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Silvio Lancellotti Copa 2018

Dia 12: os dez minutos que salvaram as seleções de Espanha e Portugal

Houve de tudo, do pênalti perdido pelo CR7 aos tentos nos acréscimos de Espanha e Irã. Isso, depois de o Uruguai detonar a Rússia por 3 X 0.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Cristiano Ronaldo: reclamou, reclamou, e então perdeu o pênalti
Cristiano Ronaldo: reclamou, reclamou, e então perdeu o pênalti

Depois de 32 cotejos e 85 tentos, média de 2,66, apenas a 13ª em 21 edições da Copa, principiou nesta segunda, dia 25 de Junho, a última rodada da fase de acesso aos mata-matas da Rússia/2008. No Grupo A, o Uruguai e a equipe anfitriã decidiriam quem ficaria com a primeira posição e a Arábia Saudita e o Egito meramente jogariam em honra da sua bandeira. No Grupo B, todavia, três seleções ainda batalhariam por duas vagas nas oitavas-de-final. Com um tico mais de chances, pairava a Espanha. Num desafio mortal, no entanto, se digladiariam Portugal e o Irã. Qual das três se despediria?

Samara, o palco de Rússia X Uruguai
Samara, o palco de Rússia X Uruguai

A sessão dos quatro prélios começou em Samara, com a “Celeste” e a Rússia, única dentre as 32 seleções da Copa sem um apelido divertido, colorido ou metafórico. Nos 6 pontos, como o Uruguai de Oscar Tabarez, e um saldo melhor, de 7 X 2, a hospedeira de Stanislav Cherchesov só necessitava de uma igualdade. Enfrentaria, contudo, um adversário de fato, que ainda não tinha sofrido nenhum gol. Em seu benefício, a torcida confiava numa informação cabalística. O Uruguai sempre ganha quando Luisito Suárez anota um gol. Mas o Uruguai sempre perde quando o artilheiro é Edinson Cavani.

Suárez: tabu mantido, anotou um gol e o Uruguai venceu...
Suárez: tabu mantido, anotou um gol e o Uruguai venceu...

Uma eventual Deusa da Sorte se colocou à prova aos 10’ quando, na cobrança de uma infração, Suárez realizou 1 X 0. Uma bela cobrança, de curva, ao lado da barreira, com a ajuda afortunada, porém, de uma quicada da pelota no gramado, a um metro do arqueiro Akinfeev, que havia saltado precisamente na sua direção. A batida matou qualquer chance de o arqueiro espalmar. E a Sorte ainda favoreceria o Uruguai aos 23’, depois de um tiro longo de Laxalt, cerca de 25m, se desviar, que ironia, precisamente em Cheryshev, o artilheiro positivo da dona da casa, 3 tentos. Impressionante, a “Celeste” 2 X 0.

Cavani: tabu quebrado, anotou um gol e o Uruguai não perdeu
Cavani: tabu quebrado, anotou um gol e o Uruguai não perdeu

Completaria a infelicidade da hospedeira sem um apelido a sucessão de dois episódios aparentemente menores. Aos 27’, numa dividida de intermediária, Smolnikov abateu Cavani e recebeu um cartão amarelo. Daí, aos 35’, noutra imprudência, derrubou Laxalt. Novo amarelo e, claro, um vermelho. Rússia com dez. Do svidanyia, adeus a qualquer possibilidade de um triunfo.


Inclusive porque, de modo a cobrir o buraco da exclusão de Smolnikov, o agora desalentado treinador Cherchesov se obrigou a trocar Cheryshev pelo brasileiro naturalizado Mário Fernandes. Então, já nos acréscimos da porfia, paralelamente se acabaria a chamada “Maldição Cavani”. O avante enfim marcou um gol numa peleja bem sucedida da “Celeste”. Bentancur cobrou um escanteio, o becão Godin testou, firme, Akinfeev se esfalfou para rebater e ele, oportunista, o batizado Edinson do PSG, arrematou, 3 X 0.

Elhadary, o mais velho da História, e um pênalti defendido
Elhadary, o mais velho da História, e um pênalti defendido

No prélio restante do Grupo A, de virada, e com um gol registrado aos 95’, em Volgogrado a Arábia Saudita sobrepujou o Egito por 2 X 1. O craque Salah inaugurou o marcador para os “Faraós” aos 22’, um lindo gol por cobertura. A esquadra das “Águias Verdes” igualou nos acréscimos do primeiro tempo, Salman Alfarraj, e somou os 3 pontos de consolo graças a um chute cruzado de Salem Aldawsari. O argentino Héctor Cúper, treinador do Egito, incluiu nas enciclopédias o seu arqueiro reserva, Essam Elhadary, ao transformá-lo em titular, com 45 anos e 161 dias. Sólido, Essam Elhadary se tornou o mais velho jogador a disputar uma Copa – e ainda defendeu um pênalti aos 41’.


Elhadary em ação
Elhadary em ação

Decididos o Uruguai e a Rússia como o campeão e o vice do Grupo A, restava conhecer os seus rivais nas oitavas. Em Kaliningrado, com 4 pontos, 4 tentos pró e 3 contra, a “Fúria” do ex-volante Fernando Hierro, que substituiu Julen Lopetegui apenas 48 horas antes de a competição se iniciar, defenderia uma invencibilidade de 22 partidas diante da primeira equipe desclassificada, a do Marrocos, só duas vitórias em edições antigas de Mundial, ambas porém peculiares: 3 X 1 em Portugal no México/86 e 3 X 0 na Escócia na França/98. Peculiares por nascerem quando os “Leões do Atlas” já estavam eliminados.

Em Saransk, também 4 pontos, 4 tentos pró e 3 contra, o Portugal de Fernando Santos duelou diretamente com o Irã, quem diria, de um lusitano, Carlos Queiroz, 3 pontos, 1gol a favor e 1 concedido. Detalhe: os dois, amigos de quase quatro décadas. Em pugnas oficiais, o quadro das “Cinco Quinas” havia ganho do “Team Melli”, o “Nosso Time”, em duas ocasiões: Torneio do Sesquicentenário da Independência do Brasil/72, por 2 X 0; e na Copa da Alemanha/2006, idem 2 X 0. O Irã, porém, meramente havia tombado, diante da Espanha, no dia 20, num gol acidental. Apertado, Diego Costa chutou, sem destino. À sua frente, Ramin escorou. Mas, traiçoeira, a pelota encontrou bem o joelho do brasileiro-ibérico e adentrou a meta do atônito Beiranvand.


Boutaib, Marrocos 1 X 0 Espanha
Boutaib, Marrocos 1 X 0 Espanha

Não se viram os tradicionais estudos nas duas partidas. Em Kaliningrado, coube à Espanha buscar um triunfo rapidamente e sem delongas. Em Saransk, mais ainda, as duas seleções depressa mergulharam em escaramuças audaciosas, a exigir acrobacias de Beiranvand e de Rui Patrício. Aos 14’, do protagonista menos aplaudível do quarteto surgiu um gol. Andrés Iniesta fraquejou quase na linha divisória do gramado, Boutaib lhe surrupiou a pelota e galopou até a meta de De Gea, 1 X 0 em favor do Marrocos. Impacto: um outro gol dos “Leões do Atlas” qualificaria Portugal e Irã. Mas Iniesta se perdoaria aos 19’ com um toque magistral para Isco fazer 1 X 1.

De certa maneira, o elenco das “Cinco Quinas” suspiraria aliviado aos 45’, ao desenhar o seu quinto gol nesta Copa. E um gol que sequer passou perto do seu artilheiro CR7, o Cristiano Ronaldo. O veterano Quaresma, quase 35 de idade, capturou uma bola no bico direito da sua área de ataque, correu horizontalmente ao encalço da meia-lua e então, chutou com a parte de fora do seu pé destro, um foguete que Beiranvand mal viu passar, 1 X 0. O mesmo Beiranvand que, aos 53’, cataria um pênalti atirado num canto pelo CR7.

Cristiano Ronaldo bate o pênalti que desperdiçará
Cristiano Ronaldo bate o pênalti que desperdiçará

Mais um detalhe: o hesitante árbitro Enrique Cáceres, do Paraguai, necessitou do auxílio do VAR para confirmar a infração de Ezatohali no capitão de Portugal – cujo CR7, convertesse a falta em gol, assumiria com o inglês Harry Kane a liderança da artilharia. E os instantes derradeiros das duas pugnas seriam sensacionais. Em Kaliningrado, aos 81’, com En-Nesyri, os “Leões do Atlas” reviraram o placar, Marrocos 2 X 1. O elenco do Irã correu atrás de uma igualdade em Saransk, e conseguiu, espetacularmente, aos 93, graças a um outro pênalti confirmado pelo VAR e o gol de Karim Ansafarid. Obtivesse o Irã os 2 X 1 e se qualificaria. No entanto, coube mesmo à Espanha, aos 95’, o empate, 2 X 2, gol de um reserva recém entrado, Iago Aspas.

En-Nesyri, 2 X 1, e quase o Marrocos elimina a Espanha
En-Nesyri, 2 X 1, e quase o Marrocos elimina a Espanha

Comovedora a despedida do “Team Melli”, aplaudido por todo o público da Arena de Saransk. De todo modo, o seu gol solitário, mais o empate da “Fúria”, modificaram o panorama da classificação do Grupo B. A Espanha e Portugal com 5 pontos mas a “Fúria” no topo graças aos seus tentos pró, 5 a 4. Em 30 de Junho, em Sochi, o jogo entre a “Celeste” e as “Cinco Quinas”. Em 1º de Julho, no Luzhniki de Moscou, o desafio entre a Rússia e a Espanha.

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