Os fatores que impedem Cristiano Ronaldo a abandonar a Juventus
Um motivo é a "Famiglia", que adora a tranquilidade de Turim, principalmente o Júnior, craque dos mirins da "Senhora", Mas há uma outra razão, a proteção fiscal que o CR7 recebe na Itália.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Na última quinta-feira, dia 15 de Abril, incomodado por uma dorzinha bem renitente no bíceps femoral, um músculo flexor na sua coxa direita, Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro procurou o departamento médico da Juventus de Turim e recebeu a recomendação de não se esforçar. Então, na sexta, faria um exame mais profundo para decidir se poderia, ou não, atuar contra a Atalanta, em Bérgamo, domingo. Sabe-se que não jogou. A Atalanta ganhou a peleja de 1 X 0 e ainda tomou da Juventus o terceiro lugar na tabela de classificação.
Choveram os boatos nas “redes sociais”. Ainda que seu contrato se estenda até Junho de 2022, o CR7 já estaria a preparar a sua saída da “Velha Senhora”. Uma mensagem no seu Instagram estimulou a proliferação das dúvidas entre os torcedores: “Não deixes aquilo que não podes fazer atrapalhar o que podes fazer.” Fontes suficientemente íntimas do craque, porém, asseguram que a frase não se encaixa em qualquer enredo de mistério. Muito mais, apontam uma série de fatores capazes de determinar que, apesar da temporada horrorosa da Juventus, são remotíssimas as probabilidades de o CR7 abandonar a agremiação.
O primeiro motivo de chama “Famiglia”, assim mesmo, no idioma peninsular. A mamãe Maria Dolores e a esposa Georgina se apaixonaram pela tranqüilidade da capital do Piemonte, pela mansão do craque, incrustada nas colinas que levam ao exuberante parque florestal de La Madria e dotada de uma visão espetacular do Vale do Rio Pó. Não saboreiam a eventualidade de uma volta para Madrid ou de uma transferência a Paris, onde se situam os clubes que poderiam abrigar o craque, o Real e o PSG. Além disso, o primogênito Júnior, prestes a completar 11 de idade, já se destaca como astro nos mirins da “Senhora”.
O motivo maior, de todo modo, se chama “Dinheiro”. Na cota dos 36 anos ele dificilmente encontrará quem lhe conceda os quase R$ 210 milhões líquidos que recebe da Juve a cada 12 meses, sem contar, muito mais importante, os penduricalhos que rodeiam o seu salário e que equivalem a mais quase R$ 200 milhões. O CR7 dispõe de patrocinadores de todos os tipos e procedências. Desde a Nike até os eletro-estimuladores abdominais da Mtg. E os aparelhos telefônicos Altice, os “shakes” da Herbalife, os produtos farmacêuticos Abbott...
Claro, óbvio, que todas essas marcas acompanhariam o CR7 aonde ele se dirigisse. Também o seguiria, todavia, um adversário insidioso: o Fisco. Acontece que o atleta, muitíssimo bem orientado, aceitou aderir, na Itália, a um regime de pagamento de impostos e taxas que protege os “neo residenti”. Trata-se de um esquema financeiro que o Governo da Itália criou, em 2017, para favorecer aqueles não nativos na Bota que se interessem em lá aplicar e/ou investir os seus rendimentos. Simplificadamente, quem se dispõe a manter por lá o que recebe, inclusive de serviços prestados no Exterior, paga ao Fisco, meramente, apenas o correspondente a R$ 670.000 a cada calendário legal.
O regime dos “neo residenti” se renova automaticamente a cada 31 de Dezembro, pelo prazo de quinze anos, desde que o optante mantenha na Itália o seu dinheiro e também a sua residência formal. Ou, a mesma sede do contratante. Caso o CR7, digamos, assine com o PSG, mesmo que preserve os seus rndimentos no Monte dei Paschi di Siena, um banco fundado em 1472, o mais antigo ainda em funcionamento no planeta, perderá o privilégio. Pior. O seu contrato com a “Senhora” vencerá em 2022, mas ele ainda necessitará, em 30 de Novembro, fechar a sua declaração na Bota. E, com o fim do privilégio, precisará contar como entradas, sujeitas aos impostos, tudo aquilo que por anos ele economizou.
PS: Uma informação proveitosa para o Futebol Brasileiro. A GSRM, Global Sports Right Management, empresa que comercializa, no Exterior, os direitos de transmissão dos jogos da Série A, da Série B, e da Liga Profissional da Argentina., acaba de se fundir à 1190 Sports, congênere de largo espectro em toda a América Latina. A aliança resultante manterá o nome 1190 Sports e se empenhará em ampliar o mercado internacional que já amealhou em 2019/2020. Além da captação de imagens, da transmissão e da distribuição, também se incumbirá da valorização de marcas e de patrocinadores dos clubes e das entidades.
PS2: A suposta "revolução" armada pelos clubes mais ricos da Europa é, evidentemente, muito complexa, para que eu a comente, a êsmo. Vou aguardar os desdobramentos.
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