São Paulo, Brasil
Muito mais séria, do que o pedido de reconhecimento pedido à Fifa, de transformar torneios de Caracas em três Mundiais, é a denúncia do ex-presidente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro.
A de que a direção do Flamengo não tem respeito à vida humana, querendo a volta do futebol em plena triste curva ascendente da pandemia do coronavírus no Brasil.
Montenegro usou até o terrível incêndio no Ninho do Urubu, onde morreram dez garotos, para fortalecer sua denúncia.
"Fico envergonhado.
"É uma falta de sensibilidade e respeito à vida humana.
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"O Flamengo, que já passou por uma tragédia com os garotos, a respeito da qual foi colocado que houve uma falta de atenção, está querendo arriscar de novo a vida dos atletas?
"Que maluquice é essa de querer jogar?
"Por que o Carioca é a coisa mais importante do mundo?
"É ridículo o Flamengo acionar o governador, e o governador que está com coronavírus.
"Se fizer isso, ele (Flamengo) está preparando uma outra tragédia.
"Agora, calculada.
"A anterior foi o acaso. Ninguém imaginava.
"O Flamengo deveria ser, até pelo trauma, o primeiro a defender a quarentena, mostrando que aprendeu a lição.
"Muito triste isso."
A direção do Flamengo não respondeu ao ataque de Montenegro, feito no jornal O Globo.
Os dirigentes rubro-negros querem, de verdade, mandar os jogos restantes do Carioca, no estádio da Gávea, que pertence ao campeão da Libertadores.
Porque, como a retomada do futebol será com portões fechados, o clube economizará, não tendo de pagar para jogar no Maracanã.
O que incomoda Montenegro, e a cúpula do Botafogo, é a pressão que a direção flamenguista faz para a retomada do futebol.
Além do pedido ao governador Wilson Witzel, o Flamengo tem se comunicado com o departamento físico do Bayer Leverkusen, que retornou aos treinamentos, na Alemanha, mesmo com o coronavírus.
Embora o clube tenha esticado as férias até o dia 30 de abril, como todos os outros grandes do país, a ordem é definir uma cartilha para os atletas.
E retornar aos treinos no dia 4 de maio.
Montenegro não vê sentido nessa retomada fulminante.
Quer mais atenção com a vida.
E, depois, com o esporte.
O Flamengo, como clube mais popular do Brasil, quer forçar o retorno do futebol. O clube sonhava terminar 2020 com o faturamento bruto de R$ 1 bilhão.
Mas o coronavírus travou essa ambição.
O clube teve de pegar R$ 40 milhões emprestados, para compensar o atraso do pagamento da fornecedora de material, Adidas. E também a saída do patrocinador Azeite Real.
Não será surpresa, se o clube quiser diminuir os salários dos jogadores.
Por isso, a ansiedade em voltar.
O clube quer retornar por conta do dinheiro.
A direção rubro-negra não vai negar...