De novo brilha a zebra, quer dizer, a lhama, e o Peru despacha o Chile
Mais uma atuação extraordinária do arqueiro Gallese, e uma aula-magna de tática do argentino Gareca diante do impotente colombiano Rueda
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Depois do triunfo do Brasil sobre a Argentina, 2 X 0, na noite de terça-feira, no resgatado Mineirão, no decorrer desta quarta, 3 de Julho, os especialistas em Futebol dos programas jornalísticos de televisão se emaranharam em um debate inutilmente especulativo: qual seria, entre Peru e Chile, o inimigo mais conveniente, para a “Canarinho”, na peleja que decidirá o título da Copa América de 2019. Como se, numa final, possa existir um time mais frágil.
Por uma razão ostensivamente óbvia, na imensa maioria os cronistas de plantão votaram no Peru. Sorteada para o mesmo grupo do Brasil na fase de classificação, no dia 22 de Junho a equipe de “La Inca” levou uma surra danada, 5 X 0. Do outro lado, “La Roja” do Chile é a detentora do bi da competição: levantou a taça em 2015 e em 2016. Porém, o desenrolar do prélio, realizado na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, 33.058 espectadores, atestou que o rival supostamente fraco é quem vive o momento feliz. Ou, numa metáfora zoológica, a lhama, que era zebra, prevaleceu.
Na história do desafio, apesar da sua derrota no combate inicial, em Lima, a capital do Peru, pela Copa América de 1935, placar de 0 X 1, em 80 prélios o Chile ostentava o dobro de vitórias, 44 X 22, e uma ótima folga no volume de tentos, 130 X 104. Todavia, foi “La Inca”, coordenada pelo platino Ricardo Gareca, ex-treinador do Palmeiras, quem logo se demonstrou superior a “La Roja”, orientada pelo colombiano Reinaldo Rueda, um ex-São Paulo.
Aos 20’, num lance que viajou horizontalmente por toda a área do Chile, o santista Cueva cruzou, Carrillo desviou de cocuruto e, no outro poste, Édison Flores arrematou. O elenco de Rueda acusou o golpe e refluiu, pressionado desde a sua titubeante saída de bola. Quando atacou, foi estabanadamente. E então, aos 37’, em profundidade, Advíncola lançou Carrillo, que galopou através do flanco direito do campo. O arqueiro Gabi Árias, grotescamente, tentou cercá-lo, quase na haste do córner, e levou um drible desnorteante. Carrillo cruzou e, na meia-lua, a meta escancarada, Yokun fulminou, 2 X 0.
Ironia: até então, Paolo Guerrero, o super-astro de “La Inca”, mal havia tocado na pelota. Todavia, mesmo os seus companheiros pouco famosos pareciam iluminados. Obviamente autorizado por Gareca, algum funcionário da Comissão Técnica da sua seleção tinha enchido uma prateleira do vestiário com adereços religiosos. E, nas ocasiões em que “La Roja” se esforçou para diminuir a vantagem, esbarrou no arqueiro Pedro David Gallese, que já havia catado uma penalidade máxima de Gabriel Jesus, e que já tinha salvo “La Inca”, na loteria das onze jardas, contra o Uruguai, nas quartas-de-final, 5 X 4.
Já nos acréscimos, enfim, despontou a estrela de Paulo Guerrero, que desfrutou uma enfiada de Tápia, suplantou outra saída estapafúrdia de Árias e cravou os 3 X 0. “La Roja” ainda obteve a chance do gol de honra. Penalidade máxima cobrada por Vargas, numa cavadinha petulante, que Gallese, brilhante, apanhou com uma só mão. Agora, na decisão, programada para as 17h00 do domingo, 7 de Julho, Brasil e Peru se digladiarão pela 44ª vez.
Já aconteceram 30 triunfos da “Canarinho” e apenas 4 de “La Inca”. Nos gols, 90 X 29. Nas 46 edições anteriores da Copa América, o Brasil acumulou 8 conquistas, a mais recente em 2007, na Venezuela. O Peru apenas levantou a taça em duas oportunidades: em 1939, dentro de casa, em 1975, quando a competição não ocorria numa única sede. Na sua capital, Bogotá, a Colômbia ganhou por 1 X 0. Em Lima, o Peru fez 2 X 0. Houve uma terceira peleja em campo neutro, Caracas, Venezuela, “La Inca” 1 X 0.
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