Enquanto sofre com a Covid-19, o Calcio já planifica o seu futuro
Na esperança de que tudo melhore em breve na Velha Bota, a cartolagem estabelece critérios e datas para o seu campeonato e para a Coppa Italia
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Um dos clubes mais tradicionais do Futebol da Itália, 18 títulos e 15 vices em 117 temporadas, neste campeonato de 2019/20 o Milan realiza uma das piores performances da sua história inaugurada em 1899. Já realizadas 26 das suas 38 partidas, acumula apenas 36 pontos dentre os 78 disponíveis e ocupa a sétima colocação – ou seja, fora da zona de classificação às duas copas do Velho Continente. De todo modo, em meio à disseminação da Covid-19, a sua torcida não desperdiça a esperança e ainda manifesta a sua solidariedade. Com uma faixa disposta num edifício bem à frente do centro de treinamento do Milan, apregoa: “Ficará tudo bem. Depois de Istambul existe Atenas”.
Por favor, ninguém confunda. Não se trata de rememorar alguma praga do passado, a transitar da Turquia até a Grécia. Mas, de relembrar que, mesmo após uma dolorosa queda sempre pode acontecer o resgate. Na final da Champions League de 2004/2005, em Istambul, o Milan abriu 3 X 0 no Liverpool, concedeu a virada e entregou o troféu nos penais. Daí, na final de 2006/2007, no Olímpico de Atenas, se vingou dos “Reds” da Terra dos Beatles pelo placar de 2 X 1. A metáfora viralizou no Twitter, com a "hashtag" #andratuttobene, onde inúmeros italianos manifestam o seu carinho pelos outros, independentemente da sua ligação com o Ludopédio.
Numa videoconferência, Gabriele Gravina, o presidente da FIGC, a Federazione Italiana Giuoco Calcio, observou que encara com três níveis de otimismo as possibilidades de a bola voltar aos campos. Oficializada a transferência, para 2021, da Eurocopa de seleções, a FIGC agora dedica toda a sua prioridade aos dois torneios nacionais. A Série A pode recomeçar em 3 de Maio, no dia 9, ou até dia 16. Como ainda existem 13 rodadas a se disputarem, deseja compactá-las em nove fins de semana e quatro “giornate” de terças a quintas. Para a Coppa Italia, Gravina pensa em fazer as semifinais em 20 e 21 de Maio e a decisão em 18 de Junho, ou deixá-la, inteirinha, para Julho.
Claro que, nesse entremeio, de alguma forma será crucial que se encaixem os jogos dos times peninsulares em ação na Champions e na Europa League, que a UEFA fantasia fechar antes de Agosto e, para tal, precisa que se retomem em 14 de Abril. Gravina perfilha essa aposta e conta com o apoio esperançoso de Vicenzo Spadafora, o ministro do Esporte: “Apenas faltará decidirmos se as pelejas terão ou não os portões abertos”. Giovanni Malagò, presidente do CONI, o Comitê Olímpico, considerou “muito lúcidas” as idéias de Gravina.
Damiano Tommasi e Renzo Olivieri, respectivamente os líderes das associações de atletas e de treinadores, apenas não admitem o “corte de estipêndios” pelo tempo parado. Nada parece inegociável neste momento de tristeza e de gravidade. Os prejuízos do Calcio já somam o equivalente a R$ 3,5 bi. Quanto mais cedo a Covid-19 permitir a volta, obviamente, melhor.
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