Com três gols e um recorde de Benzema, o Real despede o PSG
Placar de 3 X 1 no Bernabéu, atuação espetacular de Luka Modric e lamentável de Lionel Messi. Na outra partida desta quarta-feira, 9 de Março, mesmo com 0 X 0 o Manchester City eliminou o Sporting.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
De maneira devastadora o Bayern. Porém, num sufoco o Liverpool. Desses modos bem contrastantes transcorreram, na terça-feira, 8 de Março, as primeiras duas promoções às quartas de final da Champions League, ou ChL, a Liga dos Campeões da UEFA, a entidade que cuida do Futebol no Velho Continente, temporada de 2021/2022. E agora, nesta quarta, dia 9, a disparidade prosseguiu. Enquanto o Chelsea, ganhador em Lisboa por 5 X 0, se contentava no 0 X 0 com o Sporting, no seu Santiago Bernabéu o Real Madrid, derrotado em Paris por 0 X 1, padecia muito até eliminar o PSG, 3 X 1, sem a necessidade do drama dos 30’ suplementares. Em Junho de 2021 a UEFA aboliu a velha regra datada de 1995 que dobrava o valor dos gols feitos em viagem sempre que houvesse a igualdade em pontos e uma mesma diferença de tentos. Caso vencesse por 2 X 1, claro, haveria prorrogação e se necessário a loteria dos penais. Não houve. Eis as sínteses dos cotejos da quarta:
REAL MADRID (Esp) 3 X 1 PSG (Fra)
Madrid, Santiago Bernabéu, 81.044 lugares
Público: 59.895
Árbitro: Danny Makkelie (Nee, ex-Hol)
Gols: Mbappé X Benzema/3
Na ida: PSG 1 X 0
No agregado: Real Madrid 3 X 2
Os “Merengues” subiram ao gramado do seu Bernabéu com duas obrigações paralelas a cumprir. Interromper a irregularidade que lhes custou duas despedidas, na fase das oitavas, nas três últimas competições. E se desfazer de um incômodo inesquecível, datado de 27 de Abril de 2011. Então, numa das semis da Champions, no mesmo estádio, com a camisa 10 do Barcelona, um certo Lionel Messi, aos 23 de idade, no final da peleja, registrou dois tentos e cravou um placar de 2 X 0 que, somado ao 1 X 1 do Camp Nou, levaria os “Blaugrana” à decisão e daí ao título, 3 X 1 no Manchester United. Conseguiria Messi, agora nos “Parisiens”, de novo silenciar o Bernabéu? Nada. Nem de longe ele se aproximou...
A torcida dos “Merengues” não o elegeu como um alvo primordial de apupos. De todo modo, Messi se escondeu do duelo até um lampejo ofensivo, de fato perigoso, aos 30’. Mas seria Mbappé, outra vez, o carrasco do Real. Aos 39’, depois de quatro momentos de muita pressão contra a meta de Donnarumma, a pelota sobrou, entre a meia-lua e o círculo central, para o pé canhoto de Neymar. Que, de primeira, lançou o talvez futuro craque dos “Merengues”. Mbappé investiu, veloz, e fulminou Courtois. Um castigo para o time de Carlo Ancelotti, de repente cabisbaixo no seu banco enquanto Maurizio Pochettino delirava.
Ancelotti, aliás, demorou a alterar o seu time. Só aos 57’ colocou Rodrygo no lugar do ausentíssmo Asensio e o garoto francês Eduardo Camavinga, de sangue angolano, na posição do gelado Tony Kroos. Então, aos 62’, numa das suas barbeiragens típicas, Donnarumma recebeu uma bola atrasada e, acuado por Benzema, tentou o fricote de um drible. Fracassou canhestramente. A pelota sobrou para Vinícius Jr. que devolveu a Benzema que apenas empurrou às redes vazias. Óbvio que, imediatamente, o Real ressurgiria. Aos 76, numa jogada espetacular de Luka Modric, que deixou Benzema livre à frente de Donnarumma. E aos 78, numa tolice indesculpável do capitão Marquinhos, que desarmou Vinícius Jr. mas entregou a pelota a ele, o heróico Benzema, 3 X 1.
Moralmente destroçados os “Parisiens”. Precisariam de uma distração ou uma estupidez dos “Merengues” para se credenciarem à prorrogação. Danny Makkelie, impecável no apito, concedeu 4’ de acréscimos. Enquanto Mbappé já pensava no futuro fardamento e Messi coçava a cabeça e mal digeria a sua patética pugna, o impressionante Luka Modric regia seus companheiros no rumo de um sucesso inolvidável. Um detalhe: aos 34 anos e 80 dias, Benzema se inscreveu na bela história da Champions League como o jogador mais velho a anotar o chamado “Hat Trick” em um combate. Seu compatriota Olivier Giroud tinha 34 e 63 dias quando cravou três gols para o Chelsea nos 4 X 0 sobre o Sevilla em 2020.
MANCHESTER CITY (Ing) 0 X 0 SPORTING (Por)
Manchester, Etihad Stadium, 53.400 lugares
Público: 51.213
Árbitro: Halil Umut Meler (Tur)
Na ida: Manchester City 5 X 0
No agregado: Manchester City 5 X 0
Ironia descomunal: nas oito ocasiões anteriores em que brigaram, em mata-matas, contra equipes da Inglaterra, os “Leões do Alvalade” se safaram em todas. No entanto, depois de sofrerem uma sapecada de 0 X 5 em Lisboa, a imperiosidade de, no Etihad, reprisarem tal diferença de tentos se tornou uma tarefa para meia-dúzia de alcatéias. O inquieto treinador dos “Citizens”, Pep Guardiola, não necessitou estimular os seus pupilos com a lembrança de que, no símbolo da Inglaterra, já existem suficientes três felídeos. O Pep, aliás, ao contrário, reclamou que os seus subordinados tinham atuado apenas medianamente em Portugal. E ainda enfatizou que três dos seus atletas, João Cancelo, Bernardo Silva e Rúben Dias, eram “rivais do Sporting” – haviam atuado, precisamente, pelo seu rivalérrimo Benfica.
Rúben Amorim, o treinador dos “Leões”, produziu, para o cotejo do Etihad, o contrário do que fizera em casa: a proteção radical na sua área e da meta de Antonio Adán. Não impediu a prevalência do Chelsea, mas impediu uma nova vergonha e pôde especular na frente, aqui e ali. As modificações de intervalo não interferiram no ramerrão da partida, os “Citizens” a queimarem o tempo e os seus visitantes a fantasiarem mil milagres. Os “Leões”, pelo menos, se despediram com dignidade e ainda mereceram uma linda homenagem dos torcedores que foram à Inglaterra. Ovacionaram, de pé, a sua saída do gramado.
Jogos do dia 15, terça-feira:
AJAX (Hol) X BENFICA (Por)
Amsterdam, Johan Cruijff Arena, 55.000 lugares
Árbitro: não designado ainda
Na ida: 2 X 2
MANCHESTER UNITED (Ing) X ATLÉTICO MADRID
Manchester, Old Trafford, 74.170 lugares
Árbitro: nda
Na ida: 1 X 1
Jogos do dia 16, quarta-feira:
JUVENTUS (Ita) X VILLARREAL (Esp)
Turim, Allianz Stadium, 41.507 lugares
Árbitro: nda
Na ida: 1 X 1
LILLE (Fra) X CHELSEA (Ing)
Villeneuve-d’Asc, Stade Pierre-Mauroy, 50.186 lugares
Árbitro: nda
Na ida: Chelsea 2 X 0
Jogos realizados:
BAYERN (Ale) X RB SALZBURG (Aus)
Munique, Allianz Arena, 70.000 lugares
Público: 25.000
Árbitro: Clément Turpin (Fra)
Gols: Lewandowski/3/2pen, Gnabry, Mueller/2, Sané X Kjaergaard
Na ida: 1 X 1
No agregado: Bayern 8 X 2
LIVERPOOL (Ing) X INTER (Ita)
Liverpool, Anfield Road, 53.394 lugares
Público: 51.747
Árbitro: Antonio Mateu Lahoz (Esp)
Gol: Lautaro Martínez
Na ida: Liverpool 2 X 0
No agregado: Liverpool 2 X 1
Agora na 67ª edição desde sua instalação em 1955 como Champions Cup, na 30ª desde sua ampliação e sua troca de nome em 1993, esta Champions League começou, no dia 22 de Junho de 2021, com 80 agremiações de 54 das 55 federações da UEFA. Curiosa exceção, Liechtenstein, de sete equipes que participam, a convite, de certames da Suíça. Na atual formatação, a ChL preservou os 26 clubes de ranking superior e lançou os outros 54 em um moedor de eliminatórias, de modo que, em mata-matas, restassem apenas seis. Um sorteio dividiu os seis resistentes e os 26 privilegiados em oito chaves de quatro. Sobreviveram, e seguiram adiante, os campeões e os vices de cada Grupo. Um novo sorteio, em 11 de Dezembro, então determinou os emparceiramentos das oitavas que agora transcorrem.
Na soma de todas as suas fases, desde as eliminatórias até os desafios desta quarta, nesta ChL aconteceram 201 jogos e se anotaram 575 tentos, a média de 2,86. E mais ainda, num continente que, aos solavancos, escapa da impiedade da Covid-19, se revelou excelente a afluência de público. Da fase das chaves em diante, 3.513.011 espectadores em 108 jogos, média de 32.528. A UEFA marcou as quartas de final para 5/6 e 12/13 de Abril, as semis para 26/27 de Abril e 3/4 de Maio – e a decisão para um sábado, em 28 de Maio. Porém, não no Parc Des Princes, mas no Stade de France de Saint Denis, no subúrbio de Paris.
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