Palmeiras não foi Palmeiras. Falta de intensidade, lentidão, vibração. Empate burocrático diante do fraco Atlético Goianiense
O Palmeiras continua disparado na liderança, mas o empate em Goiânia mostrou uma equipe menos aguerrida e objetiva. Não há comparação entre os elencos. 1 a 1 justo pela postura burocrática do time de Abel Ferreira
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Cansaço, desatenção, falta de intensidade na marcação e um toque de lentidão.
O Palmeiras não foi o Palmeiras em Goiás.
E faciltou a missão do Atlético Goianiense, que precisava desesperadamente pontuar, para continuar sua luta para se livrar do rebaixamento. E nada melhor do que empatar com o líder disparado, e virtual campeão do Brasileiro.
O empate em 1 a 1, foi comemorado como vitória pelo time do Planalto Central. Serviu como uma lição para o time de Abel Ferreira.
Embora ainda faltem sete partidas para o campeonato acabar e a vantagem enorme de dez pontos em relação ao Internacional, a equipe precisa entrar mais aguerrida, mais concentrada. Porque o calor, o tempo abafado de Goiânia, não serve como desculpa para empatar com uma equipe muito abaixo tecnicamente. O Brasileiro ainda não foi conquistado.
'Claro que a gente não queria o empate, mas no decorrer do jogo sofremos o gol e suportamos. Pudemos somar, manter os dez pontos na frente e é manter o trabalho para continuar vencendo. A gente está pensando jogo a jogo, não tem essa de atrapalhar (a conquista do Brasileiro). "Somamos um ponto e vamos forte nessa briga", resumia, irritado, Murilo.
"Claro (que o empate teve gosto de vitória), jogando contra o líder, sabemos que seria difícil, é um empate para ser valorizado que aumenta nossa invencibilidade de três partidas e dá confiança para a gente sair dessa zona (do rebaixamento)", comemorava Shaylon.
Lógico que logo após a partida, inúmeros chamava a atenção a inacreditável marca dos zagueiros palmeirenses. Gustavo Gómez e Murilo marcaram vinte gols até agora. Jamais uma dupla de defensores centrais que jogou no Palestra Itália foi tão artilheira.
Mas não esconde o futebol decepcionante do líder do Brasileiro.
Confirmado até pelo seu treinador, Abel Ferreira, após o jogo.
"Entramos bem, queríamos ganhar o jogo. Mas a partir dos 20 minutos do primeiro tempo até o final da partida não fomos bem.
"Se é verdade que não merecíamos sair daqui derrotados, também não mereciámos sair daqui (de Goiânia) com uma vitória", resumiu, justo, verdadeiro.
"Quando não dá para ganhar, o importante é somar pontos. Esse foi o nosso propósito nessa competição. Mas hoje não foi o nosso jogo mais inspirado."
Abel foi mais eloquente ao perceber a decepção dos jornalistas após o empate. E tratou, lógico, de valorizar o rival, mais fraco, e que luta muito para não ser rebaixado.
"Tu queres olhar para uma equipe que briga para não cair, mas olho para uma equipe semifinalista da Sul-Americana. Uma equipe que vira 2 a 0, contra o Fluminese, para 3 a 2, alguma coisa tem que ter.
"Tem um treinador novo, a motivação de seus jogadores, o fato de jogar na sua casa com esse clima que é duro, o Weverton e os jogadores tinham avisado sobre isso, hoje não deu para mais que isso. Há um demérito nosso, mas também mérito do adversário. Tem uma equipe experiente, bem montada e o fato de jogar a Sul-Americana lhe tirou tempo e frescura para jogar. Na minha opinião, é uma equipe para estar mais em cima (da tabela)."
Abel agiu com cautela na entrevista. Não quis detalhar o que não funcionou. Mas o Palmeiras se ressentiu demais de compactação, de contragolpes em bloco, Gustavo Scarpa foi encaixotado na intermediária goiana. Marcos Rocha e Piquerez não conseguiram ser efetivos no auxílio do ataque.
Dudu e Rony ficaram isolados, tendo de enfrentar adversários dando a alma em campo. Danilo e Zé Rafael demoravam para sair da defesa para o ataque. Fizeram uma partida muito abaixo do normal.
Eduardo Souza tratou de fazer seu time marcar forte, a partir da saída de bola palmeirense. A estratégia era impedir o toque de bola, obrigar os chutões, os lançamentos de qualquer maneira.
Como o Palmeiras estava menos compactado do que o normal, o Atlético Goianiense teve duas chances claríssimas no primeiro tempo para marcar dois gols.
Aos nove minutos, Weverton saiu de forma precipitada e Luiz Fernando chega antes dele, na ponta esquerda e bate colocado, com efeito, para o gol. Gustavo Gómez salta de cabeça e salva, em cima da linha.
E aos 33 minutos, com o meio-campo aberto e a zaga exposta, Luiz Fernando deu um passe precioso para Wellington Rato. Ele entrou cara a cara, livre, diante de Weverton. Mas o meia tentou driblar o melhor goleiro do país. E o palmeirense conseguiu dar um tapa na bola, evitar o drible e evitar o gol.
O Palmeiras, no primeiro tempo, não conseguiu ser ofensivo. Foi um time lento, previsível.
Mas mal começou a segunda etapa, e aos três minutos, o time de Abel Ferreira mostrou porque treina tanto. Gustavo Scarpa cobrou escanteio de forma excelente. Murilo cabeceou firme para as redes de Renan. Palmeiras 1 a 0.
Eduardo Souza não tinha outra saída, a não ser adiantar sua equipe. Tinha de arriscar. E deu certo. Porque o Palmeiras não estava preparado para a blitz que tomou. O Atlético Goianiense explorou muito bem as costas de Piquerez, que outra vez se mostrou cansado, desgastado.
E o empate veio da direita. Marlon Freitas deu excelente lançamento para Dudu, que invadiu pelas costas de Piquerez, e cruzou forte, Weverton ainda conseguiu cortar. Só que a zaga, mal colocada, não o ajudou. E a bola sobrou para Shaylon empatar, aos 19 minutos. 1 a 1.
A partir daí, o ritmo do jogo caiu.
Ambos estavam satisfeitos.
O Atlético Goianiense empatou com o líder do Brasileiro, com seu elenco milionário.
E o Palmeiras, burocrático, conseguiu mais um ponto importante.
Mas, apesar de Abel Ferreira não assumir completamente, o futebol da sua equipe, cada vez mais perto do título do Brasileiro, foi decepcionante.
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