Tóquio dia 8 - O bronze inolvidável de Luisa Stefani e Laura Pigossi
Duas garotas paulistanas, que apenas os fãs do Tênis conheciam, levam a primeira medalha do seu Esporte em toda a História do Brasil nos Jogos. E mais as classificações de Fratus e de Thiago Braz.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Duas brasileiras mereceram uma atenção particular neste sábado, 31 de Julho, o Dia 8 dos Jogos de Tóquio/2020. Mereceram, basicamente, pela inacreditável façanha que poderiam perpetrar: a conquista inédita da primeira medalha do Tênis numa Olimpíada. Uma paulistana de 26 anos, Laura Pigossi. E Luísa Stefani, outra paulistana, 23, sua parceira de dupla. Ambas percorreram um trajeto que encantou até mesmo os que já eram seus fãs.
Bateram as canadenses Dembrowski e Fichman por 7/6 e 6/4. Depois venceram as tchecas Pilskova e Vandrousova por 2/6, 6/4 e 13/11. Daí as norte-americanas Mattek-Sands e Pegula por 1/6, 6/3 e 10/6. A sua série de triunfos se interrompeu nas quartas de final diante das suíças Bencic/Golubic, 5/7 e 3/6. De todo modo, disputariam o bronze, contra Elena Vesina e Veronika Kudermentova do Comitê Olímpico da Rússia. Perderam o primeiro set por 4/6, venceram o segundo por 6/4 e, no “tie break”, estiveram atrás, 5/9, mas salvaram quatro “match points” e empolgantemente viraram o placar, 11/9. Inolvidável.
Também mereceram atenção dois brasileiros muito mais famosos. Thiago Braz da Silva, paulista de Marília, 27 de idade. E Bruno Giuseppe Fratus, de Macaé/RJ, 32. Em 2016, nos Jogos do Rio, mesmo com a pista inundada por uma intempérie, no Salto com Vara, com o novo primado de 6m03, Thiago suplantou o francês Renaud Lavillenie, o ganhador em Londres/2012 e dono do recorde, 5m98 registrados apenas dez minutos antes. Depois, sumiu dos grandes pódios. Ultra-tenso, certamente preocupado com a qualidade dos concorrentes, além de Lavillenie o sueco Armand Duplantis, o recordista mundial, 6m18, Thiago aos poucos se concentrou e, apesar de duas esbarradas na barra, ultrapassou os 5m75 obrigatórios. Lavillenie parou nos 5m65. Duplantis apenas falhou na sua primeira tentativa. A decisão do Salto com Vara está prevista para 3 de Agosto, a terça-feira.
Favorito a uma medalha nos 50m Livre da Natação dos Jogos do Rio, com 21”67, muito distante dos 21”50, seu índice de qualificação, Fratus ficou no quinto lugar e se tornou mais famoso pela resposta que deu a uma repórter de TV, inexperiente, inoportuna, que lhe perguntou como se sentia. Obviamente indignado, rebateu: “Tou felizão!” Desta vez, não teve que recorrer à autocomiseração. De novo ficou longe do índice para Tóquio, 21”31. Porém, anotou 21”60, o suficiente para lhe assegurar a terceira colocação, atrás apenas do francês Florent Manadou, com 21”53, e do norte-americano Caeleb Dressel, com 21”42. A decisão dos 50m Livre da Natação está prevista para 1º de Agosto, o domingo.
E havia, enfim, a esperança efetiva de um outro pódio ainda neste sábado, 31. E com a saborosa colaboração de Mayra Aguiar. Na quinta-feira 29, quando arrebatou o bronze na sua categoria do Judô, a de -78kg, a gaúcha de 29 anos já tinha adentrado a História Olímpica do País ao se tornar a primeira mulher a conquistar uma medalha individual em três edições consecutivas dos Jogos. Mais: ela também fez com que seu Esporte se tornasse o maior colecionador de pódios do Time Brasil desde o evento de Antuérpia/2020. Com 24 galardões (4 de ouro, 3 de prata e 17 de bronze), o Judô superou as 23 do Voleibol (10 na quadra, 13 na areia). Neste Dia 8 de Tóquio/2020, Mayra queria batalhar por mais um prêmio, não individual, mas importantíssimo, agora no inédito Judô por Equipes.
Trata-se da única competição mista do Judô, três homens e três mulheres em cada representação. As garotas lutam nas turmas de -57kg, -70kg e +78kg. Os rapazes, -73, -90 e +100. No plano do Time Brasil, caberia a Maria Suelen Altheman a categoria mais pesada. Todavia, lesionada no seu joelho esquerdo, um rompimento do tendão patelar, em seu duelo de quartas de final com a francesa Romane Dicko, a paulista de Amparo precisará se submeter a uma cirurgia. E para se encaixar no seu limite máximo Mayra ostentava 77kg700. Que fazer? O contrário, exatamente, do que se exige de um atleta de ponta: engordar. E fazer isso velozmente, em cerca de 24 horas. Já na sexta-feira a estrela gaúcha, de 29 anos, avançava além dos 81kg800. Não se prejudicaria com o artifício?
Com doze contendoras, o ranking privilegiou o Japão, o ROC/Comitê Olímpico Russo, a França e o Brasil. Ou, as quatro nações que seriam “bye” e entrariam diretamente nas quartas de final. Ao Brasil coube enfrentar a Holanda, que havia necessitado de uma luta extra, selecionada por sorteio, para derrotar o Uzbequistão, 4 X 3. O elenco do Brasil: Larissa Pimenta, Daniel Cragnin, Maria Portela, Rafael Macedo, Mayra Aguiar e Rafael Baby Silva. Não deu, apesar dos triunfos de Cragnin e de Mayra. O Brasil caiu na repescagem, contra Israel. Porém, com seu elenco bem modificado: Eduardo Barbosa, o xará Yudi Santos e Rafael Buzacarini ao invés de Cragnin, Macedo e Baby. Só que não deu, apesar dos triunfos de Mayra e Portela. Mayra reluziu, pelas performances, e pelo seu sacrifício.
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