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Eleições no COB, dia 23: algumas naturalidades e muitas estranhezas

Nesta sexta, 48 pessoas escolherão um vice-presidente, dez membros do Conselho de Administração e cinco do enfim criado Conselho de Ética

Silvio Lancellotti|Sílvio Lancellotti

A opulenta sede do COB no Rio de Janeiro
A opulenta sede do COB no Rio de Janeiro A opulenta sede do COB no Rio de Janeiro

Nesta próxima sexta-feira, dia 23 de Março, às 10h00, na sua sede no Rio de Janeiro, enfim acontecerão as eleições que prometem modernizar o COB, o Comitê Olímpico do Brasil. Votarão os 35 presidentes de confederações, os 12 integrantes da Comissão de Atletas e Bernard Rajzman, ex-craque do Vôlei que representa o COI, o Comitê Olímpico Internacional, aqui no País.

Medalha, Fabiana Bentes (do SDE), La Porta e Marcel
Medalha, Fabiana Bentes (do SDE), La Porta e Marcel Medalha, Fabiana Bentes (do SDE), La Porta e Marcel

Há três candidatos a uma vice-presidência. José Medalha, doutor em Educação Física e ex-treinador da seleção de Basquete. Marcel Ramon Ponikwar de Souza, médico, ex-astro da seleção e também treinador. E Marco Antonio de Matos La Porta Junior, presidente da Confederação do Triatlo. Claro que Medalha e Marcel ostentam currículos admiráveis. Todavia, num recente debate que o Instituto Sou do Esporte organizou com os três, La Porta se exibiu bem mais preparado no quesito da eficiência de gestão.

A rebelião dos atletas do Levantamento de Peso: não à Enrique Montero
A rebelião dos atletas do Levantamento de Peso: não à Enrique Montero A rebelião dos atletas do Levantamento de Peso: não à Enrique Montero

Existem 10 vagas para o Conselho de Administração, 8 destinadas a presidentes de confederações e as outras 2 a contendores independentes. Dentre os 13 presidentes que se propuseram como candidatos, 4 se aboletam em tronos de confederações que sofreram, recentemente, denúncias de malversação de verbas e acusações correlatas: aquelas do Atletismo, da Canoagem, da Esgrima e do Tiro com Arco, inclusive através do testemunho de competidores. Em dois casos, até, os atletas publicamente se rebelaram. Adriana Araújo, que conquistou um bronze antológico em Londres/2012, não poupou o autoritarismo de Mauro José da Silva, do Pugilismo. Uma semana atrás, num insólito protesto contra Enrique Montero Dias, do Levantamento de Pesos, todos os 16 convocados para a seletiva do Pan da modalidade se negaram a participar em resposta à crônica falta de diálogo do cartola.

Ricardo Leyser em 2016
Ricardo Leyser em 2016 Ricardo Leyser em 2016

Consideram-se independentes aqueles candidatos que não mantêm ou não mantiveram, desde Janeiro de 2016, qualquer vínculo econômico ou jurídico com entidades do chamado Sistema Nacional do Desporto. A objeção vale para os seus parentes, afins ou consanguíneos, até o segundo grau. Dos sete independentes, já são conhecidos pela sua familiaridade com a administração do esporte: Carlos Augusto dos Santos Osso, desde a década de 80 um dirigente abnegado do Clube Pinheiros de São Paulo, um tradicional produtor de atletas olímpicos; a jornalista Maurren Flores do Valle, que mantém um blog sobre políticas públicas e esporte em “O Globo”; e ainda Ricardo Leyser Gonçalves, que chegou a ocupar o posto de Ministro do Esporte no Governo Dilma. Ao menos um outro ostenta um currículo curioso para quem pleiteia, no COB, uma incumbência, digamos, salutar: Sérgio Augusto Santos Rodrigues defende a venda de bebidas alcoólicas na margem das rodovias.

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Galdino na Marcha Atlética de Londres/2012
Galdino na Marcha Atlética de Londres/2012 Galdino na Marcha Atlética de Londres/2012

Na principal modificação promovida nos estatutos do COB, depois do desfecho da chamada “Era Nuzman”, nascerá um inédito e crucial Conselho de Ética com cinco membros. Há 16 candidatos. Dos 6 não-independentes, indicados por clubes e/ou confederações, o mais famoso é Sérgio Vieira Galdino, ex-campeão sul-americano da Marcha Atlética. O mais polêmico é Roberto Pitaguari Germanos, um advogado, demitido da ouvidoria da Secretaria do Meio Ambiente do Governo Alkmin por acumular diversas funções paralelas e conflitantes em relação às suas funções na pasta..

Alberto Murray Neto
Alberto Murray Neto Alberto Murray Neto

Dentre os 10 independentes, que se dispuseram de moto próprio, indubitavelmente se destaca o advogado e maratonista Alberto Murray Neto, também neto de Sylvio de Magalhães Padilha, ex-membro da Comissão Arbitral do Esporte de Lausanne, Suíça, e durante uma década um paladino das denúncias contra os desmandos e as arbitrariedades de Carlos Arthur Nuzman. Medalhistas olímpicos e celebridades do esporte já se manifestaram por escrito em favor da sua escolha.

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Arnaldo de Oliveira Silva
Arnaldo de Oliveira Silva Arnaldo de Oliveira Silva

Existem, ainda, candidatos naturais como Arnaldo de Oliveira Silva, bronze nos 4 X 100 Rasos dos Jogos de Atlanta/96, e Zequinha Barbosa, um ouro, duas pratas e um bronze nos 800m de campeonatos mundiais. Mas também existem estranhezas como Guilherme Augusto Caputo Bastos, Ministro do TST, o Tribunal Superior do Trabalho, que foi contra o estabelecimento da jornada de trabalho das empregadas domésticas por ser “impossível” o seu controle. Ou como Ney de Barros Bello Filho, um desembargador do TRF, Tribunal Regional Federal, cuja façanha mais interessante foi conceder prisão domiciliar a Geddel Vieira Lima, o ex-ministro dos 50mi de reais em dinheiro vivo que a PF encontrou num apartamento de Salvador. E Humberto Panzetti, campeão mundial de Braço-de-Ferro e ex-Secretário Municipal do Esporte de Indaiatuba/SP, que se apresenta, bem humorado e simbolicamente, como o representante das muitas modalidades não-olímpicas.

Humberto Panzetti, à esquerda, no "Programa do Jo", 2012
Humberto Panzetti, à esquerda, no "Programa do Jo", 2012 Humberto Panzetti, à esquerda, no "Programa do Jo", 2012

Paulo Wanderley, o atual Presidente do COB, não vota em reuniões da Assembléia Geral e, por isso, apenas supervisionará as ações. Espera-se o comparecimento unânime dos 48 habilitados. Em urnas eletrônicas, cada qual dseverá votar em um único dos candidatos a Vice-Presidente. Deverá votar em oito dos Presidentes de Confederação que são candidatos ao Conselho de Administração e em mais dois independentes. Enfim, deverá votar em cinco dos candidatos ao Conselho de Ética, com a obrigatoriedade de escolher, no mínimo, três dos independentes. Apenas no caso do Vice-Presidente se exige maioria absoluta em um primeiro turno. Na impossibilidade dessa maioria, os dois mais sufragados, então, disputam um segundo turno.

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