Felizmente, para a Prefeitura de São Paulo e para a sua Secretaria de Turismo, que administram o Autódromo José Carlos Pace, na região de Interlagos, Zona Sul da megalometrópole, existe um Eduardo Kobra, pichador que se tornou grafiteiro e que, enfim, se consagrou no mundo inteirinho como um dos principais muralistas da arte contemporânea. Não fossem a paixão e o talento de Kobra e passaria despercebida a data de 12 de Maio de 2020, quando o venerável autódromo completou os seus gloriosos oitenta anos.
A magia de Kobra, um paulistano de 45 anos de idade, no batismo Carlos Eduardo Fernandes, entregue à coloração urbana desde 1987, já se espalha do Oiapoque ao Chuí, das Américas ao Oriente, sempre o fruto de um amor raro pelo detalhismo e do seu compromisso com a eternização de recados de paz, de tolerância e de solidariedade. Com os seus pincéis, os seus sprays e a sua equipe, ele retratou figuras cruciais de Anne Frank a Teresa de Calcutá, do Dalai Lama a Nelson Mandela, do Mahatma Gandhi a Martin Luther King, de John Lennon a Salvador Dali, e inclusive Michelângelo Buonarroti com um deslumbrante “David” nas montanhas de mármore da Carrara do gênio.
Neste ano, em que Ayrton Senna da Silva completaria os seus 60 de idade no dia 21 de Março, Kobra propôs, aos responsáveis pelo autódromo, recordar o exato momento da comemoração do primeiro triunfo do campeão na F1 em São Paulo, quase coincidência, no dia 24 de Março de 1991. A Secretaria lhe cedeu uma empena, a parede cega de 10m X 27m, no principal edifício do lugar. E Kobra já teria exposto a maravilha não eclodisse a cruel pandemia da Covid-19. A inauguração, meramente virtual, acabou por ocorrer às 17h00 desta terça, na data em que o autódromo faria uma festa presencial.
Senna é um personagem essencial no trabalho de Kobra. Aparece em uma tela pequena e em onze de seus painéis, um dos quais exatamente em Ímola, onde o piloto sofreu o seu acidente fatal em 1º de Maio de 1994. Ele admite: “O Senna é uma presença forte na minha vida, o modelo de superação, importante para que eu mantivesse o foco e a fé. Sempre sonhei em pintar o Senna em Interlagos.” E, de fato, Kobra cumpriu bem o seu papel. Agora, resta à administração do autódromo criar outras honrarias, por exemplo, a José Carlos Pace, o Moco, que dá o seu nome ao lugar, e a tantas outras figuras basilares de Interlagos, do pioneiro Chico Landi (1907-1989) até os Fittipaldi e os Piquet, Rubinho Barrichello e Felipe Massa etcetera etcetera...
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