Coroas” e os helvéticos da “La Nati”, a “Nacional”. Foi o primeiro cotejo oficial entre a Suécia e a Suíça. Dos 29 jogos anteriores, todos amistosos, sobressaía um equilíbrio quase absoluto: 11 sucessos dos helvéticos contra 10 dos escandinavos. Na história da Copa, a Suécia já levantara um vice dentro de sua casa, em 1958, derrotada pelo Brasil do vovô Nílton Santos e de um adolescente apelidado de Pelé, 5 X 2.
Um cotejo sofrível, o tal desse primeiro oficial, no qual predominaram uma entendível cautela e uma abominável falta de ousadia. Claro que um gol teria que brotar de um acidente. Aos 66’, Emil Forsberg tentou um arremate de cerca de 22 metros. Yann Sommer, o ótimo arqueiro dos helvéticos, provavelmente agarraria. Azar, porém, a bola resvalou no pé esticado de Akanji, descendente de nigerianos, mais um dos milhares de jovens de sangue africano que enriquecem o Futebol da Europa, e enganou o arqueiro. Forsberg aliás, evitaria o empate ao rebater, em cima da linha, um chute de Shaqiri.
Nos derradeiros 10’ regulamentares, Janne Andersson, o treinador da Suécia, mais e mais fechou a sua retranca. A seleção das “Três Coroas” fantasiava apaixonadamente o seu retorno às quartas da Copa desde os EUA/94, quando havia batido a Romênia nos penais e, daí, sucumbido ao Brasil nas semis, 0 X 1, Romário aos 81’. Salvou o seu sonho uma intervenção miraculosa do arqueiro Olsen, já nos acréscimos, depois de uma testada de Seferovic. No lance imediatamente posterior, Damir Skomina, o árbitro da Eslovênia, anotou pênalti num empurrão, de Lang em Olsson, que ocorrera fora da área. Graças ao VAR, o mediador se corrigiu. Mas a cobrança da infração deu em nada, o tempo inexoravelmente se extinguiu e a Suécia seguiu adiante.
Mais tarde, no Otkritye de Moscou, o estádio do Spartak, 44.190 lugares, se pegaram os “Cafeteros” da Colômbia e os “Três Leões” da Inglaterra. Tais seleções só exibiam em seus currículos um único combate oficial, na Copa da França/98, triunfo dos britânicos por 2 X 0. Ostentavam, ainda, num global de 5 porfias, o predomínio integral da Inglaterra, 3 vitórias e 2 igualdades. Na partida ainda aconteceria uma escaramuça parelela. Caberia ao forte becão Davinson Sánchez marcar Harry Kane, seu companheiro de clube em Londres, o Tottenham, e até então o artilheiro da Copa com cinco gols.
Prejudicou os plano estratégicos de José Pekerman, o seu treinador platino, a ausência do capitão e craque maior, James Rodríguez, lesão muscular. James havia chegado ao Otkritye a caminhar normalmente, o sorriso aberto de quem estaria recuperado. Guardaria Pekerman a sua peça crucial para a etapa derradeira? Impossível antecipar. De todo modo, depressa se tornou evidente a superioridade do elenco de Gareth Southgate nas ações de meio-campo. Detalhe: ele e Pekerman, coincidentemente, aniversariam no mesmo dia 3 de Setembro, embora o platino seja 21 anos mais velho.
Os “Cafeteros” apenas melhoraram quando os “Leões” se cansaram de rugir sem um eco mínimo. E quando Harry Kane entendeu que Davinson Sánchez não lhe cederia um centímetro de espaço e recuou. Além dos 35’, puderam balancear as ações. Também, contudo, sem penetrar nos 5-4-1 do time de Southgate. Quem sabe, talvez, depois do intervalo de praxe e de uma pausa refrescante. Curiosidade: se os atletas e os torcedores do Brasil entoam, à capella, a continuação do Hino Nacional que a FIFA criminosamente encurtou por achar longo em demasia, os britânicos, mesmo durante o jogo, com a bola a rolar, não se poupam de cantar o seu “God Save the Queen”.
Valeu o apoio solene. Aos 58’, o volante Carlos Sánchez, que já fora expulso bobamente, aos 3’ da estreia da sua seleção, diante do Japão, 2 X 1, por aparar com o braço aberto um avanço do inimigo à sua grande área, derrubou Harry Kane quase com um golpe de judô. Tolice, pênalti cobrado por Kane, que subiria aos 6 tentos na tabela dos artilheiros. E tudo parecia finito, adiós “Cafeteros”, aos 3’ dos acréscimos, quando o estoico Yerry Mina, becão da Colômbia, capturou de testa mais um escanteio, o seu terceiro gol de cabeça na Copa, 1 X 1. A terceira prorrogação nos oito prélios das oitavas de 2018.
Na metade inicial dos suplementares os “Cafeteros” se conscientizaram de que poderiam ganhar, enquanto que os “Três Leões”, paulatinamente, se desanimavam, como um bicho ferido por uma estocada inesperada. Em tal tipo de situação, porém, a história atesta, acaba por prevalecer quem recebe um bafejo da sorte ou quem padece com um sopro ruim do azar. E a Inglaterra despertou. Intervenção espetacular de Ospina, aos 106’, num tiro cruel de Vardy. Cruzamento insidioso de Rose aos 112’. E aos penais. E a um desperdício suicida de Uribe. E a uma linda defesa de mão trocada do jovem arqueiro Jordan Pickford, 24 de idade. Serão as “Três Coroas” versus os “Três Leões”. A vice na Suécia/58 contra a campeã da Inglaterra/66.
Resumo do Dia 20: a competição da Rússia/2018 fechou a sua fase das oitavas com 146 tentos em 56 partidas e a média fraquinha de 2,61, um público acumulado de 2, 58 milhões de espectadores e a média excelente de 46.971. As pugnas das quartas-de-final: na sexta, 6 de Julho, em Novgorod, França X Uruguai, e em Kazan, Brasil X Bélgica; no sábado, 7 de Julho, no Fisht Olímpico de Sochi, Rússia X Croácia, e em Samara, Inglaterra X Suécia.
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