Uma goleada inesperadíssima e um combate de desfecho dramático, apenas decidido na prorrogação. Depois dos cotejos espetaculares do sábado, seria lógico esperar que, neste domingo, dia 27 de Junho de 2021, transcorressem perto na normalidade, bem mais cautela do que aventura, duas outras pelejas das oitavas de final da Euro2020. Mas houve emoções suficientes para enriquecer a competição. Embora meramente uma das seleções repescadas entre as terceiras colocadas na fase de grupos, a República Tcheca soube suplantar a tola petulância da Neerlândia, 2 X 0. E, diante de um Portugal ultra-carente do brilho de Cristiano Ronaldo, à Bélgica, líder do ranking mundial, bastou fazer 1 X 0.
Seguem as fichas e as sínteses das duas partidas
NEERLÂNDIA 0 X 2 REPÚBLICA TCHECA
Budapest, Hungria, Puskàs Arena
Público: 52.834 presentes/60.493 ingressos à venda
Árbitro: Sergei Karasev (Rússia)
Gols: Holes, Schick
Numa Puskàs lindamente repleta, quase perfeitamente dividida entre o laranja da Neerlândia e o magenta da República Tcheca, atletas das duas seleções correram o suficiente para agradecer à UEFA pela possibilidade, aos 23’, da chamada pausa para a reidratação. Temperatura de 31 graus numa peleja em alta velocidade, na qual só faltava o gol que coroasse o encantamento da jornada. E o tento não saiu, no primeiro tempo, apesar das chances, uma boa de cada elenco, construídas antes do intervalo.
Na etapa seguinte, depressa, tudo se modificou. Logo aos 51’, mistura de inexperiência com pedantismo, Donyell Malen, da Neerlâandia, recebeu um passe primoroso de Memphis Depay e desperdiçou o 1 X 0 ao tentar o drible absurdo em Tomás Vaclik quando lhe bastava colocar a bola, por cima do arqueiro, na meta vazia. Vaclik, em profundidade, armou o contra-ataque ao seu artilheiro Patrick Schick e, ao tentar impedir a investida, na entrada da sua área, o becão De Ligt puxou a pelota com a mão. Karasev nem necessitaria recorrer ao VAR para decretar a expulsão de De Ligt, a Neerlândia com dez homens.
Depois de algum tempo de perplexidade pela inesperada vantagem numérica, a República Tcheca se assentou na pugna e passou a desfrutar a folga. Receberia seu prêmio aos 66’, num corner batido por Barák. A bola voou até o lado oposto da área pequena, o arqueiro Stekelenburg só olhou, Kálas testou na direção do outro poste e o volante Tomás Holes escorou de cocuruto, 1 X 0. E a Neerlândia mais se estilhaçaria aos 80 quando Holes salvou uma bola quase perdida na lateral canhota e entregou a Schick, que arrematou no cantinho de Stekelenburg, 2 X 0, seu quarto gol nesta Euro. Finita a favorita ex-“Laranja Mecânica”. E sobra uma insólita pugna de quartas de final entre a Dinamarca e a República Tcheca.
BÉLGICA 1 X 0 PORTUGAL
Sevilha, Espanha, Estadio La Cartuja
Público: 11.504 presentes/15.000 ingressos à venda
Árbitro: Felix Brych (Alemanha)
Gol: Thorgan Hazard
Ficou ululantemente ostensivo todo o clima de tensão, de nervosismo, que envolveu o combate, nas duas primeiras oportunidades de arremate. Aos 6’, depois de receber um passe delicioso de Renato Sanches, dois metros dentro da área da rival, Diogo Jota chutou longe a chance do 1 X 0 em favor das “Cinco Quinas”. Aos 10, depois de receber um passe delicioso de Lukaku, quase na linha de entrada da área do inimigo, Eden Hazard enviou ao distante Mar Mediterrâneo a possibilidade do 1 X 0 em favor dos “Diables Rouges”.
Crucialmente ansioso, dividido entre os seus recordes e a imperiosidade de ganhar o jogo, Cristiano Ronaldo nada apareceu além da cobrança de uma falta, aos 25’, quando exigiu uma intervenção admirável de Thibaut Courtois. A defesa que Rui Patrício não conseguiu fazer, aos 42’, no foguete fenomenal que Thorgan Hazard, o irmão caçula de Eden, lançou de 22 metros. Impressionante o efeito da pelota no seu vôo. E Rui Patrício quase desviou com as pontinhas dos dedos da sua mão esquerda. Pulou à frente a Bélgica, 1 X 0.
No intervalo, caberia a Fernando Santos, o treinador das “Quinas”, rearmar o seu time, tática e psicologicamente. E caberia a Roberto Martínez, o congênere dos “Rouges”, controlar os seus pupilos e segurar o resultado. Portugal ajudou, mais do que atrapalhou. Enquanto o CR7, sem a compostura de um capitão, marchava rumo ao banco de reservas para reclamar dos colegas, Diogo Jota exagerava na falta de pontaria e Renato Sanches se empenhava por vários dos seus companheiros de meio de campo, a Bélgica especulava nas contra-ofensivas. Ironia: nem parecia que o tanque Lukaku estava naquele gramado.
Portugal acordou tarde. Aos 82’ Courtois, magicamente, evitou o empate numa testada à queima-roupa de Rúben Dias. Aos 83 o ala Raphael Guerreiro fuzilou um poste. Aos 88 o arqueiro impediu com o corpo um arremate de André Silva. Mais cinco minutos de acréscimos. Inúteis acréscimos para o jogo mais sofrível, mais medíocre, das oitavas até então. E no entanto um jogo eletrizante até os instantes derradeiros. Despediu-se da Euro2020 o dono do troféu desde a Euro2016. No dia 2 de Julho, sexta-feira, em Munique, Alemanha, os “Rouges” se defrontarão contra os “Azzurri” da Itália.
Seguem os combates que restam nestas oitavas:
Dia 28
CROÁCIA X ESPANHA
Copenhague, Dinamarca, Parken Stadium
Público: 16.000 ingressos à venda
Árbitro: Cuneyt Çaqir (Turquia)
FRANÇA X SUÍÇA
Bucarest, Romênia, Arena Nationalà
Público: 13.908 ingressos à venda
Árbitro: Fernando Rapallini (Argentina)
Dia 29
INGLATERRA X ALEMANHA
Londres, Inglaterra, Wembley Stadium
Público: 21.750 ingressos à venda
Árbitro: Danny Makkelie (Neerlândia)
SUÉCIA X UCRÂNIA
Glasgow, Escócia, Hampdem Park
Público: 14.000 ingressos à venda
Árbitro: Daniele Orsato (Itália)
Combates já realizados nestas oitavas:
GALES 0 X 4 DINAMARCA
Amsterdam, Neerlândia, Johan Cruijff
Público: 14.647 presentes/24.495 ingressos à venda
Árbitro: Daniel Siebert (Alemanha)
Gols: Dolberg/2, Maehle, Braithwaite
ITÁLIA 2 X 1 ÁUSTRIA
Londres, Inglaterra, Wembley Stadium
Público: 18.910/21.750 ingressos à venda
Árbitro: Anthony Taylor (Inglaterra)
Gols: Chiesa, Pessina X Kalajdcic
Como fica, de agora em diante, a competição:
QUARTAS DE FINAL
Dia 2 de Julho
FRANÇA/SUÍÇA X CROÁCIA/ESPANHA
São Petersburgo, Rússia, Krestovsky Stadium
BÉLGICA X ITÁLIA
Munique, Alemanha, Allianz Arena
Dia 3 de Julho
REPÚBLICA TCHECA X DINAMARCA
Baku, Azerbaidjão, Olimpiya Stadionu
SUÉCIA/UCRÂNIA X INGLATERRA/ALEMANHA
Roma, Itália, Stadio Olìmpico
SEMIFINAIS
Dia 6 de Julho
BEL/ITA X FRA/SUÍ/CRO/ESP
Londres, Inglaterra, Wembley Stadium
Dia 7 de Julho
TCH/DIN X SUÉ/UCR/ING/ALE
Londres, Inglaterra, Wembley Stadium
FINAL
Dia 11 de Julho
Londres, Inglaterra, Wembley Stadium
Determinada a festejar condignamente os 60 anos da sua preciosa competição inter-seleções, a UEFA, a entidade que administra o Futebol no Velho Continente, projetou para 2020 uma Eurocopa absolutamente fora do habitual. À parte as eliminatórias de praxe, obviamente espalhadas, não mais a competição de fato em um único país-sede, no máximo em duas nações, como já sucedeu em três datas: 2000 na Bélgica e na então Holanda, hoje Neerlândia; em 2008 na Áustria e na Suíça; enfim, em 2012, na Polônia e na Ucrânia.
Esta seria a Eurocopa da Europa inteirinha.
A idéia de tal Copa surgiu em 1960, planejada como uma batalha quadrienal. E a então União Soviética arrebatou a sua primeira taça. Esta edição, a sua 16ª, carinhosamente apelidada de Euro2020, se inaugurou em 21 de Março de 2019, com todas as 55 afiliadas da UEFA. Na sua fase de eliminatórias, dividiu as 55 equipes em dez chaves, cinco de cinco e cinco de seis, e classificou vinte, as campeãs e as vices. Das outras 35, se descartaram as dezenove pior cotadas de acordo com um ranking elaborado a partir da Liga das Nações, outra copa da UEFA. As poupadas se bateram em mata-matas até sobreviverem quatro.
Enfim, 24 seleções, de novo ranqueadas e daí divididas, em quatro potes de seis, para a realização de um sorteio. Haveria seis grupos de quatro. Peculiaridade inédita da celebração dos sessenta anos: cada um dos seis grupos se alojaria em duas cidades diferentes, desde Glasgow, na Escócia, até Baku, no Azerbaidjão. A Covid-19, todavia, atrasou o folguedo. A competição apenas ressuscitaria no dia 11 de Junho de 2021. Questão de justiça, a Euro pôde manter o 2020 como sobrenome. E enfim definidas, em cada um dos grupos, a sua campeã e a sua vice, para se completarem as dezesseis seleções das oitavas de final também se promoveram as quatro melhores das terceiras.
Seus confrontos, previamente designados de acordo com as respectivas colocações nas chaves, transcorrerão até o dia 30 de Junho e ainda viajarão por Bucarest, Glasgow, Copenhague e Londres, outra vez. Em 3 e 4 de Julho, São Petersburgo, Munique, Baku e Roma alojarão as quartas de final. As semis e a final se realizarão em Wembley, Londres, Inglaterra, nos dias 7, 8 e 12. No global desta Euro2020, acumuladas as eliminatórias e as chaves, já houve um total de 302 jogos e 930 gols, média de 3,08. Apesar de toda a complicação que a Covid-19 instaurou, 5.972.208 pessoas, protegidas por protocolos de segurança, desfrutaram o prazer de comparecer aos estádios, a média de 19.775.
Artilheiros:
5 gols – Cristiano Ronaldo (Portugal)
4 gols – Patrick Schick (República Tcheca)
3 gols – Romelu Lukaku (Bélgica), Emil Forsberg (Suécia), Gorginio Wynaldum (Neerlândia) e Robert Lewandowski (Polônia)
Árbitros que mais apitaram:
3 jogos – Antonio Mateu Lahoz (Espanha), Daniel Siebert (Alemanha), Anthony Taylor (Inglaterra), Sergei Karasev (Rússia), Felix Brich (Alemanha)
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