Entre Bayern, cinco títulos, e PSG, nenhum, fica a Liga dos Campeões
Neste domingo, dia 23 de Agosto, a definição da edição de número 65 da competição, a mais bizarra e insólita desde a sua inauguração em 1955
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Recupero uma expressão providencial do mestre Nélson Rodrigues (1912-1980) e asseguro, sem hesitar: é de um óbvio ululante que, numa decisão de Liga dos Campeões, não deva existir um favorito. De todo modo, ao menos no departamento das estatísticas, agora neste domingo, o dia 23 de Agosto de 2020, ao Estádio da Luz de Lisboa, em Portugal, os “Bávaros” do Bayern Muenchen, Alemanha, podem carregar uma certa vantagem sobre os “Parisiens”, os “Parisienses” do Paris St.-Germain, o PSG da França. Certa vantagem, fique claro, na competição. Na História, embora os tedescos se envaideçam de cinco títulos contra zero dos gauleses, em oito duelos são cinco os triunfos do PSG e três do Bayern, quase iguais nos tentos, 11 X 12.
Alojado na chave B da fase de grupos, o Bayern venceu os seus seis combates: Tottenham da Inglaterra 3 X 1 e 7 X 2, Olympiacos da Grécia 2 X 0 e 3 X 2, e mais Estrela Vermelha da Sérvia 3 X 0 e 6 X 0. Daí, ganhou os dois da etapa das oitavas, 3 X 0 e 4 X 1 no Chelsea da Inglaterra. Nas quartas, estraçalhou o Barcelona da Espanha por 8 X 2. E nas semis suplantou o Lyon da França por 3 X 0. Um ataque esfuziante, capaz de realizar 42 tentos; uma defesa consistente, que sofreu somente 8. Robert Lewandowski, o seu principal bombardeiro, anotou 15 tentos em apenas nove pugnas. Na temporada, já acumulou 55 em 44 jogos. Médias de fato impactantes, de 1,67 e de 1,25.
Na chave A, mesmo sem percorrer a trajetória perfeita, o PSG conseguiu ficar à frente do Real Madrid da Espanha. Com cinco vitórias e um empate, somou 16 pontos diante dos 11 dos “Merengues”. Os seus resultados: 3 X 0 e 2 X 2 com o Real, 5 X 0 e 1 X 0 no Galatasaray da Turquia, 1 X 0 e 5 X 0 no Club Brugge da Bélgica. Daí, nas oitavas, ocorreu a única derrota, 1 X 2 em Dortmund, Alemanha, contra o Burussia. Salvou-se ao fazer 2 X 0 em casa. Nas quartas, perdia da Atalanta da Itália, 0 X 1, até os 90’ da partida, quando revirou o placar em 180 segundos, 2 X 1. Então, nas semis, passou tranquilo pelo R. B. Leipzig, 3 X 0. Como o Bayern, ostenta uma relação ótima entre o seu ataque e a sua defesa, 25 X 5. E já registrou 77 tentos em 22 cotejos de 2020, com a média excelente de 3,50. Promessa de estilos abertos dia 23.
Os dois adversários têm treinador nascido na Alemanha. Hans-Dieter Flick, dos “Bávaros”, 55 anos completados em 24 de Fevereiro, provém de Heidelberg e se destacou como meia do Bayern. Era sub de Nico Kovac, que caiu em Novembro de 2019 quando o Eintracht Frankfurt lhe cravou uma tunda de 5 X 1. A princípio interino, Flick alinhavou uma série invicta de 19 porfias e mereceu um contrato até 2023. Prestes a festejar 47 anos no próximo dia 29 de Agosto, Thomas Tuchel nasceu em Krumbach, foi um zagueiro sem cintura e, no banco, fez carreira no Mainz, no Borussia, e assumiu o PSG em Maio de 2018. Seu contrato vai até Junho de 2021. Vai, no papel. Pois depende do humor de Nasser bin Ghanim Al-Khelaifi, um tenista bilionário do petróleo do Catar, que comprou o PSG em 2011.
Entidade-mãe do Futebol no Velho Continente, em 1955 a UEFA decidiu criar uma competição interclubes, hoje na sua edição 65, a 28ª desde que, em 1992/1993, mudou o seu nome de Champions Cup para Champions League, ou Liga dos Campeões. Absolutamente nenhuma das suas versões, no passado, porém, se mostrou tão insólita e tão bizarra como a de agora. Inaugurada em 25 de Junho de 2019 com 79 clubes de 54 afiliadas da UEFA, suspendeu as suas atividades em 11 de Março, no pico da pandemia Covid-19, bem no meio das oitavas de final, para retornar em 7 de Agosto, com quatro jogos atrasados, ainda nos campos dos mandantes mas já sem platéia.
A partir do dia 12, o ineditismo se acentuou nas quartas: desde então, todos os duelos aconteceram em Lisboa. Até a decisão, já houve 118 partidas com 385 tentos, a média de 3,26. Antes da parada, 4.758.398 espectadores tinham visto as 106 pugnas, digamos, da normalidade, a média de 44.059, um volume que, nestes idos de uma praga que matou milhões, evidentemente, convenhamos, já não faz o menor sentido. Atrás da Espanha (18 títulos e 11 vices), da Inglaterra (13 e 9) e da Itália (12 e 16), a Alemanha, 7 e 10, ocupa o quarto posto dos melhores da LC. Além de levantar o troféu cinco vezes, o Bayern foi vice em outras cinco. A França só levou a taça em 1993 com o Marselha. Na sua melhor performance, em 1994/1995, o PSG caiu, numa das semis, 0 X 1 e 0 X 2 para o Milan da Itália, enfim o vice do Ajax da Holanda.
PSG (Fra) X BAYERN (Ale)
Estádio da Luz, do Benfica de Lisboa
Árbitro: Daniele Orsato (Ita)
Assistentes: Lorenzo Manganelli e Alessandro Giallatini (Ita)
Quarto árbitro: Ovidiu Hategan (Rom)
VAR: Massimiliano Irrati (Ita)
Assistente de VAR: Marco Guida (Ita)
Impedimento: Roberto Diaz Pérez del Palomar (Esp)
Apoio: Alejandro Hernández Hernández (Esp)
Paris Saint-Germain FC
Apelido: “Les Parisiens”, ou “Os Parisienses”
Cidade de origem: Paris
Fundação: 1970
Ranking UEFA, já atualizado: 7 (como antes)
Melhor colocação anterior: semifinal 1994/95
Em 2018/2019: oitavas de final
Nesta edição: 8vit/1emp/1der – 25gp X 5gc
Treinador: Thomas Tuchel (Ale)
Artilheiros: Mauro Icardi (Ita) e Kilyan Mbappé (Fra), 5 tentos
FC Bayern Muenchen
Apelido: “Die Bayern”, ou “Os Bávaros”
Munique
Fundação: 1900
Ranking UEFA. já aualizado: 2 (era 4)
Melhor Colocação: 5 títulos (mais recente em 2013)
Em 2018/2019: quartas de final
Nesta edição: 10vit/0emp/0der – 42gp X 8gc
Treinador: Hans-Dieter Flick
Artilheiro: Robert Lewandowski (Pol), 15 tentos
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