Um filósofo, a Estatística, e o Campeonato Brasileiro de 2018
Da definição do famoso Pitigrilli às chances que ainda remanescem na briga pelo título desta temporada e na batalha pela fuga do rebaixamento
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
O italiano Dino Segre (1893-1975), um filósofo e escritor particularmente cáustico, definiu deliciosamente o termo Estatística: “Aquela ciência que diz que, se eu comi um frango e você não comeu nenhum, teremos comido, em média, meio frango cada um.” Todavia, em muitas circunstâncias, uma análise correta dos números pregressos até que serve para se especular sobre o futuro. Por exemplo, mesmo a só seis rodadas do encerramento do Campeonato Brasileiro de 2018, parece perfeitamente possível, por comparação e por analogia, apostar nas possibilidades de quem levará o título do torneio e de quem se livrará do rebaixamento.
Já no critério dos pontos corridos em 2003, em 2006 o certame assumiu o seu formato atual com 20 clubes. Daí, apenas em duas ocasiões o seu segundo colocado chegou a somar 72 pontos em 114 disponíveis. Em 2008, o Grêmio, atrás dos 75 do São Paulo. Depois, em 2012, o Atlético Mineiro, atrás dos 77 do Fluminense. Hoje lidera o torneio o Palmeiras, 66 pontos em 96. Ou, para superar a marca de antologia, lhe faltariam 7 pontos dos restantes 18. Mais significativo ainda, para caracterizar, desde já, o favoritismo do “Verdão”: seu vice, o Internacional, subiu à cota dos 61. Mas necessitará produzir 13, dos próximos 18 pontos, sem que o Palmeiras obtenha os seus 7 essenciais. Claro, convenhamos, uma tarefa equivalente, mesmo, a um terremoto.
Dino Segre se tornou mais celebrado pelo pseudônimo de Pitigrilli. Uma brincadeira, segundo ele, porque adorava “colocar os pingos nos ii”. Pois também dos subterrâneos da classificação despontam os salpicos da lógica. Desde o Brasileiro de 2006 se safaram da humilhação da Série B os times que obtiveram, no mínimo, 46 pontos. Em 2008 o Coritiba caiu com 45. Em 2007, 2008 e 2013, com 44, se despediram Corinthians, Figueirense e Portuguesa de Desportos. Nesta temporada, basicamente já se condenou o Paraná Clube, precários 18 pontos. Mesmo que ganhe os seus 6 prélios remanescentes, no máximo atingirá os 36. E, ao se encerrar a jornada deste domingo, dia 4 de Novembro, apenas existiam quatro times abaixo dos 37: no degrau dos 34, Vitória, América/MG e Chapecoense; com 33, o Sport/PE, que ainda hospeda o Ceará, 37, nesta segunda-feira, na Ilha do Retiro, e pode subir aos 36.
Prevalece bem cruenta, portanto, a correria, ainda ativa, pela escapatória da segunda divisão: além do Paraná, três outros desafortunados cairão. E existem dez, ou a metade dos integrantes da presente Série A, mais ou menos perto do perigo da degola. Além do Ceará e dos quatro abaixo dos 37 pontos, Fluminense (40), Bahia (40), Corinthians (39), Vasco (38) e Botafogo (38). Curiosidade: nascido em Turim, o sarcástico Pitigrilli gostava seriamente de Futebol e era um tifoso da Juventus, a “Zebra” que busca airosamente, e ineditamente, o seu oitavo scudetto seguido no Calcio da Velha Bota.
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