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Cosme Rímoli - Blogs

SBT, Ceni fora, salário baixo, 'sim' das organizadas, Dorival Junior. Os motivos do São Paulo apostar na terceira volta de Pato

O veterano atacante, de 33 anos, já tem acertado seu contrato de produtividade até dezembro. Mas não é a empolgação que domina o Morumbi. Mas a acomodação. É uma aposta, sem grandes expectativas

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

A terceira passagem de Alexandre Pato pelo São Paulo é muito mais acomodação do que empolgação
A terceira passagem de Alexandre Pato pelo São Paulo é muito mais acomodação do que empolgação

São Paulo, Brasil

Se Rogério Ceni continuasse, Pato não teria sido contratado.

Se não fosse casado com Rebeca Abravanel, filha de Silvio Santos, e ela quisesse seguir morando em São Paulo, não teria contrato.

Se Julio Casares não fosse o presidente, não haveria contrato.


Se não aceitasse um salário baixíssimo, de produtividade (para os seus padrões), não haveria contrato.

Se não tivesse a bênção das organizadas, não teria sido contratado.


Se não fosse Dorival Júnior o técnico, não haveria contrato.

Ou seja, vários fatores se juntaram para a terceira passagem de Alexandre Pato pelo Morumbi.


O seu retorno não é marcado por expectativa, longe disso.

Na verdade, desconfiança.

O atacante fará 34 anos em quatro meses. A última vez que mostrou desempenho aceitável foi na China, no Tianjin Tianhai. Desde então, foi muito mal no próprio São Paulo e no Orlando City, equipe dos Estados Unidos.

Desde que chegou ao Reffis do São Paulo, em fevereiro, para se recuperar de uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito, Rogério Ceni havia avisado a direção do clube que não estava interessado em Alexandre Pato.

Não há nenhuma inimizade entre eles. Mas o treinador sabia que Pato é um atleta muito irritadiço quando fica na reserva. E as prioridades de Ceni eram Calleri, Luciano e Erison, como homem de definição.

Alexandre Pato teve uma péssima passagem pelo Orlando City. Futebol decepcionante
Alexandre Pato teve uma péssima passagem pelo Orlando City. Futebol decepcionante

Ele tinha certeza de que Pato não conseguiria mais ter outra função, como atuar pelo lado direito do campo, aberto. Perdeu velocidade com o passar dos anos, com as contusões.

Rebeca Abravanel viveu com o marido nos Estados Unidos. Mas estar em São Paulo facilita sua ligação com o SBT, canal de televisão do pai, que já tem 92 anos. No final de carreira, Pato conciliou o desejo de voltar ao clube do Morumbi com o trabalho da esposa. 

Alexandre Pato saiu muito mal do São Paulo, em 2020. Última opção na reserva do time comandado por Fernando Diniz. O então presidente Leco estava profundamente arrependido por ter contratado o atacante.

Muitos conselheiros e pessoas importantes da direção do clube não se empolgam com uma terceira passagem do jogador.

A escolha foi pessoal, de Julio Casares.

Ele decidiu apostar em Pato. Disse a companheiros de diretoria que o investimento é muito baixo. É como o Santos fez com Lucas Lima. Contrato de produtividade, contando minutos em campo.

O contrato que a direção atual deixou vazar é que ele receberá R$ 200 mil até dezembro. Foi repassado aos jornalistas de maneira a dar dupla interpretação.

Muitos interpretaram que ele receberia R$ 28 mil mensais. 

Mas, no São Paulo, conselheiros ligados a Casares garantem ser R$ 200 mil mensais, o que é muito mais lógico. 

Ele recebia, em 2020, R$ 700 mil mensais.

As organizadas há três anos estavam revoltadas com o fraco desempenho do atacante. Mas, agora, as principais, principalmente a Independente, não ficaram contra. Também não se empolgaram. Apenas aceitaram como uma "aposta barata", como chegou até as lideranças.

Se houvesse resistência das organizadas, Casares não compraria a briga.

E o último fator preponderante é Dorival Júnior.

O treinador sempre viu grande potencial em Alexandre Pato. E acredita que, se estiver bem fisicamente, será muito útil durante a temporada.

Calleri e Erison são jogadores de muito físico e técnica limitada.

Já Pato, não.

Ele tem habilidade, talento.

O que faltava em 2020 era empolgação.

Milionário, Fernando Diniz não se conformava com a falta de gana, de luta, de competitividade do jogador. Ambos se desentenderam, e a convivência ficou insuportável. Daí a rescisão.

Silvio Santos é sogro de Alexandre Pato. A esposa, Rebeca, trabalha na sede do SBT, em São Paulo
Silvio Santos é sogro de Alexandre Pato. A esposa, Rebeca, trabalha na sede do SBT, em São Paulo

Dorival Júnior é muito mais tranquilo e conciliador do que Diniz.

Mas vê o atleta como uma opção, não como titular.

A incerteza domina a cúpula do futebol do São Paulo.

Ninguém sabe como o atacante estará em campo.

Muito pelo contrário, até.

As dúvidas são muitas.

Inclusive do próprio jogador, se conseguirá render.

Se deseja seguir com a carreira.

Mas, na apresentação, as declarações de amor são esperadas.

Só que, no fundo, a situação é evidente.

O retorno de Alexandre Pato ao São Paulo não empolga ninguém.

É mais uma questão de comodidade de todos os envolvidos...

Veja as conversas entre jogadores e criminosos envolvidos no escândalo das apostas no futebol

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