E 14 anos depois o Liverpool ganha o seu sexto título na Champions
Verdade que o Tottenham" sofreu um penal absurdo aos 30" de combate. Ao final, porém, os 2 X 0 dos "Reds" tornaram justa a sua conquista.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Prevaleceram a História, a tradição e os números, desde aqueles de um passado remoto até as estatísticas da atualidade. Neste dia 1º de Junho de 2019, diante de 67.829 presentes ao Estádio Wanda Metropolitano de Madrid, Espanha, e de mais de 250 milhões de espectadores diante de aparelhos de TV, o Liverpool sobrepujou o Tottenham de Londres por 2 X 0 e abiscoitou o título da Champions League da Europa na temporada. Superior em todos os quesitos, o clube dos “Reds” da Terra dos Beatles somou o seu sexto troféu contra nenhuma conquista dos “Spurs” da capital. Manteve bem larga a sua vantagem de 79 vitórias a 48 no total de 172 confrontos entre ambos. E ainda preservou a sua impressionante invencibilidade de 14 partidas diretas com o rival, 10 triunfos e 4 empates a partir de 2013.
Quando se inaugurou, em 26 de Junho de 2018, com 79 equipes das 55 afiliadas à UEFA, a entidade que organiza o Futebol no Velho Continente, esta 27ª edição da CL não incluía, entre os seus favoritos, nem os “Reds” e nem os “Spurs”. Sob o comando de Juergen Klopp, um alemão de 51 de idade, no cargo desde Outubro de 2015, o Liverpool era meramente o 12º colocado no ranking. Sob a liderança de Maurício Pochettino, um argentino de 47, no posto desde Maio de 2014, o Tottenham era o 18º. Curiosamente, nos seus idos de jogador, o platino, um zagueiro de categoria, ao menos havia envergado a camisa da sua seleção em 20 pelejas. O tedesco, um atacante medíocre que, sem opção, encerrou a carreira como beque, se transformou, de fato, num mágico estrategista, de extrair um bom leite do cascalho duro.
Apelidado “Mo-Po”, partidário da crença numa “Energia Universal”, capaz de “derrubar portas” nas situações mais intrincadas, o argentino atrubuiu à sua fé, por exemplo, a impressionante classificação dos seus rapazes à decisão de Madrid. Depois de perder, em casa, na abertura da sua semifinal, Ajax 1 X 0, o Tottenham virou o resultado nos acréscimos da sua porfia de retorno em Amsterdam, 3 X 2. Menos místico, mas um libertário, inimigo público do racismo e de outros preconceitos, também o “Kloppo” se desvencilhou de um drama na sua semi. Sovado no Camp Nou de Barcelona, 0 X 3, na volta de Anfield Road bateu Lionel Messi e os seus petulantes companheiros, 4 X 0.
Pois desta vez os “Reds” se beneficiaram, antes mesmo dos 30” da pugna, de um equívoco impiedoso do árbitro Damir Skomina, um esloveno de 42 anos, criticadérrimo por representantes de ambas as equipes, culpado de erros ostensivos em pelejas anteriores. Numa investida através do flanco esquerdo do gramado, Sadio Mané ameaçou o cruzamento sem pontaria. Um metro além do ângulo da área maior dos “Spurs”, a bola bateu no torso de Moussa Sissoko e subiu no rumo do interior do seu braço canhoto, bem junto à axila. Inexplicavelmente o mediador apontou um penal. Que Salah cobrou e colocou o Liverpool à frente, 1 X 0. O tento depressa arruinou qualquer planejamento tático do Tottenham. O “Kloppo”, sabiamente, passou a adotar os contra-ataques como prioridade. Ao “Mo-Po” restou a opção de pressionar o inimigo.
Embora mais ofensivo, no papel e na teoria, o Liverpool, também mais experiente, se adaptou depressa à situação e as suas peças rapidamente se re-encaixaram, do 4-3-3 do projeto inaugural do treinador ao 4-5-1 que o placar, tão fulminantemente, lhe propiciou. Azar de Pochettino que, mais preocupado em se proteger e em aguardar a melhor chance, havia deixado na reserva o brasileiro Lucas Moura, o autor dos três tentos do triunfo de Amsterdam. Muito pior, o “Mo-Po” também não usou o intervalo para colocar Lucas no seu elenco. Depois de permanecer um século no aquecimento, o brasileiro apenas entrou em ação aos 65’, no lugar do volante Winks. Tudo ou nada para os “Spurs”. Que, de fato, tentaram de tudo e mais um pouco.
Apareceu no proscênio, então, a figura preponderante do arqueiro Alisson Becker, gaúcho de Novo Hamburgo, 26 anos, quatro super-intervenções. Seguros os alicerces por Alisson, aos 82’ Divock Origi, um belga de sangue queniano que aos 58 havia substituído outro brasileiro, o alagoano Roberto Firmino, acertou um petardo cruzado, de esquerda, sem chances para Lloris, “Reds” 2 X 0. Enfim o título da Champions League, o seu sexto, o primeiro desde 2005. Ironia: como o astro da porfia a UEFA elegeu o zagueiro Virgil van Dijk. Um craque, de verdade. Por justiça, todavia, o laurel caberia a Alisson.
E se acabou a edição 64 da CL, a sua 27ª desde 1991/92, na última temporada em que, noutro formato, se chamava European Champions Cup. Esta CL principiou em 26 do Junho, com 79 times das 55 afiliadas à UEFA. Depois de cinco eliminatórias, de uma etapa de grupos, das oitavas, as quartas, as semis e a decisão, um total de 216 jogos, nos quais se anotaram 576 gols, a média de 2,67 e a merecida re-glorificação dos “Reds” do “Kloppo”. Dos grupos em diante, em 125 partidas houve 366 tentos, a média de 2,93. Precisos 6.167.601 espectadores viram as 125 porfias, 49.340 por jogo. E “God save the Queen!”
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