Jogo basicamente ganho, e o Brasil conseguiu perder de Porto Rico
No Pré-Olímpico do Basquete para os Jogos de Tóquio, a seleção de José Neto até abriu 10 pontos de folga. Mas, sucumbiu às suas próprias tolices.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Em três cidades diferentes da Europa, Bourges na França, Ostende na Bélgica e Belgrado na Sérvia, 16 seleções de todo o planeta começaram a disputar, nesta quinta-feira, 6 de Fevereiro, no Torneio Pré-Olímpico de Basquete, 10 vagas aos Jogos do Tóquio/2020. Na verdade, o COB e a FIBA, a entidade que organiza o esporte da cesta, tinham previsto uma quarta cidade, Fushan, na China. Todavia, a crise provocada pelo Coronavírus obrigou a transferência ao Velho Continente, e Belgrado se propôs como opção.
No Grupo de Ostende se digladiam a anfitriã, o Canadá, o Japão e a Suécia. Em Bourges estão a nação hospedeira, a Austrália, o Brasil e Porto Rico. No Grupo A de Belgrado ficam a dona da casa, os Estados Unidos, Moçambique e a Nigéria. No B, a China, a Coréia do Sul, a Espanha e a Grã Bretanha. Haverá 12 equipes no certame do Basquete no evento de Tóquio. Como já se garantiram os EUA, os campeões da Copa do Mundo, e obviamente o Japão, apenas duas representações sairão das suas chaves. Nas outras, claro, se qualificarão três, circunstância que aumentaria bastante, no papel, a chance de o Brasil visar o seu passaporte. Pelo bingo da tabela lhe coube estrear contra o supostamente acessível Porto Rico. Supostamente acessível. O Brasil caiu por 91 X 89.
Ganhador da medalha de ouro nos recentes Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019, quando superou Porto Rico na fase de classificação, 64 X 58, e até venceu um elenco menos experiente dos EUA, 79 X 73, na final, o Brasil também sobrepujou a rival de agora, de maneira mais sossegada ainda, e em San Juan, a sua capital, 95 X 66 na disputa do bronze da Copa América realizada logo depois do Pan. Méritos de José Alves dos Santos Neto, paulista de Itapetininga, 19 de Março de 1971. Na época, o bem pouco celebrado Zé Neto, o eficiente treinador que ressuscitou o Basquete feminino do Brasil.
Desta vez, as meninas de Zé Neto chegaram a ostentar uma vantagem de 10 pontos nos meados do cotejo e, ao invés de ampliarem a sua folga, cometeram uma chusma de bobagens e aceitaram a reviravolta das adversárias que conduziram o placar a um desfecho dramático, 83 X 83 no tempo normal e a porfia levada à prorrogação de 5'. E as barbeiragens se sucederam, inclusive nas bandejas e nos rebotes debaixo do aro. Foi tão decepcionante a sua atuação no tempo suplementar que a estrela Damires, 26 pontos e 15 rebotes na partida, acabou excluída por uma infração ginasiana de ataque. Inacreditável. A meros 2” do encerramento, 90 X 89 em favor de Porto Rico, Débora desperdiçou dois pontos a um pé da cesta.
Pena, pois se trata de um Basquete que já exibiu artistas como Paula, Hortência, Janeth & Cia. Bela. Que chegou a campeão do mundo na Austrália em 1994. Que só perdeu o ouro na Olimpíada de Atlanta em 1996 para um elenco de super-profissionais dos EUA. Mas que não arrebatava um Pan desde Havana/1991, na jornada memorável que compeliu um certo Fidel Castro, no ritual da entrega das medalhas, a brincar no pódio com Hortência e Paula.
As damas só passaram a competir no Basquete Olímpico no evento de Montréal/1976, sem a presença do Brasil. Que ficou fora de Moscou/1980, de Los Angeles/1984 e de Seul/1988. Daí, participou de Barcelona/1992 (o 7º lugar) de Atlanta/1996 (prata), de Sydney/2000 (bronze), Atenas/2004 (4º), Pequim/2008 (11º), Londres/2012 (9º) e, desafortunadamente, adveio o seu esquecível fracasso no Rio/2016, uma chocante eliminação na fase de grupos. Só um milagre levará as meninas do Brasil a Tóquio/2020.
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