No sábado do "Paulistão/2019", o Santos ganha o maior destaque
Por 2 X 0, no Pacaembu, bateu o Red Bull Brasil de Campinas, enquanto que o Palmeiras, no Interior, apenas arrancou o empate ao Novorizontino, 1 X 1
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Dos quatro clubes que, neste sábado, dia 21 de Março de 2019, participaram das quartas-de-final do Campeonato Estadual de 2019, o Santos mereceu o maior destaque. Anfitrião, na Paulicéia, do Red Bull Brasil de Campinas, sobrepujou o inimigo, com razoável sossego, 2 X 0. Mesmo em viagem ao Interior, sem debates o Palmeiras era o preferido dos apostadores. Claro, o receptor do patrocínio mais caro do País, o dono do elenco mais alentado. No entanto, decepcionou. Com uma atuação sofrível, emperrou na retranca e na determinação física do Novorizontino, e estacionou num empate de 1 X 1.
Estranhamente, o estádio Jorge Ismael de Biasi, de Novo Horizonte, ficou distante da sua lotação máxima de 18.000 pessoas, quase a metade da população da cidade, 40.000. Meros 4.925 torcedores curtiram a expectativa de que o “Tigre do Vale” atrapalhasse o sonho do “Verdão”, que deslocou cerca de 1.200 fãs ao evento, 410 quilômetros longe da capital. Havia lógica na escassez de crença. Em seu cartel, o “Tigre” só exibe um honroso vice no torneio estadual de 1990, contra um adversário que não alcança o topo do pódio desde 2008 mas que acumula 22 troféus. O Novorizontino, aliás, perdera as suas 4 partidas anteriores contra o Palmeiras: 1 gol X 14 tentos.
Ex-zagueiros, ambos operativos, sem destaque além do aguerrimento, lideram os dois elencos. Roberto Fonseca, 56 de idade, uma passagem pelo São Paulo que levantou o título em 1985, armou o seu “Tigre” na cautela e nas pontadas de segurança. Nada mais adequado para quem, na fase de grupos, havia obtido 20 pontos em relação aos 25 do “Verdão” de Luiz Felipe Scolari, um treinador 14 anos mais velho e na sua porfia de número 100 no Estadual.
Apenas de salário o Felipão recebe, por mês, duas vezes e meia os R$ 200 mil da compacta folha de pagamento do Novorizontino. Todavia, a tática de Fonseca funcionou melhor do que o poder econômico do Palmeiras. Aos 38’, numa investida isolada, Murilo Henrique desfrutou uma falha de Antonio Carlos, supostamente ajeitou a bola com o braço e desferiu um petardo de 30 metros. Sem opção, o arqueiro Fernando Prass rebateu justamente na direção de Cléo que, esperto, capturou a sobra e registrou 1 X 0. Estréia do VAR no “Paulistão”, Thiago Duarte Peixoto, o responsável pelo equipamento, não viu irregularidade no movimento e Rafael Claus, no gramado, validou o gol.
Aos 54’, o VAR, Rafael Claus, Antonio Carlos, Murilo e Prass protagonizariam um outro lance polêmico. Toque de mão do zagueiro, uma dúvida do árbitro no gramado que o VAR solucionou com um penal a favor do “Tigre”. Murilo cobrou e o arqueiro, acrobaticamente, espalmou. Equívoco fatal, intervenção providencial. Daí, aos 65’, numa combinação de três substitutos no farto elenco do Felipão, o meia Lucas Lima iniciou uma jogada em que Felipe Pires, diante da meta de Oliveira, furou no chute mas Arthur Cabral corrigiu e o “Verdão” cravou 1 X 1. Obviamente um resultado melhor que uma derrota. O Felipão, de todo modo, não se despediu feliz de Novo Horizonte. Ainda que permaneça favoritíssimo para o seu retorno em casa.
Em reformas a sua Vila Belmiro, o “Peixe” mandou no Pacaembu, 37.360 lugares, a sua peleja contra o “Touro Loko”. Indiretamente, uma ótima solução, também, para os seus problemas de caixa. Pena que a platéia tenha se limitado aos 20.615. Aliás, aflito com a moral dos seus atletas, de estipêndios super-atrasados, o treinador Jorge Sampaoli chegou a oferecer ao clube, como uma saída de emergência, como um tapa-buraco, os seus rendimentos.
Antonio Carlos Zago, o seu rival na comissão técnica do visitante, não desdenhou da perspectiva de atuar num estádio maior. Ao contrário. Por não dispor de um campo seu, o “Touro” recorre ao Moyses Lucarelli da Ponte Preta, no qual não consegue reunir 13.000 pessoas. Zago até considerou excelente a chance de o segundo cotejo também se realizar na capital. Confiava na performance dos seus pupilos, capazes da melhor performance da fase de grupos, 27 pontos contra 23 do Santos, e a garantia de talvez decidir todos os mata-matas na sede veneranda da “Macaca”.
Sampaoli, no entanto, surpreendeu Zago pela intensidade dos seus rapazes desde o apito inicial do árbitro Douglas Marques Flores, que se obrigou a recorrer ao VAR, logo aos 7’, para anular um gol do impedido Diego Pituca. O vídeo livrou a bequeira do “Touro” de uma crítica feroz. Havia dormido imperdoavelmente no lance. O “Peixe”, de todo modo, não esmoreceu. E, logo aos 10’, Carlos Sánchez cobrou uma infração em diagonal e de novo a zaga do Zago fraquejou. A pelota cruzou a área do RBB e acabou por descansar no canto oposto do surpreendido e por isso atrasado Júlio César.
Sem se abalar com a desvantagem, em diversas ocasiões o “Touro” exigiu a eficiência do Santos, principalmente do arqueiro Vanderlei. Exagerou, porém, no tique-taque de passes curtos, laterais. E, quando mais tinha o controle de bola, numa triangulação magnífica entre o equatoriano Copete, o uruguaio Sánchez e Diego Pituca, o brasileiro de Mogi Guaçu alinhavou o triunfo, 2 X 0. O uruguaio, a propósito, fulgurou como o melhor da porfia, o melhor de todo este sábado no Paulistão. Enquanto o Palmeiras, na próxima terça, no seu Allianz Parque, necessitará de um sucesso para seguir às semis, o Santos, em Campinas, no caso o RBB não se decidir, mesmo, por colocar a pugna de volta no Pacaembu, até poderá sofrer uma derrota por um tento de diferença.
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