Dois ingleses e dois espanhóis nas semifinais da Champions League

Até os 102’ do cotejo desta quarta-feira, dia 13 de Abril, entre Atlético de Madrid e Manchester City, no Wanda Metropolitano da capital da Espanha, prevalecia a curiosa probabilidade de que uma das semifinais da Champions League da UEFA, temporada de 2021/2022, anteporia os dois grandes clubes da cidade. Na tabela da competição, montada com antecedência, surgiam como adversários o Real Madrid e quem vencesse o duelo de “Colchoneros” e “Citizens”. Os britânicos, vitoriosos em casa por 1 X 0, em acréscimos que pareceram intermináveis, seguraram o 0 X 0, dramaticamente, e se qualificaram.

A outra das semifinais oferecerá um desafio inusitado e, na teoria e no papel, absolutamente unilateral. O desafio entre o Villarreal, uma única aparição em tal fase da ChL, eliminado pelo Arsenal de Londres, 0 X 0 em sua casa e 0 X 1 em viagem, e o poderoso Liverpool de seis títulos, o último em 2018/2019. Do seu jogo de ida em Portugal, contra o Benfica, 3 X 1, os “Reds” da Terra dos Beatles carregavam um resultado suficientemente confortável. Sofreram em seu campo, 3 X 3, mas sobreviveram. Um duo da Inglaterra e outro da Espanha nas semis. Será o favorito o Liverpool contra o Villarreal? Lembro que o “Submarino Amarelo”, antes de despedir o Bayern, já tinha despachado a Juventus graças a uma igualdade de 1 X 1 no seu estádio e a uma sapecada de 3 X 0 em Turim.

Eis as fichas e as sínteses dos jogos desta quarta-feira:

ATLÉTICO DE MADRID (Esp) 0 X 0 MANCHESTER CITY (Ing)

Madrid, Wanda Metropolitano, 68.456 lugares

Público: 65.675

Árbitro: Daniel Siebert (Alemanha)

Na ida, em Manchester, Manchester City 1 X 0

Agregado: Manchester City, 1 X 0

Agora: 2jog = 0Atl-1emp-1Man (gols 0 X 1)

Um combate equilibradíssimo entre a postura um tanto confusa dos “Colchoneros” de Diego Simeone, obrigados a galopar atrás de um triunfo, e a sólida esperteza tática dos “Citizens” de Pep Guardiola, controlados na defesa e sempre perigosos nos seus contra-ataques em velocidade. E o ramerrão do cotejo não se alterou no segundo tempo, o Atleti desengonçado na busca do gol, e o Manchester cautelosíssimo na tentativa de evitá-lo.

Enquanto Simeone se descabelava, o Pep se esgoelou nos últimos instantes a exigir bastante calma e muita atenção dos seus pupilos. E seriam doze os minutos que o árbitro Siebert determinou para os acréscimos. No desespero, o zagueiro Felipe, ex-Corinthians, acertou Phil Foden pelas costas e acabou expulso. E caberia a um outro brasileiro, Éderson, reserva de arqueiro na seleção de Tite, a missão gloriosa de salvar a sua meta em duas ocasiões e de assegurar que o Manchester City complementasse o duo da Inglaterra nas semis. Um detalhe: comovedora, empolgante, a homenagem da platéia do Wanda que aplaudiu os rapazes do seu Atleti e Simeone por cerca de vinte minutos após a pugna.

LIVERPOOL (Ing) 3 X 3 BENFICA (Por)

Liverpool, Anfield Road, 53.394 lugares

Público: 51.373

Átbitro: Serdar Gozubuyuk (Neerlândia, ex-Holanda)

Gols: Konaté, Firmino/2 X Gonçalo Ramos, Yaremchuk, Nuñez

Na ida, em Lisboa, Liverpool 3 X 1

Agregado: Liverpool 6 X 4

Retrospecto: 12jog = 7Liv-1emp-4Ben (gols 25 X 15)

Com dignidade e com sobranceria, a “Águia” de Lisboa não se intimidou nem um só pingo diante da pressão da impetuosa torcida dos “Reds”, que obviamente entoou em uníssono o seu “You’ll never Walk Alone”. O Liverpool fez 1 X 0 aos 21’, quando Tsimikas cobrou um escanteio justinho para a testada de Konaté. Mas o Benfica depressa reagiu, aos 32, num arremate de 20 metros de Gonçalo Ramos, 1 X 1. Durante o intervalo, Nélson Veríssimo, o treinador dos lusitanos, teria mais trabalho na arrumação dos seus avantes do que Juergen Klopp, “mister” dos ingleses, na consolidação da sua zaga. O Liverpool até mesmo poderia perder a partida com um gol de desvantagem que ainda assim se promoveria.

Ao contrário, registrou 2 X 1, aos 59’, numa sucessão de vários lances estapafúrdios. Uma espalmada grotesca do seu arqueiro, o grego Vlachodimos, a bola que sobra para Diogo Jota, e Diogo Jota que escorrega e, mesmo assim, consegue cruzar, e a retaguarda da “Águia” que espera por um impedimento que não houve, e Roberto Firmino que se infiltra e bate o perplexo helênico de prenome Odisseas. De fato, a odisséia de Vlachodimos comprometeria o Benfica. Aos 65’, ocorreu uma outra barbeiragem dos “Encarnados” que atuaram de alvinegro: a cobrança de uma infração por Tsimikas, bola por trás da bequeira em linha dos lusitanos, de novo Firmino que se infiltra e bate, de chapa, Liverpool 3 X 1.

Imperdoavelmente, os ingleses relaxaram a sua guarda impecável e, aos 73’, permitiram que o ucraniano Yaremchuk se imiscuísse em sua zaga petulante, paradona, a sonhar com um impedimento. O VAR confirmou a validade da posição e o Benfica encostou, 2 X 3. Faltariam tempo e elenco para que a “Águia” perpetrasse mais três tentos e daí levasse a porfia à prorrogação. Darwin Nuñez ainda faria 3 X 3 aos 82’, e numa situação de VAR, a posição irregular de João Mário, na origem da jogada, que o apitador Gozubuyuk ignorou.

Jogos da terça-feira, dia 13:

REAL MADRID (Esp) 2 X 3 CHELSEA

Madrid, Santiago Bernabéu, 81.044 lugares

Público: 59.839

Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia)

Gols: Rodrygo, Benzema X Mount, Rudiger, Werner

Na ida, em Londres, Real Madrid 3 X 1

No agregado: Real Madrid 5 X 4

Agora: 7jog = 1Rea-2emp-4Che (gols 8 X 11)

BAYERN (Ale) 1 X 1 VILLARREAL (Esp)

Munique, Allianz Arena, 70.000 lugares

Público: 70.000

Árbitro: Slavko Vincic (Eslovênia)

Gols: Lewandowski X Chukwueze

Na ida, em Villarreal, Villarreal 1 X 0

No agregado: Villarreal 2 X 1

Agora: 4jog = 2Bay-0emp-2Vil (gols 5 X 3)

Semifinais em 26/27 de Abril e 3/4 de Maio

LIVERPOOL X VILLARREAL

REAL MADRID X MANCHESTER CITY

Idealizada em 1955, então como a Champions Cup, em 1993 a competição trocou de nome, se amplificou e se tornou Champions League, ou a ChL, ou a Liga dos Campeões. Agora na 67ª edição desde que nasceu, na 30ª desde que se multiplicou, esta ChL começou em 22 de Junho de 2021 com 80 equipes de 54 das 55 federações da UEFA. A exceção: Liechtenstein, cujas sete agremiações atuam em certames da Suíça. Na atual formatação a ChL privilegiou as 26 de ranking superior enquanto as outras 54 se digladiavam em mata-matas até que restassem apenas seis. Um sorteio dividiu as 32 em oito chaves de quatro. Sobreviveram os campeões e os vices respectivos de cada Grupo, que daí disputaram as oitavas de final que redundariam nestas quartas. Da etapa de chaves até aqui houve 120 cotejos com 361 gols, a boa média de 3,01, e com 4.138.371 espectadores, a média de 34.486. A decisão, em jogo único, está programada para 28 de Maio, um sábado, no Stade de France, em Paris.

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