Felipão, um treinador que ganha jogo e ganha título, parabéns!
De como o gaúcho de Passo Fundo assumiu o comando de um elenco excelente, porém mal aproveitado, e o transformou num campeão
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Aos 70 anos de idade, recentemente completados no dia 9 de Novembro, o gaúcho Luiz Felipe Scolari, o Felipão, acaba de se consagrar o mais velho campeão brasileiro de Futebol e, também, talvez o primeiro profissional da sua modalidade a efetivamente atestar que, sim, um treinador ganha jogo e, muito melhor, brilhantemente conquista um título nacional.
De volta ao Palmeiras, largamente superou os 65 anos de Antonio Lopes no Corinthians de 2005. E, com o mesmo elenco de seus antecessores imediatos (Eduardo Baptista, Alexi Cuca Stival, Alberto Valentim, Roger Machado), desde que assumiu, em 5 de Agosto, coleciona números que podem transformá-lo no maior da história do clube, acima de Oswaldo Brandão (1916-1989).
Naquela data o “Verdão” realizou a sua 17ª partida no certame de 2018 e somente se igualou, 0 X 0, em Belo Horizonte, ao América Mineiro. Com 27 pontos ganhos, meramente ocupava a 6ª colocação, muito atrás do São Paulo, o líder com 35, e do Flamengo, vice com 34. Mas, neste domingo, 25 de Novembro, quando bateu o Vasco da Gama por 1 X 0 e assegurou o laurel, passou a exibir 77 pontos, 5 à frente do “Urubu” e, no momento, 15 do decadente “Tricolor”, que ainda atua nesta segunda-feira.
Diante de 21.966 pessoas em São Januário, o Felipão ainda estabeleceu o novo recorde de invencibilidade no Brasileiro, 22 pelejas em série, 21 sob a sua tutela. Antes desta sua gestão/2018, no campeonato, em 16 cotejos, o time acumulava 7 vitórias, 5 empates e 4 derrotas, 25 tentos a favor e 15 contra. Com ele no banco, até aqui somou 15 vitórias e 7 empates, 36 tentos a 9.
Esta é a terceira administração de Felipão no Palmeiras. Entre 1997 e 2000, ele abiscoitou a Copa do Brasil e a Copa Mercosul de 1998, a Libertadores de 1999 e o Rio-São Paulo de 2000. Foram 243 porfias com 122 triunfos e 60 derrotas. Entre 2010 a 2012, apenas uma Copa do Brasil na sua temporada final, foram 165 pelejas com 70 sucessos e 45 escorregões. Pena que ofusque parte desse fulgor precioso, no Brasileiro, o fato de ter claudicado na Copa do Brasil, abatido pelo Cruzeiro de Belo Horizonte na etapa das quartas.
No seu trajeto desde aquela Libertadores, o Felipão se sagrou Campeão do Mundo com o Brasil na Copa de Japão/Coréia do Sul, em 2002. Também dirigiu, todavia, e esquecivelmente, duas seleções. Na Euro/2004, que Portugal organizou, no comando das “Cinco Quinas” conseguiu perder a decisão, 0 X 1, para uma Grécia que só havia participado uma vez, antes, do evento. Na Copa de 2014, se eternizou pela sova abominável, 7 X 1 da Alemanha.
Roger Machado, a quem o Felipão substituiu, postava o seu Palmeiras num esquema às vezes irritante de toques de bola, lateralizações, carência de arremates. Claro que os gols saíam, consequência da abundância de talentos no melhor elenco do País. O “Verdão”, todavia, penava com os contra-ataques dos rivais. Basta ver quantos tentos cedeu e quantos marcou, 15 a 25.
Além de aprimorar a retaguarda, de resistir às pressões para se livrar do xerifão Felipe Melo, que se indispusera com Cuca, e do inquieto Deyverson, que Roger Machado aproveitava mal, Felipão inverteu o procedimento tático e, digamos, verticalizou o Palmeiras, graças a abundantes lançamentos em profundidade. Deyverson exemplifica bem. Com Roger, um único tento em 14 pugnas. Depois de Felipão, mesmo reserva de luxo, 8 gols em 11 jogos.
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