Ineditamente, um Corinthians e Palmeiras com o público zero
Pela primeira vez, em 103 anos do "Derby", um duelo sem torcida. E dizer que São Paulo contra o "Timão", em Fevereiro, teve uma plateia recorde.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Quem me lê que me perdoe. Mas, ao invés de me alegrar, sou obrigado a iniciar este texto com uma manifestação de perplexidade. Nem eu mesmo acredito que não falo do Futebol Paulista desde 19 de Fevereiro, ou quatro meses e algumas caqueradas atrás. Tratei, então, de uma peleja no Morumbi, entre o São Paulo e o Corinthians, placar de 0 X 0, diante de uma platéia de 44.208 pessoas, exclusiva do “Tricolor” dono da casa, a barbaridade que o conceito de “Segurança com Torcida Única”, coisa da PM e do Ministério Público, insistia em manter no certame, então, apenas, na sexta rodada.
Como já faz quase uma eternidade, também me sinto compelido a explicar a gloriosa bizarrice que caracteriza o chamado Paulistão da Série A, que tem um total de 16 equipes, subdivididas em quatro chaves. Insolitamente, numa etapa preliminar, as agremiações só desafiam as 12 das outras três chaves.
Uma tabela de pontos ganhos define as duas melhores de cada grupo, as quais então se digladiarão nas quartas-de-final, em partida única, com o mando daquela de melhor performance. Nos casos de igualdade, cada resultado se decidirá, sem prorrogação, na loteria dos penais.
A etapa seguinte, das semis, levará em consideração o global dos pontos amealhados até então, 1º versus 4º e 2º versus 3º, no campo daquela de melhor desempenho. Só no desafio pelo título ocorrerão duas porfias, a segunda na casa da melhor no geral. VAR? Sim, mas a partir das quartas.
Aquele público de São Paulo X Corinthians representou o recorde do Paulistão até aqui. E um recorde, aliás, que não será superado pois o campeonato, interrompido pela Covid-19, retoma as suas ações, nesta quarta-feira, sem a presença de um único e escasso torcedor. Como, desde o texto de 19 de Fevereiro, eu me dediquei a outros motes, pego o torneio já na rodada 11.
Nesta quarta-feira, dia 22, o combate mais significativo anteporá, na Arena ainda-sem-nome de Itaquera, o Corinthians, 11 pontos, só o terceiro colocado do Grupo D e quase eliminado, e o Palmeiras, o vice do B, 19, quase promovido. Será o Derby de número 363 na história. O “Timão” e o “Verdão” compartilham a quantidade de vitórias, 127 cada qual. Nunca, todavia, se defrontaram, antes, em 103 anos, com platéia absolutamente zero.
Vencer, obviamente, deixará eufóricos os fanáticos pelo Corinthians. Não melhorará muito, porém, as suas ralas chances de classificação. Caso bata o Palmeiras subirá a 14 pontos, ainda atrás do Guarani (16) e do Bragantino Red Bull (17), que se digladiarão, na quinta, 23, supostamente como visitantes, pois sem público, claro, contra Botafogo de Ribeirão Preto e São Paulo.
Assolam o “Timão”, também, as conseqüências exclusivamente médicas da pandemia. Na sua reapresentação, em 21 de Junho, clamorosamente, 21 dos 28 integrantes do elenco do azarado treinador Tiago Nunes acusaram estar contaminados e voltaram à quarentena. Dias atrás, o volante Cantillo, um dos raros destaques do time, retornou ao isolamento. Haja esperança...
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