A maior vergonha na carreira do campeão brasileiro no Corinthians, Fábio Carille. Athletico sonha com Felipão
Mario Celso Petraglia, homem que domina o clube paranaense, não perdoou a derrota por 5 a 0 para o The Strongest, na Bolívia. Desprezou o contrato de dois anos e mandou embora Carille. Após 21 dias de trabalho
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
21 dias.
Três semanas.
Sete dias de treinamento.
Sete jogos.
Tempo mínimo para um contrato de dois anos.
Mas a demissão sumária após a goleada por 5 a 0 para o The Strongest, nos 3.400 metros de altitude de La Paz. Sem direito ao técnico se manifestar.
E Fábio Carille está sem emprego, sem ao menos completar um mês de trabalho.
A ordem foi dada por Mario Celso Petraglia, homem que administra o Athletico Paranaense como se fosse propriedade sua.
A escolha de Fábio Carille foi sua, o projeto era montar um time competitivo, vibrante, com fortíssimo poder defensivo. O técnico avisou tanto a Petraglia como ao executivo Alexandre Mattos que era preciso calma, paciência. Porque o elenco foi formado pelo demitido Alberto Valentim. E tem o perfil ofensivo.
Levaria tempo para que os atletas assimilassem a "nova filosofia".
Mas acontece que Petraglia está envolvido em uma questão delicadíssima, que é a formação de uma liga para controlar o futebol brasileiro. Ele é o principal representante dos 14 clubes que divergem de Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino e Corinthians, na divisão de cotas.
Inclusive, ontem, Petraglia se indispôs na reunião com dirigentes do sexteto. Exigiu mais dinheiro para os demais clubes. Principalmente para o seu Athletico Paranaense.
No mesmo dia, uma derrota vexatória como a de ontem desmoralizou as palavras do dirigente, reforçando a situação que o Athletico é um clube que não merece ganhar o mesmo que Palmeiras, Flamengo, Corinthians. Afinal, deu vexame internacional, na Libertadores.
Carille foi totalmente surpreendido. A ordem da demissão chegou logo após o jogo, ainda em La Paz.
"Cheguei ao clube no dia 13 de abril e fiz questão de começar a trabalhar imediatamente, porque sabia que seria pouco tempo de treino para muitos jogos importantes. Infelizmente, 21 dias depois, o nosso projeto se encerrou. Vim ao clube empolgado para trabalhar, organizar essa equipe que pode render muito mais, porém não houve tempo para isso.
"Saio triste por não ter este tempo para colocar o nosso trabalho em prática, mas de cabeça erguida por trabalhar ao máximo e respirar o clube em toda e qualquer oportunidade que tivemos", desabafou Carille nas redes sociais.
O sonho de Petraglia é convencer Felipão a voltar a trabalhar.
Com a ajuda de Alexandre Mattos, com quem o treinador já trabalhou no Palmeiras, ele quer o técnico de 73 anos no Athletico.
Se não como técnico, como dirigente.
Sylvinho, demitido pelo Corinthians, ganha força em Curitiba.
21 dias é um tempo curto demais para avaliar o trabalho de um técnico que foi campeão brasileiro pelo Corinthians há cinco anos. Tricampeão paulista há três.
Não houve o mínimo bom senso.
Petraglia foi avisado de que haveria um trabalho de adaptação, com um elenco que foi montado sem o perfil de Carille.
Na teoria, ele concordou.
Na prática, não.
Para o dirigente, o Athletico não pode perder de ninguém por 5 a 0.
Nem a altitude de La Paz o convence.
Assim caminha o futebol brasileiro.
Com seus líderes agindo de forma impulsiva.
Três semanas de trabalho é desrespeito.
E demonstração pública da falta de consciência na hora de contratar.
Esse é o problema do Athletico.
Clube nas mãos de um só homem.
E agora ele quer Felipão.
Acredita que Luiz Felipe Scolari possa "incendiar" o clube.
Transformar a Baixada da Arena em um alçapão.
Felipão está sem trabalhar desde outubro de 2021, quando foi demitido pelo Grêmio, depois de trabalho fraco na Segunda Divisão.
Aposta com a mesma convicção de quem, há três semanas, apostava que Fábio Carille montaria uma equipe extremamente competitiva.
Essa é a forma de trabalho no Athletico Parananense...
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