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O estilo melódico do livro do PVC sobre o quinto Mundial do Brasil

Em mais de 300 páginas de reportagem, descrições, lembranças, bastidores, estatísticas, Paulo Vinícius Coelho faz mais do que jornalismo e se destaca num texto que chega junto da literatura

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti


O PVC e a capa do livro
O PVC e a capa do livro

Sem brincadeira, seríssimo, mesmo, ninguém pense que eu pretenda estabelecer qualquer nesga de relação entre o compositor Richard Wagner e o Futebol. E nem imagino que o meu colega e meu jovem amigo, o jornalista Paulo Vinícius Coelho, 53, afetuosamente já consagrado como o PVC, escuta ópera enquanto escreve. Digamos, a “Cavalgada das Valqúirias” ou outra magia do alemão. De todo modo, ao ler o seu “5 Estrelas – A Conquista do Penta” (Ed. Letras do Brasil, 306 pag.), uma revisita do título arrebatado na Copa da Ásia, Coreia do Sul e Japão, exatas duas décadas atrás, me ocorreu a lembrança do “leitmotiv”, o tecnicismo que Wagner usava nas suas composições: a repetição, aqui e ali, de uma frase curta, ou de um tema, de maneira a criar uma ênfase melódica, ou a reforçar o raciocínio.

Cafu e Felipão com a taça, de volta do Brasil
Cafu e Felipão com a taça, de volta do Brasil

Uma peculiaridade cativante distingue os textos do PVC. Ele redige como fala, e o recurso do “leitmotiv” provém, com certeza, da sua longa experiência de comentarista de TV. Ao microfone, diante das câmeras, quase sempre se torna indispensável rememorar, aqui e ali, os detalhes de um mote em discussão. E, no caso de “5 Estrelas”, agrega colorido a um relato já bem conhecido e, provavelmente, mesmo para os não especialistas no assunto, já esgotado: o trajeto da seleção de Luiz Felipe Scolari, o Felipão, no rumo do título daquela competição. Eu testemunhei, profissionalmente, a Copa da Ásia. E, ainda assim, graças a várias revelações dos seus bastidores, que até eu mesmo desconhecia, mas basicamente graças ao estilo do autor, o livro me arrebatou, do tipo de lamber os dedos ao terminar.

Cafu, no seu Jardim Irene
Cafu, no seu Jardim Irene

Não vou desvendar mistério nenhum, para não estragar o prazer da sua descoberta. Abro um exemplo, todavia, de como funciona o “leitmotiv” no livro do PVC. Num certo momento ele trata do fiasco da França, campeã em 1998 e eliminada logo na fase de grupos de 2002. Fala da lesão que obrigou o seu capitão, Zinedine Zidane, a vestir uma proteção na coxa esquerda. Em um parágrafo, sugere que “faltava mais do que Zidane” à França. Logo em seguida, aperta: “E não era apenas a ausência de Zidane”. E enfim, quando o capitão retorna às ações, no sacrifício: “Parecia outro Zidane”. Apenas um belo estilo, porém, não valeria nada se o PVC não recheasse o seu trabalho das minúcias que, felizmente, teimam em predominar naquilo que faz. Sem dizer que, do drama das eliminatórias, onde o Brasil por pouco não empacou, até o seu passeio pelo Jardim Irene, que Cafu homenageou ao levantar a taça, o livro mais honra a literatura do que a vanglória das boas reportagens. 

PS: Evidentemente, numa espécie de apêndice, estão as mini-biografias dos atletas do Brasil e as fichas técnicas, completíssimas, de todas as pelejas da competição, assim como os seus respectivos números e as suas estatísticas. O PVC, afinal, jamais deixa de ser o PVC da prancheta.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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