Corinthians: não testar para covid é desrespeito com atletas e mortos
Em poucas ocasiões o 'quem não deve não teme' se encaixou tão bem. E alegar erro do Palmeiras ao não confinar para cometer outro é inaceitável
R7 Só Esportes|Eduardo Marini, do R7

O Corinthians se recusa a realizar exames da covid-19 em seu elenco antes das partidas finais do Paulista, marcadas para 21h30 de quarta-feira (5), na Arena Itaquera, e 16h30 do sábado (8), no Allianz Parque.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (3) pelo mandatário do clube, Andrés Sanchez, em reunião com os presidentes do Palmeiras, Maurício Galiotte, e da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos.
Sanchez argumenta que, conforme determinou o protocolo, todos os jogadores do Corinthians estão concentrados no CT Joaquim Grava desde o início dos trabalhos para retornar à competição, ao contrário dos atletas palmeirense, liberados após as partidas.
O presidente do Corinthians alega que como elenco, comissão técnica e funcionários estão confinados desde que a primeira bateria de exames foi feita, e as quarentenas realizadas nos casos positivos, não haveria necessidade de testar novamente o grupo.
“Conforme protocolo elaborado pela Federação Paulista de Futebol e seu comitê médico, aprovado e exigido pelo Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e prefeituras de todas as cidades dos clubes participantes, o Corinthians cumpriu o confinamento de seus atletas e da comissão técnica, seguindo à risca o acordo, diferentemente da Sociedade Esportiva Palmeiras, que descumpriu e liberou seus atletas depois de cada partida, o que nunca foi permitido”, detalharam os dirigentes corintianos em um comunicado divulgado logo após a reunião desta segunda-feira (3).
“Não aceitamos que o ônus da irresponsabilidade seja transferido para quem cumpriu todos esses requisitos”, acrescentaram. O clube afirma ainda ter feito outras baterias de exames nas duas últimas semanas.
Internamente, Sanchez e seus parceiros lembram também, na tentativa de reforçar a defesa das medidas, dos erros cometidos pelo Hospital Albert Einstein na testagem de 26 atletas e integrantes da comissão técnica do Bragantino para um jogo do Paulista.
Essa decisão do Corinthians é uma violência e um desrespeito, grotescos e reais, aos seus próprios jogadores, aos do Palmeiras e a todos os profissionais envolvidos nos jogos. E, morais e simbólicos, a todos os 94.130 mortos pela covid-19 no Brasil até a tarde dessa segunda-feira (3) e a seus familiares. E ainda aos outros que infelizmente virão.
Por vários motivos, todos claros como a lua branca.
Primeiro: adotando-se a hipótese de que o Palmeiras tenha errado ao não confinar seus atletas, como determina o protocolo, não se pode e tampouco é aceitável, em qualquer hipótese, usar o erro alheio como desculpa e colchão de conforto para se cometer outro equívoco. Ninguém deixa de ser criminoso por cometer “apenas” nove crimes enquanto o vizinho tem dez nas costas.
Segundo: ainda acatando a hipótese de erro palmeirense, a liberação permitiu, como efeito positivo, repetidas testagens desses jogadores em clínicas e hospitais.
Terceiro: os erros nos exames dos atletas e profissionais do Bragantino foram um incidente – mas todos os 26 testaram negativo na contraprova. Presente redimindo o passado.
Quarto: o protocolo da FPF não detalha a exigência de testes antes da finais, mas também, em nenhum momento, confere explicitamente ao Corinthians ou a qualquer outro clube o direito de recusar uma convocação para exames a qualquer momento do campeonato.
Quinto e, por fim: em pouquíssimas oportunidades no país, nas últimas semanas, meses ou até anos, o popular e singelo “quem não deve não teme” encaixou-se em um caso com tamanha perfeição.
Não devem? Por que temer?
Está tudo certo, negativo, moralizado? Por que não testar?
Ou, se perguntar não ofende, por acaso descobriram gente no positivo por aí nas últimas horas?
Afinal de contas, se de fato o Corinthians fez outras baterias de testes, e elas deram negativo, os exames da FPF na terça e sexta-feira serão belíssimas oportunidades para exibir esse sucesso total, não é mesmo?
É uma final num momento histórico de comoção e cuidados no Brasil e do mundo.
Com efeito.
O Palmeiras foi contra a decisão do Corinthians. Está certo.
O Palmeiras não confinou seus jogadores. Está errado.
A FPF vai organizar uma rodada de entendimentos entre os departamentos médicos dos dois clubes e deixará a decisão final a cargo do médico da federação, Moisés Cohen.
O caminho a ser tomado pela Federação neste momento é incentivar o acordo entre os finalistas e apoiar Cohen para que o Corinthians se convença do óbvio.
É preciso dizer o que é o óbvio neste caso?
Autorize os testes, Corinthians.
Tem um ditado muito conhecido que é assim, ó: quem não deve...
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