Uma análise dos oito grupos da Champions League de 2018/19
Um formato diferente, nesta temporada, criou distorções insólitas no ranking e propicionou ao Lokomotiv, da Rússia, se tornar um cabeça-de-chave
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Um novo conceito de definição de cabeças-de-chave e, por consequência, da distribuição dos 32 clubes pelos quatro potes do sorteio dos oito grupos da Champions League de 2018/19, produziu uma insólita, inédita distorção na formatação da Copa desta temporada. Ao contrário do que a lógica propunha, a UEFA, a entidade que regula o Futebol no Velho Continente, decidiu colocar no mais nobre dos potes, independentemente de ranking, os vencedores da Champions e da Liga Europa de 2017/18, o Real e o Atlético de Madrid, mais os ganhadores dos certames da Alemanha (o Bayern de Munique), da Espanha (o Barcelona), da França (o PSG), da Inglaterra (o Manchester City), da Itália (a Juventus de Turim) e da Rússia (o Lokomotiv de Moscou). Justificativa: valorizar os torneios nacionais das seis nações de melhor coeficiente, somados todos os seus clubes disputantes, os da Champions e os da Liga.
Extravagante resultado: com um coeficiente ridículo de 22,500, o Lokomotiv, na verdade o 27º classificado no ranking dos 32, assumiu a posição que, meritoriamente, caberia ao Borussia Dortmund da Alemanha (89,000), e daí desencadeou uma sucessão de realocações absurdas. Com o Borussia dentre os cabeças-de-chave, assumiria o segundo dos potes o Liverpool da Inglaterra. O Victoria Plzen da República Tcheca, enfim, subiria ao terceiro. E, obviamente, todo o sorteio teria um desenrolar bastante diferente. Por exemplo, não ocorreria o fatalismo radical do Grupo C, que incluiu o Liverpool na turma do PSG, do Napoli da Itália e do Estrela Vermelha da Sérvia. Ou a maluquice do Grupo D, em que o Lokomotiv tem muito menos coeficiente do que os rivais do Galatasaray da Turquia, o Porto de Portugal e o Shalke da Alemanha.
Cada cociente se baseia na performance de cada clube nos dois torneios da Europa, acumulados os seus resultados nos cinco anos anteriores. Até chegar ao sorteio, que se realizou em no Principado de Mônaco, quinta-feira, 30 de Agosto, esta edição da CL, de número 64, se iniciou em 26 de Junho com um total de 79 agremiações de 55 afiliadas da UEFA. Daí, até o dia 29, a quarta-feira, 53 dessas equipes se digladiaram numa rodada preliminar, três fases pré-eliminatórias e uma rodada de playoffs, das quais sobraram o Estrela Vermelha, o AEK da Grécia, o Ajax e o PSV da Holanda, o Benfica de Portugal, e mais o Young Boys da Suíça. Os prélios dos grupos ocorrerão de 18 de Setembro até 12 de Dezembro. As oitavas, de 12 de Fevereiro a 13 de Março. As quartas, de 9 a 17 de Abril. As semis, de 30 de Abril e 8 de Maio. E a decisão, de partida única, em 1º de Junho, no Wanda Metropolitano de Madrid.
GRUPO A
Atlético de Madrid (Esp) – 140,000
Borussia Dortmund (Ale) – 89,00
Monaco (Fra) – 57,000
Brugge (Bel) – 29,500
Com a inapelável decadência do Monaco, que arrebatou o título de La Ligue em 2016/17, com a fragilidade óbvia do time da Bélgica, sobram a turma os “Colchoneros” e os aurinegros tedescos. Importante: desta temporada em diante, não apenas o terceiro colocado de cada chave mas também o quarto merecerá, desta edição em diante, uma chance de repescagem na Europa League. Um bom consolo, que até vale uma boa dinheirama.
GRUPO B
Barcelona (Esp) – 132,000
Tottenham (Ing) – 67,000
PSV (Hol) – 36,000
Internazionale (Ita) – 16,000
O cociente aparentemente diminuto e insignificante da “Biscione” de Milão não quer dizer nada. Na verdade, só atesta que a Inter deixou de brilhar na Europa nos cinco anos que se foram. Mas, reforçou-se o suficiente, agora, inclusive para brigar com os ibéricos e com os britânicos.
GRUPO C
PSG (Fra) – 109,000
Napoli (Ita) – 78,000
Liverpool (Ing) – 62,000
Estrela Vermelha (Ser) – 10,750
Vale, para o C, o mesmo raciocínio do Grupo B. Enorme equilíbrio entre os franceses, os italianos e os ingleses. E o time do Estrela Vermelha, que tem gostosas lembranças do passado, bem pode incomodar o trio.
GRUPO D
Lokomotiv (Rus) – 22,500
Porto (Por) – 86,000
Schalke (Ale) – 62,000
Galatasaray (Tur) – 29,500
Desequilibradíssimo em relação aos outros quartetos desta edição da CL. Apesar da pontuação superior do Porto e do Schalke, neste Grupo D tudo, absolutamente tudo, pode suceder. Até o fulgor do Lokomotiv.
GRUPO E
Bayern (Ale) – 135,00
Benfica (Por) – 80,000
Ajax (Hol) – 53,500
AEK (Gre) – 10,000
No papel, uma briga entre os lusos e os nederlandeses pelo segundo lugar e uma vaga nas oitavas. O Bayern de tantas tradições parece o favorito disparado e o AEK não passará de um simples coadjuvante nesta tropa.
GRUPO F
Manchester City (Ing) – 100,00
Shakhtar Donetsk (Ucr) – 81,000
Olympique Lyonnais (Fra) – 59,500
Hoffenheim (Ale) – 14,285
Disparado o favoritismo do City e, apesar do ranking melhor dos ucranianos, uma boa briga com os franceses e com os tedescos pela vice-liderança.
GRUPO G
Real Madrid (Esp) – 162,000
Roma (Ita) – 64,000
CSKA Moscou (Rus) – 45,000
Viktoria Plzen (Thc) – 33,000
Partiu o astro Cristiano Ronaldo e o croata Luka Modric, o capitão da seleção vice na Copa da Rússia, acaba de abiscoitar o laurel de “Melhor da Europa”. O suficiente para que os “Merengues” sigam à frente no rumo das oitavas. Leve a vantagem, em elenco, da Roma, sobre CSKA e sobre o Plzen.
GRUPO H
Juventus (Ita) – 126,000
Manchester United (Ing) – 82,000
Valencia (Esp) – 36,000
Young Boys (Sui) – 20,500
A “Velha Senhora” do Piemonte não contratou o CR7 apenas para brilhar no seu Grupo da Champions. Mas, para conquistar a própria taça, a “Orelhuda”. Terá, na sua chave, uma batalha ingente contra o United. Sem dizer que o Valência e até mesmo os helvéticos dos Young Boys podem complicar.
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