Um Bayern devastador, cruel, destrói o pobre Barcelona, 8 X 2
Enorme ironia: foi seu destaque o brasileiro Philippe Coutinho, autor de dois tentos e municiador de Lewandowski, emprestado pelo clube "Blaugrana".
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Absolutamente impossível imaginar que a mediocridade predominaria no cotejo desta sexta-feira, 14 de Agosto, no Estádio da Luz de Lisboa, Portugal. Disputariam uma das quartas de final da Liga dos Campeões, a Champions League da Europa, os dois únicos esquadrões, dentre os oito sobreviventes, que já tinham conquistado a taça da competição, a “Orelhuda”. Aliás, cinco vezes cada. Num lado, o Barcelona, o clube “Blaugrana” da Espanha. E, na sua oposição, os “Bávaros” do Bayern de Munique, na Alemanha.
Valeram todas as expectativas, as tensões da espera e os rompantes de nervosismo que emolduraram a partida, de fato esplêndida, uma decisão antecipada da LC, conforme parte da mídia chegou a denominar. O Bayern, numa exibição de enciclopédia, esmagou o Barcelona por 8 X 2. E agora aguarda o combate deste sábado, dia 15, entre o Manchester United, da Inglaterra, e o Lyon, da França, para conhecer o seu adversário na semifinal de 19 de Agosto no José Alvalade, ainda em Lisboa, quarta-feira. Antes, terça, 18, na Luz, duelarão o PSG da França e o RB Leipzig da Alemanha.
Sem platéia, a condição obrigatória para que a competição prosseguisse, apesar das investidas da Covid-19, foi o terceiro confronto consecutivo a se realizar em Portugal, a sede exclusiva de toda esta versão insólita da LC, na sua edição número 65, a 28ª desde que, em 1992/1993, mudou o seu nome de Cup para League. Inaugurada em 25 de Junho de 2019, então com 79 times de 54 afiliadas da UEFA, a entidade que cuida do Futebol no Velho Mundo, as suas ações se interromperam em 11 de Março, num pico da pandemia, no meio das oitavas de final, para apenas retornarem em 7 de Agosto. Até aqui, houve 115 partidas com 375 tentos, a média excelente de 3,26.
Por seis vitórias a duas, em dez pelejas do passado, era do Bayern a vantagem da tradição. E, embora num clássico deste porte seja idiota apontar favorito, era dos “Bávaros” a superioridade nas estatísticas recentes. Tinham vencido todas as suas oito porfias, da fase de grupos às oitavas de final, cravado 36 tentos a seis. Artilheiro disparado com 13 tentos, três mais que o norueguês Erling Haaland do já eliminado Borussia Dortmund, um outro clube tedesco, o polaco Robert Lewandowski sequer havia formado entre os titulares de Hans-Dieter Click em todas as oito porfias. Presente em sete, a média de 1,86, em toda a temporada o Lewy acumulava o absurdo de 53 tentos em 44 pelejas.
Igualmente invicto, mas com três empates nos oito jogos, o Barcelona ostentava dígitos bem menos imponentes: 13 tentos pró e 6 contra. O uruguaio Luisito Suárez, o astro da sua ofensiva. somava quatro, três vezes menos do que o Lewy. Ele e claro, o “capitán” Lionel Messi, três tentos, tinham se provado basilares nos 3 X 1 com que o clube “Blaugrana” despachou o Napoli da Itália nas oitavas. O treinador Quique Setién, todavia, diante do vigor do onze de Click, não podia depender só de fulgores individuais.
E de fato deslanchou fulminantemente a peleja. Logo aos 4’, depois de uma tabela deliciosa com Lewandowski, de virada, de voleio, Thomas Mueller anotou um golaço na conta de créditos do Bayern. Daí, aos 7', o infortúnio dos “Bávaros”: um cruzamento de Jordi Alba que Alaba colocou na própria meta. E a pugna se inflamaria, majestosamente. Leo Messi, na trave, aos 10’. A nova primazia dos germânicos aos 20’, quando Gnabry recuperou a pelota perto do grande círculo, avançou sem incômodo e tocou a Perisic, na esquerda. O chute cruzado do croata que Marc-André Ter Stegen não conseguiu rebater.
Prosseguiria devastador o Bayern, um verdadeiro tanque “panzer” a destruir, paulatinamente, a retaguarda de Setién. Aos 28’, num outro avanço vertical, Goretzka lançou Gnabry, que sobrepujou o pesadão Lenglet na velocidade e registrou 3 X 1, o seu sétimo “tore” em oito jogos na LC. E mais, aos 31’, uma investida de Kimmich através do flanco destro e o cruzamento que, como um falcão a descer do céu sobre a presa, Mueller interceptou, 4 X 1. O detalhe: até aquele momento o Lewy, habitual protagonista, permanecia comprimário na disputa. No intervalo, Messi desceu cabisbaixo, bem devagar, aos vestiários.
Um fio mínimo, um pingo insignificante de esperança quase rebrotaria no elenco da Catalunha aos 57’, logo depois de o mediador Damir Skomina, da Eslovênia, corretamente invalidar um gol do Lewy. Do flanco esquerdo, Jordi Alba entregou a Luisito Suárez que, com um drible estonteante, entortou a coluna vertebral de Boateng e diminuiu, 2 X 4. Pois é, vã esperança. Aos 63, com um drible mais estonteante ainda, o garoto canadense Alphonso Davies, 19 anos, arruinou a cobertura de Semedo e cruzou para a invasão atordoante do excelente Kimmich, na linha da área pequena, o Bayern nos 5 X 2.
Cadê Leo Messi e Lewy? Praticamente desaparecidos. No seu desenrolar o prélio atestou que o Bayern não precisa, sempre e tão somente, do seu ultra-artilheiro. O pobre Barça, no entanto, careceu de uma liderança mais eficiente do astro que, seguramente, desperdiçou qualquer possibilidade de se tornar o craque da temporada. E foi, mesmo, de dar dó, o derradeiro quarto de hora do clube “Blaugrana” na LC 65, a se arrastar através do gramado enquanto os germânicos, à maneira de um futebol de crianças, brincavam com a pelota.
Aos 82’, enorme ironia, Philippe Coutinho, emprestado do Barça, cruzou para, enfim, a testada de Lewandowski. Aos 85’, ele mesmo, Coutinho, desenharia os 7 X 2. De novo, aos 88, o desprezado Coutinho, 8 X 2. Tragédia na Espanha. Inolvidável eliminação. Entretanto, inolvidável, principalmente, a atuação do Bayern, que passa à fase das semis com um resultado magnetizante, radical, cruel, implacável, de produzir tremeliques nos seus próximos oponentes. Eu não aposto, nunca, jamais. Esses “Bávaros” de Click, porém, ah!, me parecem muito, e muito melhores, do que todos os times que poderão pegar.
O embate remanescente:
Sábado, 15 de Agosto
MANCHESTER CITY (Ing) X LYON (Fra)
Estádio José Alvalade, do Sporting de Lisboa
Manchester City FC
Apelido: “The Citizens”, ou “Os Cidadãos”
Manchester
Fundação: 1880
Ranking UEFA: 6
Melhor colocação: semifinal 2015/16
Em 2018/2019: quartas de final
Nesta edição: 6vit/2emp/0der – 20gp X 6gc
Treinador: Pep Guardiola (Esp), 49
Artilheiros: Gabriel Jesus (Bra) e Raheem Sterling (Ing), 6 tentos
Olympique Lyonnais
Apelido: “Les Gones”, ou “Os Meninos”
Cidade de origem: Lyon
Fundação: 1950
Ranking UEFA: 17
Melhor Colocação: semifinal 2009/10
Em 2018/2019: oitavas de final
Nesta edição: 3vit/2emp/3der – 11gp X 10gc
Treinador: Rudi Garcia, 56
Artilheiro: Memphis Depay (Ner), 6 tentos
No passado, em duas pelejas, um empate e uma vitória do Lyon, nos tentos 3 X 4. Um cotejo inesperadérrimo, este. Quando, em 16 de Dezembro de 2019, a UEFA sorteou os emparceiramentos das oitavas, imediatamente um par de gigantes, o Real Madrid, o maior ganhador da história da Champions, 13 títulos, e a Juventus, eclodiram como favoritos sossegados ao triunfo diante do City e do Lyon. No entanto, o City bateu o Real em Madrid e em casa por duplo 2 X 1 e chegou invicto às quartas. E o Lyon bateu a Juve em casa por 1 X 0, daí se locupletou do critério do gol no campo do rival e, mesmo derrotado por 1 X 2, se classificou. Donde, inviável, impossível, mesmo, apostar num favorito.
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