O dia mais dramático de toda a Segunda Grande Guerra Mundial
Exatos 75 anos atrás, a humilhação de Mussolini já morto, o casamento e o suicídio de Hitler e a vitória mais espetacular da FEB sobre os nazistas
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Caiu num domingo o dia 29 de Abril de 1945, exatos 70 anos atrás. Na Piazza Loreto de Milão, Lombardia, norte da Itália, os “partigiani” que, horas antes, tinham fuzilado o ditador Benito Mussolini e a sua amante Clara Petacci, sem a menor preocupação com o respeito se aprestavam a dependurar seus corpos, pelos pés, numa rústica trave da cobertura de um posto de gasolina.
Cerca de 1.040 quilômetros distante, no seu “bunker” de Berlim, capital da Alemanha, um outro ditador, Adolph Hitler, redigia as linhas derradeiras do seu testamento e esperava pela chegada da sua amante, Eva Braun, com quem se casaria pouco antes das meia-noite e com quem, na manhã seguinte, logo após o desjejum, compartilharia uma cápsula fatal de cianureto.
Paralelamente, em Lucerna, na Suíça, alheios aos dramas pessoais dos comandantes nazi-fascistas, mas certamente informados dos seus desdobramentos, Karl Friedrich Otto Wolff , um general da SS da Alemanha, e representantes do governo dos Estados Unidos, liderados por um certo Allen Welsh Dulles, que se tornaria o diretor da CIA sob Dwight Eisenhower e sob John Kennedy, formalizavam a capitulação das tropas tedescas na Itália.
Dentre tais tropas, os 14.779 homens da 148ª Divisão de Infantaria e do 90º Batalhão de Tanques da “Wermacht” de Hitler, na mesma data aprisionados pelos soldados da FEB, a Força Expedicionária Brasileira, a sua última vitória no campo de batalha da II Guerra Mundial. O triunfo, espetacular, ocorreu em Fornovo di Taro, nas imediações de Parma, região da Emília-Romagna, onde o
General Otto Fretter-Pico, cercado, sem qualquer alternativa, entregou o seu bastão de comando ao coronel Nelson de Mello (1899-1989).
O Brasil, então sob o regime do “Estado Novo”, imposto por Getúlio Vargas (1882-1954), apenas oficializou a sua beligerância contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) em 22 de Agosto de 1942. Entre 15 e 21, submarinos haviam torpedeado navios indefesos nas orlas de Bahia e Sergipe: Baependi, Aníbal Benévolo, Arará, Araraquara, Itagipe e. enfim, um sexto, o Parnaíba.
Demorou, porém, até se submeter aos apelos de Franklin D. Roosevelt (1882-1945) e aderir ao combate. Recebeu a visita do presidente dos EUA em Natal, no Rio Grande do Norte, em Fevereiro de 1943. Mas, só em Setembro de 1944 um grupo da FEB desembarcaria na Itália para lá apoiar o 371º Regimento, de afro-americanos, na expulsão dos alemães sediados em Lucca, na Toscana.
No total, a FEB ostentou um contingente aero-terrestre de 25.834 homens e mulheres em uma divisão completa de Infantaria, a 1ª DIE, uma esquadrilha de reconhecimento, e um esquadrão de caças. Seu símbolo visual, antológico, era uma cobra com um cachimbo na boca. Uma saborosa ironia em relação a críticos que afirmavam ser mais fácil uma serpente usar pito do que o País lutar na Europa. O logotipo da cobra até hoje é razão de orgulho.
A FAB, a Força Aérea, também dispunha do seu símbolo, o avestruz impetuoso com o brado “Senta a Pua”. Aliás, detalhe formidável que honra a história da FEB: antes de Fornovo di Taro, da vitória sem vítimas que se eternizou com o nome de Batalha de Collecchio, jamais, antes, naquela II Guerra, uma Divisão dos germânicos fora aprisionada todinha, na sua integralidade.
Triste contrapartida, o Brasil perdeu, mortos em ação, na campanha, 454 homens do Exército terrestre e mais cinco pilotos da Força Aérea. Ainda houve cerca de 2.000 que faleceram, hospitalizados, em decorrência dos ferimentos de combate, além de 12.000 baixas por motivos diversos, que inviabilizaram a permanência em ação. Como homenagem da Itália, se construiu em Pistoia, vizinhança de Florença, um cemitério que abrigou os mortos até 20 de Junho de 1962, quando os governo os trouxe de volta à sua pátria.
Lá, em 1967, brotou um memorial, projeto do arquiteto Olavo Redig de Campos (1906-1984). Sob a liderança do Marechal Mascarenhas de Moraes (1883-1968), de dois Generais, Cordeiro de Farias (1901-1981) e Zenóbio da Costa (1893-1963), além de 892 oficiais, como um saldo numérico des seus sucessos na Velha Bota a FEB somou a captura de mais de 20.000 homens, 80 canhões, 1.500 jipes viaturas e e blindados, e até mesmo 4.000 cavalos.
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