Sim, o Brasil tem ótimas chances de ser o segundo no Pan de Lima/2019
O passado, a tradição e as estatísticas indicam que, no quadro geral de agora, é perfeitamente possível, mesmo, ficar atrás apenas das medalhas dos EUA
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
No dia 11 de outubro de 2017, acossado por uma coleção absurda de denúncias de corrupção e outras malfeitorias, Carlos Arthur Nuzman, depois de 22 anos de despotismo, se demitiu da presidência do COB, o Comitê Olímpico do Brasil. Assumiu, através de eleições livres, sem pressões, uma gestão nova, saudável e modernizadora, comandada por Paulo Wanderley Teixeira, que instalou, entre outras necessidades imperiosas, o primeiro Conselho de Ética da história do COB, fundado em 8 de Junho de 1914.
Um dos vices da sua diretoria, Marco La Porta, originário da Federação do Triatlo, agora exerce a função de Chefe da Missão que, a partir desta próxima sexta-feira, dia 26, participará dos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. Será a edição de número 18 do evento, inaugurado em Buenos Aires/1951.
Sempre presente, o Brasil já acumulou 328 medalhas de ouro, 358 de prata e 520 de Bronze, ou 1.206. No total, ocupa o quarto lugar no quadro geral de medalhas, atrás dos líderes Estados Unidos (1964/1460/1013 = 4.437), de Cuba (875/593/561 =2.029) e do Canadá (455/655/803 =1.913).
Evidentemente, por mais pódio que faça nos 39 esportes e nas 61 modalidades de Lima, o Brasil não tem a menor chance de se aproximar do desempenho ancestral do Canadá. La Porta, no entanto, acalenta uma justa expectativa de que, desta vez, o País possa reprisar a sua façanha de 1963 nos Jogos de São Paulo, quando ficou na honorável segunda colocação.
1) EUA: 106/56/37 = 199
2) BRASIL: 14/20/18 = 52
3) CANADÁ: 11/27/26 = 64
4) ARGENTINA: 8/15/16 = 29
Datalhe: não importa, no quadro geral, quem teve mais medalhas no total. Vale o volume daquelas de ouro. E, na antologia dos Jogos, os de São Paulo à parte, as melhores performances do Brasil aconteceram de 2007 em diante:
2007 – RIO DE JANEIRO
1) EUA: 97/88/52 = 237
2) CUBA: 59/35/41 = 135
3) BRASIL: 52/40/65 = 157
4) CANADÁ: 39/44/55 = 138
2011 – GUALALAJARA, MÉXICO
1) EUA: 92/79/65 = 236
2) CUBA: 58/35/43 = 136
3) BRASIL: 48/35/58 = 141
4) MÉXICO: 42/41/50 = 133
2015 – TORONTO, CANADÁ
1) EUA: 103/82/80 = 265
2) CANADÁ: 78/69/71 = 218
3) BRASIL: 42/39/60 = 141
4) CUBA: 36/27/34 = 97
Em conversa com o colega Alexandre Garcia, cá do R7, logo ao desembarcar na cidade, La Porta disse: "Estamos vendo agora a definição final das outras equipes para conseguir estudar um pouco melhor e ver a quantidade de medalhas que vamos tentar. Mas vai ser próximo do que fizemos em Toronto para brigar pelo segundo lugar". O plural e a esperança de La Porta têm muita lógica. O Time Brasil do COB levou ao Peru 487 atletas, inscritos em 49 das 61 modalidades da competição. Acrescentados os inevitáveis treinadores e os dirigentes/acompanhantes, uma delegação de quase 800 pessoas.
Importante: a lógica da probabilidade do segundo lugar não depende exclusivamente da quantidade. Claro, vem da qualidade dos atletas e, também, de uma singularidade estatística. Por uma série de circunstâncias, Cuba está cada vez mais longe da pequena potência que abalava os grandes do Novo Continente. O Canadá só brilhou em Toronto, sua casa, com o seu esquadrão principal. E o Peru, com o devido respeito, não ameaça.
É natural que o hospedeiro multiplique o seu tesouro nos Jogos que organiza. Mesmo em Guadalajara, no entanto, o México não foi capaz de desalojar o Brasil do topo do pódio no quadro geral. E o Peru, antologicamente, nunca se propôs como um contendor. Participa dos Jogos desde Buenos Aires/1951. Todavia, simplesmente se localiza no 17º posto em medalhas (9/34/64 = 105). E na América do Sul paira, inclusive, atrás do Equador (28/30/62 = 120) e apenas à frente de Suriname (3/2/5 = 10), Guiana (2/4/12 = 18) e, inacreditável, pela surpreendente precariedade, o Paraguai (0/2/8) e a Bolívia (0-2-6).
PS: Mais um dentre os Bons que se vai, o queridíssimo Juarez Soares (1941-2019), o China, repórter e apresentador de Rádio e de TV. Éramos colegas e amigos desde a Copa do México/70. Também fomos parceiros de Sinuca - claro, ele muito melhor do que eu na empunhadura e na pontaria. Um eterno batalhador, apenas não resistiu à luta contra a inexorável Doença Ruim. Lá no Céu, com certeza, Luciano do Valle já começou a arrumar as caçapas, a limpar o pano verde e a providenciar uma coleção de tabletes de giz cor-de-anil.
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