O Santos cai duplamente mas o Grêmio segue na Libertadores
No tribunal da Conmebol e na reação absurda dos seus torcedores, o "Peixe" sucumbe aos próprios erros enquanto os gaúchos se salvam nos penais
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Principiou nesta terça, 28 de Agosto, a rodada de volta das oitavas-de-final da Libertadores de América/2018. Detém o troféu o Grêmio de Porto Alegre, que provinha de um tombo, na Argentina, o elenco dos Estudiantes de La Plata, 2 X 1. O “Mosqueteiro” gaúcho, aliás, tinha se classificado automaticamente à Copa, um dos seis times do País que puderam participar já na fase de grupos, com o Corinthians, o Cruzeiro, o Flamengo, o Palmeiras e o Santos. Vasco e Chapecoense disputaram eliminatórias. A Chape ficou nas prévias. O Vasco ainda subiu aos grupos. Mas, não se qualificou às oitavas.
Inaugurada em 22 de Janeiro, com a sua decisão prevista para o dia 28 de Novembro, até então a Copa, 47 clubes de dez nações, havia ostentado sete etapas, 134 jogos e 299 tentos, média patética, convenhamos, de meros 2,23. Na Champions League da Europa, desde 27 de Junho de 2017 até a enésima consagração do Real Madrid, em 26 de Maio de 2018, ocorreram três pré-eliminatórias, mais uma fase de playoffs, uma outra de oito grupos, os mata-matas e a decisão, 125 pelejas, 401 tentos, média excelente de 3,21. Fora a obviedade do confronto Cruzeiro X Flamengo, sempre em Minas e no Rio, os demais brasileiros puderam definir a sua sorte em casa.
Coube ao Santos iniciar a jornada noturna da terça. Uma jornada que, culpa da inadvertência amadorística da sua diretoria, até poderia se revelar cinematograficamente tétrica. Na tarde da mesma data, o tribunal da Conmebol puniu o “Peixe” com a perda, por 3 X 0, do cotejo de ida, de placar efetivo de 0 X 0. O alvinegro da Vila teria utilizado irregularmente o avante uruguaio Carlos Sánchez no jogo de Avellaneda. Claro que a penitência ainda produzirá uma infinidade de recursos e de reviravoltas. Melhor, contudo, solucionar o dilema já, no gramado, e buscar a diferença de tentos.
E o público, 36.566 espectadores, 95% do Santos, quase preencheu os 37.730 lugares do Pacaembu, uma espécie de palco suplementar das suas exibições desde os áureos tempos de Pelé & Cia. Bela na década de 60. O elenco de Alexi Stival, o Cuca, porém, encontrou o “Rey de Copas” digno do apelido, colecionador de 12 títulos nos diversos certames continentais. Por todo o primeiro tempo, diante de um Vanderlei confuso e tenso na saída da sua meta, o Independiente abusou da catimba e das contraofensivas até que aos 45’, espetacularmente, o arqueiro rebateu um pênalti apitado por Júlio Buscañan, do Chile, e livrou o Santos de uma missão impossibilérrima. Atrás no placar, 0 X 1, precisaria fazer cinco gols nos 45’ derradeiros.
Determinado a não rebaixar o nível da adrenalina de seus pupilos, Cuca sequer desceu aos vestiários no intervalo e lhes ministrou uma injeção de autoestima junto ao banco de reservas. No Futebol, entretanto, mais do que a pressa, é o cronômetro o inimigo da perfeição. Então, no entorno dos 80’, o Independiente, claro que numa outra geração de seus atletas, se tornou protagonista de um mesmo drama no mesmo Pacaembu. Lá em 2006, a explosão de torcedores do Corinthians, despachado pelos “Rojos” na Libertadores daquela temporada. Pois os torcedores do Santos também se enfezaram, arremessaram foguetes, tentaram arrombar o alambrado. A polícia, cassetetes em riste, repeliu. Cuca se empenhou numa vã tentativa de pacificação e de livrar um invasor que um PM imobilizava. E a Buscañan não sobrou alternativa além de encerrar o prélio e decretar a despedida bem triste, absurdamente melancólica do “Peixe” nesta Copa.
Parecia bem mais complexa a missão do Grêmio, na sua Arena de Porto Alegre, capacidade para 60.542 pessoas: compulsoriamente suplantar os Estudiantes por 1 X 0 ou por dois tentos de diferença. O resultado de 2 X 1, como na ida de Quilmes, levaria ao bingo dos penais. Triunfo por um gol de folga, tipo 3 X 2 ou 4 X 3, privilegiaria o elenco platino por causa do valor dobrado que as regras da Libertadores concedem aos tentos do visitante. E logo aos 6’ o amuleto Jael, que Renato Portaluppi colocou no posto do irregular André, tocou ao espertíssimo Éverton, e o recém convocado por Tite para a seleção, de maneira deliciosa, iludiu dois beques e fez Grêmio 1 X 0.
Pena, meros 120 segundos depois, em barbeiragem dupla de Joílson e de Geromel, a pelota sobrou para Rodríguez, que superou a saída de Marcelo Grohe e celebrou, 1 X 1. E daí, como no Pacaembu, o cronômetro se transformou no principal adversário da perfeição. E o ótimo arqueiro Mariano Andújar brilhou em três intervenções. E a zaga de Nélson Vivas se mostrou uma fortaleza inexpugnável. Então, nos acréscimos dos acréscimos, Luan cobrou uma infração quase na linha de fundo e Alisson, um reserva, que havia entrado, após o intervalo, no posto de Ramiro, roçou de cocuruto, 2 X 1, e empurrou a luta ao bingo dos penais. O Grêmio, que havia desperdiçado 4 dos últimos 5 no Brasileiro, converteu todos, 5 X 3, e comemorou.
Eis os outros combates dos brasileiros:
DIA 29 – Quarta-Feira
CORINTHIANS X COLO-COLO (Chi)
Arena Corinthians, São Paulo
Capacidade: 47.605 espectadores
Árbitro: Néstor Pitana (Arg)
Retrospecto: 12 jogos (4vit X 3vit – 17 gols a 13)
Na ida, em Santiago, Colo-Colo 1 X 0
CRUZEIRO X FLAMENGO
Mineirão, Belo Horizonte
Capacidade: 61.846 espectadores
Árbitro: Andrés Cunha (Uru)
Retrospecto: 93 jogos (36vit X 31vit – 119 gols a 120)
Na ida, no Rio, Cruzeiro 2 X 0
DIA 30 – Quinta-Feira
PALMEIRAS X CERRO PORTEÑO (Par)
Allianz Parque, São Paulo
Capacidade: 43.713 espectadores
Árbitro: Germán Delfino (Arg)
Retrospecto: 10 jogos (5vit X 1vit – 24 gols a 10)
Na ida, em Assunción, Palmeiras 2 X 0
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