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Há 20 anos, Corinthians e Cruzeiro decidiam Brasileirão quase no Natal

Paulistas e mineiros precisaram se enfrentar três vezes para definir o campeão nacional daquele ano, a última delas na antevéspera do Natal

Especiais|Cesar Sacheto, do R7


Marcelinho Carioca, do Corinthians, cobra falta na final do Brasileirão 1998
Marcelinho Carioca, do Corinthians, cobra falta na final do Brasileirão 1998

Há exatamente duas décadas, Corinthians e Cruzeiro tiveram que enfrentar desafios inesperados para decidir o título do Campeonato Brasileiro de 1998. A terceira e última partida da final — após empates nos primeiros jogos — foi disputada no dia 23 de dezembro, antevéspera do Natal, data que gerou algumas dificuldades extras tanto para os jogadores quanto torcedores e demais moradores da capital.

De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a cidade registrou naquele dia um congestionamento médio de 134 km. O índice médio considerado pelos técnicos da empresa para o pico da tarde (período entre 17h e 20h) naquela época era de 100,3 km. Para efeito de comparação, o índice médio de congestionamento em São Paulo atualmente é de 85,4 km.

"A logística teve que ser diferente, porque a cidade de São Paulo em uma antevéspera de Natal é problemática. O trânsito estava muito ruim. Lembro disso. Teve um aparato muito grande de batedores, caminhos diferentes, porque foi muito complicado chegar no estádio", relembrou o médico do Corinthians, Joaquim Grava.

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Naquele ano, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) — organizadora da competição — implantou o sistema de playoffs em melhor de três jogos a partir das quartas de final do Brasileirão, decisão que arrastou o calendário do futebol até perto das festas natalinas. 

Horário ingrato

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Joaquim Grava lembra outro ponto de dificuldade para os atletas: o horário da partida, disputada às 17 horas de uma quarta-feira, no estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo.

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"Porque, apesar de os jogadores treinarem às quartas, uma competição é um pouquinho diferente", explicou o médico, "Já a época não tem problema. Se fosse entre o Natal e o Ano-Novo, aí sim. Em 2000, no Mundial, dispensamos todo mundo no dia 31 para passar o Reveillón em casa e retornamos no outro dia cedo", complementou.

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Time jogava 'por música'

Para Joaquim Grava, muitos dos problemas que poderiam afetar o desempenho da equipe eram minimizados pela grande qualidade do elenco corintiano naquela temporada.

O time que entrou em campo para decidir o Brasileirão tinha: Nei; Índio, Batata, Gamarra e Sylvinho; Vampeta, Rincón Ricardinho e Marcelinho Carioca; Mirandinha e Edílson. Já Cruzeiro foi a campo com: Dida; Gustavo, Marcelo Djian, João Carlos e Gilberto; Valdir, Djair, Ricardinho e Valdo; Müller e Fábio Júnior. O treinador da equipe celeste era Levir Culpi.

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"Era um baita time, jogava por música. Não posso nem ver na televisão. Nem olho. Era una época diferente. O futebol era mais romântico, tinha mais amor. Hoje, é tudo mais frio. Não tem tanta união como havia naqueles elencos", lembrou de forma saudosa Joaquim Grava.

Parceira deu origem à super time

A formação daquela equipe vitoriosa do Corinthians havia tido início um ano antes e contou com o suporte financeiro do extinto Banco Excel Econômico. A instituição injetou muito dinheiro para contratar jogadores importantes e aquele que comandaria o supertime: o técnico Vanderlei Luxemburgo.

"Foi um time montado por mim. Tinha o Luiz Henrique [de Menezes, diretor-executivo] e o Mário Sérgio [Pontes de Paiva, ex-treinador e dirigente] no Excel. Eu era o 'head coach', o responsável pela parte técnica do clube. Ajudava no sentido de ligar para o jogador, explicar o projeto, etc. Na época, a gente indicava jogadores e os executivos iam atrás", contou o treinador.

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Luxemburgo citou como ponto mais forte daquele time o setor de meio-campo. "Era muito forte: Vampeta, Rincón e Ricardinho. O Rincón era o equilíbrio da equipe. Ricardinho, Rincón, Gamarra, Vampeta e Marcelinho eram os responsáveis por segurar a onda da equipe."

Maestro

No entanto, mesmo com um elenco recheado de grandes jogadores — muitos deles defendiam as seleções de seus respectivos países —, o técnico elegeu um craque em especial com talento suficiente para reger a equipe.

"Desse time, quem se destacou foi o Rincón, que jogava de volante e via tudo de frente. Ele era o técnico dentro de campo. O Ricardinho também tinha [essa qualidade]. Ele era meia-esquerda. Toda a qualidade que ele tinha de meia-esquerda, coloquei de volante. Imagina a capacidade que ele tinha vendo tudo de frente?", frisou Luxemburgo.

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A final entre corintianos e cruzeirenses também teve um intenso jogo de bastidores, conforme lembrou o técnico Vanderlei Luxemburgo. E o time alvinegro já saiu na frente antes mesmo de a bola começar a rolar no gramado do Morumbi.

"Lembro que estava para ser suspenso, havia uma dúvida se iria para o banco ou não. Estávamos no estádio, e o Luis Henrique, que era o diretor-executivo, ligou do fórum dizendo que não tinha conseguido a liminar. Disse a ele para não contar e falar, se alguém perguntasse, que eu iria para o banco. Vou soltar a noticia aqui que vou para o banco. Aí, o Zezé Perrella [presidente do Cruzeiro] ficou louco da vida. Começamos a mexer no ambiente do cruzeiro antes de começar o jogo", rememorou o técnico.

Força psicológica e confiança

Além de possuir atletas de muita qualidade técnica e habilidade, o elenco do Corinthians de 1998 também estava equilibrado no aspecto psicológico. Nem mesmo a vitória cruzeirense na primeira partida da final abalou a confiança dos jogadores, como lembrou o ex-meia Marcelinho Carioca, um dos ídolos do clube em todos os tempos.

"Foram três jogos maravilhosos, emocionantes. O primeiro foi 2 a 0 para o Cruzeiro. Imprensa e torcida ficaram assustados. Mas, estávamos tranquilos. Aí voltamos [a São Paulo] para o segundo jogo e eles saíram na frente. Mas, quando empatamos e terminamos bem a partida [1 a 1], a gente sabia que seriamos campeões em São Paulo.

Herois?

Segundo Marcelinho Carioca, em um grupo cheio de "medalhões", seria difícil escolher um entre tantos grandes nomes para creditar os louros pela conquista. Porém, o "Pé de Anjo", como era conhecido pelos torcedores, fez questão de destacar o papel de um companheiro de time.

"Nos três jogos, os passes dos gols foram do Dinei. Ele foi um predestinado. Nos ajudou bastante. Mas, tínhamos um conjunto. Cada um tinha a sua importância. Até quem estava entrando foi importante. Não tem uma pessoa determinada", ponderou o ex-camisa 7 corintiano.

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