Vitórias de Atalanta e Inter adiam a contenda pela vice da Juventus
A "Deusa" de Bérgamo, em viagem, superou o Parma por 2 X 1. E a "Biscione" de Milão, em casa, ignorou o Napoli, 2 X 0. A decisão fica para 1º de Agosto.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Indubitavelmente, nas suas 118 edições desde o certame de inauguração, na temporada de 1897/98, e nas suas 88 edições desde a invenção da Série A de pontos corridos e com dois turnos, em 1929/30, não houve um Campeonato Italiano de Futebol tão extravagante como este de agora, 2019/20. Claro, nessa trajetória, por ostensivas razões, se descarta a suspensão provocada entre 1915 e 2019 pela I Guerra Mundial. Quando ocorreu a II Guerra, de 1939 a 1945, apenas não houve os certames regulares de 1943/44 e de 1944/45.

Também não se conta como estranho aquele de 1948/49, quando o time do líder Torino foi devastado por um acidente aéreo a apenas quatro rodadas do final mas não abandonou a luta, prosseguiu com uma equipe de garotos e os seus adversários, nobremente, abdicaram de escalar os seus times principais. Ou os de 2004/05 e de 2005/06, quando a Juventus terminou com 7 e com 15 pontos mais do que o Milan e a Inter, respectivamente, e foi penalizada pelo envolvimento em um escândalo robusto de designação de árbitros. Ninguém ficou com o título de 2005, e a Internazionale herdou o “scudetto” de 2006.

Desta vez, coube ao intangível, ao invisível, um vírus de nome SARS-Cov-19, cortar o campeonato praticamente na metade. Iniciado em 24 de Agosto de 2019, deveria se encerrar em 24 de Maio de 2020. No entanto, durante a rodada de número 25 num total de 38, a pandemia adiou quatro de dez pelejas, obrigou que a jornada 26 somente acontecesse sem público, estádios de portões fechados, e interrompeu as ações de 9 de Março até 20 de Junho. Os quatro cotejos isolados, mais os 120 restantes, acabariam dramaticamente compactados em um espaço curtíssimo, cruel, de somente 44 dias.

Apesar do evidente desgaste físico, da fadiga mental, da sensação de incômodo que a ausência de público produz, o torneio se desenrolou, até aqui, com uma tranqüilidade razoável. O melhor sintoma, por exemplo, é o excelente volume dos tentos anotados sem platéia. A duas jornadas do desfecho do campeonato, se registraram 342 “reti” em 104 pelejas, média de 3,29. Mesmo no global do certame a média é preciosa, 1.088 tentos em 360 cotejos, ou 3,02. Ciro Immobile, da Lazio, já cravou 34, como Nordahl, do Milan (1950/51) e apenas está atrás dos 35 do Nordahl de 1949/50 e de Higuaín, então no Napoli, 36, em 2015/16. O juventino Cristiano Ronaldo tem 31. Ambos, somados, 65, já igualaram a marca de Nordhal e Nyers, da Inter.

Mais. Embora a Juve já tenha garantido o seu “scudetto”, o nono em sequência, o 36 na sua existência de 123 anos, embora a SPAL de Ferrara e o Brescia já se encaminhem à Série B, ainda resta decidir qual time será o terceiro dos rebaixados, definir as equipes que se qualificarão à etapa de grupos da Europa League e qual precisará lutar numa fase preliminar, e quem assumirá a primazia simbólica de vice da “Velha Senhora”. Últimos resquícios de emoção, que apenas findarão no próximo domingo, 2 de Agosto.

Nesta terça-feira, 28 de Julho, duas porfias tornaram mais clara a situação. Ás 14h30, aqui do Brasil, a Atalanta, na cota dos 75 pontos, como a Lazio, porém um degrau atrás da Inter, visitou o Parma, 46, em busca de um belo salto na tabela. Custou bastante, mas conseguiu, e de virada, 2 X 1, tentos de Kulusevski, aos 40’, pelo hospedeiro, e daí o resgate com Malinovskiy, aos 70’, e Alejandro Gómez, aos 84’. A “Deusa” subiu aos 78 pontos, o seu antológico recorde numa história datada de 1907, e aumentou a sua invencibilidade para 19 partidas, 15 vitórias e 4 empates, a ofensiva de 98 tentos, média de 2,65.

Daí, às 16h45, caberia à Inter, eventualmente, recuperar a sua colocação num duelo com o Napoli, 59 pontos e já na Europa League por causa do seu triunfo na Coppa Itália. Para escapulir da fase preliminar da segunda competição em importância no Velho Continente, o “Burro” da Terra da Pizza necessita sobrepujar o Milan e a Roma, atualmente nos 60 e nos 64. Começou atrás, D’Ambrosio, da “Biscione”, a serpente mitológica da Lombardia, logo aos 11'. Porém, não soube desfrutar uma superioridade técnica e também atlética que se estendeu até basicamente a segunda metade do segundo tempo.

Inexplicavel e imperdoavelmente o Napoli falharia em ao menos cinco finalizações dignas de registro de gol. Castigo: aos 74’, num lance individual em velocidade, Lautaro Martínez, a quem o treinador Antonio Conte deixara no banco até os 60, dobrou o placar. No pedaço da lateral correspondente ao “Burro”, o rival Gennaro Gattuso coçava a sua cabeça e transpirava tanto que empapava a sua camisa azul-marinho, Inter 2 X 0 Napoli. O “Burro” agora torce para que, nesta quarta-feira, 29 de Julho, o Milan não vença a Sampdoria em Gênova. Quanto à batalha pela vice da Juventus, ficará exatamente para o seu confronto direto, empolgante, Atalanta X Inter, no dia 1º de Agosto.
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