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Silvio Lancellotti - Blogs

Milan X Napoli, saudades daquele grande clássico de 30 anos atrás

Ao menos entre 1987 e 1994, o duelo entre os "rossoneri" e os "azzurri" foi o mais importante da Bota. Neste sábado, 26, um reencontro em San Siro.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Diego Maradona e Ruud Gullit, os astros rivais daqueles idos
Diego Maradona e Ruud Gullit, os astros rivais daqueles idos

Três décadas atrás, quando a Internet mal engatinhava no planeta, ao lado do xará Sílvio Luiz e do saudosíssimo Giovanni Bruno (1935-2014), praticamente em todas as manhãzinhas de domingo eu já vivia o raro privilégio de somar o meu prazer pelos esportes á minha profissão de jornalista: pela Band, eu comentava o Calcio, o Futebol da Velha Bota dos meus ancestrais.

Eram os tempos em que dois clubes, Milan e Napoli, dominavam as ações. Propriedade de Corrado Ferlaino, um empresário que acabaria por falir, o Napoli, então, abiscoitou os dois únicos títulos da sua história, 1987 e 1990. Dominado por Silvio Berlusconi, um cidadão polêmico que acabaria Premier, em 1988 o Milan levantou o seu troféu de número 11 e se tornaria tri, de 1992 a 1994, inclusive com um certame invicto para iniciar a lista.

Careca, Maradona e Alemão, em 1990
Careca, Maradona e Alemão, em 1990

O Napoli ainda foi o vice em 1988 e 1989. No percurso, ostentou dois personagens opostos no posto de treinador, o exuberante Ottavio Bianchi e o sisudo Albertino Bigon. Integraram o seu elenco craques da “Squadra Azzurra” como o zagueiro Ciro Ferrara, os meio-campistas Bagni, Zola e Nando de Napoli, os atacantes Bruno Giordano e Andrea Carnevale, além dos brasileiros Alemão e Careca, mais Dieguito Maradona em plena forma.

Marco Van Basten e Arrigo Sacchi, em 1992
Marco Van Basten e Arrigo Sacchi, em 1992

O Milan foi o vice em 1990 e 1991, antes de engatar no seu tri, construído por Arrigo Sacchi, que assumiria a “Azzurra” e a conduziria ao segundo lugar na Copa dos EUA/94. Sacchi implantou no “Diavolo” uma defesa extraordinária, com Tassotti, Costacurta, Franco Baresi e Paolo Maldini. E abusou do brilho de Roberto Donadoni, um ala excepcional, e dos três holandeses contratados pela grana de Berlusconi, o multímodo Frank Rijkaard, o versátil Ruud Gullit e o artilheiro Marco Van Basten. A tal grupo ultra-precioso o seu herdeiro Fabio Capello, de 1991 a 1996, ainda agregaria o talentoso médio Demétrio Albertini, herdeiro, na posição, de Carlo Ancelotti, hoje o treinador do Napoli.


O estádio de San Siro
O estádio de San Siro

Neste sábado, 26 de Janeiro de 2019, pela rodada 21 do torneio nacional da temporada, vão-se enfrentar, no San Siro da capital da Lombardia, o Milan e o Napoli. Pena que sejam um “Diavolo” e um “Burro” bem diferentes daqueles de três décadas atrás. Basicamente, em função da situação de ambos na tabela, dominada pela Juventus de Turim, a heptacampeã da Bota, agora com 56 pontos em 60 disponíveis, 18 vitórias e 2 empates em 20 prélios.

O Napoli ocupa a segunda colocação – mas, com meros 47 pontos, 15 vitórias, 2 empates e 3 derrotas. E o Milan, pior ainda, alojado no quarto degrau da classificação, meramente batalha por uma chance na próxima Champions League da Europa: 34 pontos, 9 vitórias, 7 empates e 4 derrotas.


Berlusconi e algumas das suas posses
Berlusconi e algumas das suas posses

Propriedade quase ditatorial de Silvio Berlusconi desde 1986, em 5 de Agosto de 2016 o Milan se emaranhou em uma negociação confusérrima com o grupo chinês de um certo Li Yonghong, um suposto bilionário da edificação de condomínios, da indústria de embalagens e de minas de Fósforo.

Logo se descobriu que a fortuna da família de Li havia nascido do golpe da “Pirâmide de Dinheiro” e que havia lesado 18.000 incautos. Só em 13 de Abril de 2017 Adriano Galliani, um sub de Berlusconi no clube, anunciou que, pelo equivalente a R$ 3 bi, além da absorção de uma dívida de quase R$ 900 mi, ele vendera o Milan a um fundo de investimentos, o Elliott Management.


Maradona e Ferlaino, em 1990
Maradona e Ferlaino, em 1990

Ferlaino mandou no Napoli de 1969 até os meados da década de 90, quando o Fisco da Itália passou a acusá-lo de fraudes sucessivas. Em 1998 o “Burro” caiu à Série B, retornou à A duas “stagioni” depois, voltou a desabar em 2001 e, em 2004, irremediavelmente acabou extinto por uma decisão judicial.

Aurelio de Laurentiis, bilionário do cinema, sobrinho e filho de dois produtores de antologia, Luigi e Dino, adquiriu os despojos, resgatou o Napoli sob uma nova denominação legal, conseguiu reconduzi-lo à Série A em 2007, arrebatou a Copa Itália em 2012 e em 2014, e fundamentalmente transformou o “Burro” no principal adversário da “Velha Senhora” nas atividades domésticas.

Aurelio de Laurentiis
Aurelio de Laurentiis

De 2012 até a temporada atual a Juve abiscoitou o “scudetto” quase sempre com tranqüilidade. O Napoli foi o seu vice em 2013, 2016 e 2018, foi o terceiro colocado em 2014 e em 2017. Agora, além de suplantar o Milan no San Siro, precisa torcer para que a Lazio (sexto posto, 32 pontos), neste domingo, em Roma, sobrepuje a lideríssima e ainda detone a sua invencibilidade.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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