No jogo do recorde de Buffon, a Juve abre ótima folga, sete pontos
Venceu o Torino, 4 X 1, no "Derby" da sua cidade, enquanto, em Roma, a Lazio, sem Immobile e sem Caicedo, 56% de seus tentos, perdeu do Milan, 0 X 3
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Mera casualidade, consequência dos desígnios de uma tabela previamente desenhada por computador, os dois cotejos mais importantes da 30ª rodada do Campeonato Italiano de 2019/20 aconteceram ambos neste sábado, o dia 4 de Julho. Primeiro, no denominado “Derby de La Mole”, batismo em honra de um edifício (horrível!) da capital do Piemonte, a líder Juventus suplantou o seu velho rival Torino, 4 X 1, e escalou o patamar dos 75 pontos na classificação. Os seus torcedores, então, necessitaram desafiar praticamente cinco horas de expectativa até se encerrar o jogo Lazio 0 X 3 Milan, cujo resultado deixou a “Águia” da capital agora tristemente empacada no patamar dos 68.

Nasceu de uma honraria a única alteração que Maurizio Sarri, o treinador da Juve, perpetrou no time titular que habitualmente coloca em ação. Na meta, saiu Szczesny e entrou Gigi Buffon. O “mister” quis que, mesmo com o Allianz Stadium de portões fechados, o veteraníssimo de 42 anos estabelecesse, num “Derby”, o recorde absoluto de porfias disputadas por um profissional na Série A – a magia de 648. Até então, Gigi compartilhava a marca de 647 com Paolo Maldini, do Milan. E logo aos 3’ os seus companheiros o saudaram com o gol do 1 X 0, Paulo Dybala, que recebeu de Cuadrado na entrada da área, se livrou de Lyanco, um zagueiro sérvio-brasileiro revelado pelo São Paulo e, com um chute cruzado, insidioso, sobrepujou Sirigu, um ex-Juve.

A pressão da “Zebra” acuou o “Touro” e o segundo gol surgiu naturalmente, aos 19’, ironia, no primeiro contra-ataque “bianconero” da peleja. Cristiano Ronaldo partiu na linha divisória do gramado, galopou até a meia-lua e abriu a Cuadrado no flanco destro. O colombiano driblou o mesmo Lyanco, e fuzilou. Imperdoavelmente a Juve se acomodou na vantagem e o rival de cidade se assanhou. O castigo, aos 45’: De Ligt desviou de cotovelo um tiro de Verdi, um penal estranho que o VAR ajudou o árbitro Fabio Maresca a determinar. Alberto Belotti, o artilheiro da equipe “granata”, converteu, 1 X 2, um petardo sem a menor chance de qualquer intervenção de Buffon, o seu gol de número 13, o seu sétimo nesta "stagione" em tal tipo de cobrança.

Depois do intervalo, o “Touro” voltou ainda mais fogoso e bufante. A Juve, porém, é uma esquadra implacável, ou cínica, ao desfrutar qualquer escorregão de seus inimigos. Aos 61’, coube ao inglês-nigeriano Ola Aina cometer um toque de mão a três metros da entrada da sua área grande. Falta. Proeza do CR7, uma cobrança magistral, de curva, bem no encaixe do ângulo destro da meta de Sirigu, 3 X 1. Até as poltronas aplaudiriam se alma tivessem. Buffon não se poupou de atravessar o campo para abraçar o colega. Foi o gol de número 25 do lusitano, apenas quatro abaixo dos 29 de Ciro Immobile, da Lazio. A “Senhora” só lastimou, aos 70’, o cartão amarelo que o apitador levantou, por uma simulação boboca, ao dependurado Dybala. Suspenso, ele, "La Joya", não poderá enfrentar o Milan, em Milão, na terça-feira, dia 7.

Com os 3 X 1, restou à Juve a obrigação de se preservar de uma nova surpresa. Fascinou acompanhar os minutos derradeiros e, então, testemunhar a liderança de Buffon, aos gestos e aos gritos, na orientação do time. A liderança dele e da sua esquadra, coroada aos 87’ com o quarto gol, infortúnio contra do francês Djidji depois de um arremate de Douglas Costa. Com 4 X 1 na bagagem, a “Senhora” e seus rapazes aguardaram tranqüilos o prélio da Lazio. E a vice na classificação não disporia da sua dupla ofensiva, Suspensos, por excesso de advertências, Ciro Immobile, 29 tentos em 29 prélios, e o equatoriano Felipe Caicedo, 8 em 24. Ou, 37 do total de 66 tentos que o time inteiro da “Águia” já havia registrado neste campeonato, 56%.

Desprovido dos seus avantes de ofício, Immobile de fato imóvel, e de máscara no pescoço, nas tribunas, Simone Inzaghi, no comando da Lazio desde 2016, optou por um ataque, digamos, fingido, estruturado sobre o ibérico Luís Alberto e o argentino Joaquín Correa. Do outro lado, no banco do “Diavolo” da Lombardia, o atrapalhado Stefano Pioli, seguidamente sob o risco de demissão, apostou as suas fichas num bom retorno do sueco Ibrahimovic, que nesta temporada mais se lesionou e mais xingou os donos do clube do que praticou o bom Calcio. E o combate se desenrolou modorrento, irritante, até que, aos 23’, o turco Hakan Çalhanoglu especulou um tiro de 22m e a pelota, traiçoeira, resvalou no calcanhar de Parolo, Milan 1 X 0.

Absolutamente sem potência, sem inspiração, a “Águia” soçobrou. O mediador Gianpaolo Calvaresei anulou, com justeza, um gol de Ibra, impedido, aos 31’. Mas, aos 33, determinaria um penal, igualmente estranho, a bola num cotovelo de Radu, de costas. O sueco bateu, Strakosha, o arqueiro albanês da Lazio, pulou no lado certo e, incrível, a bola resvalou onde? - no seu cotovelo, e entrou, Milan 2 X 0. Desalento em Roma. Euforia em Turim. Pior, para a “Águia”, aos 59’ o croata Rebic realizou o seu nono gol na temporada em apenas onze pelejas, o “Diavolo” 3 X 0, impactantemente. Não pela vitória, mas pela folga no placar e pela apatia com que a Lazio aceitou o seu insucesso.

Milan nos 46 pontos e numa tensa disputa contra a Roma (48) e contra o Napoli (45) por uma das duas vagas da Itália na Europa League. E neste domingo a “Loba” vai à Terra da Pizza duelar diretamente com o “Burro”. Quanto à Lazio, na mesma terça de Milan X Juve fará uma visita perigosíssima ao calcanhar da Bota para pegar um Lecce que só tem 25 pontos mas ainda se empenha desesperado em assegurar a sua sobrevivência na Série A. Pior para a Lazio, a Internazionale, que soma 64 pontos, é a favorita, em seu Meazza, contra o Bologna, 38 e num momento de inconstância. Além de combater a Juve pelo “scudetto”, a “Águia” precisa se preocupar com o segundo posto.
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