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Silvio Lancellotti - Blogs

Com Bremer, a Juve da Itália tem três zagueiros de seleção do Brasil

O elegante central, ex-São Paulo e ex-Atlético/MG, ainda não foi convocado por Tite. Pelo seu novo destaque no Calcio, todavia, bem poderá conquistar o seu lugar ao lado de Danilo e de Alex Sandro.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Bremer, na sua apresentação à torcida da Juventus
Bremer, na sua apresentação à torcida da Juventus

No Calcio, o Futebol da Velha Bota, já brilharam inúmeros zagueiros que envergaram a camisa da seleção do Brasil. Sem recorrer a pesquisas, meramente graças ao empenho da memória, sou capaz de citar laterais como Branco (do Genoa), Cafu (Roma e Milan), Junior (Torino e Pescara), Leonardo (Milan), Maicon (o Sisenando, Inter e Roma), Roberto Carlos (Inter) e Serginho (Milan). E também os centrais como Aldair (Roma e Genoa), Edinho Nazareth (Udinese), Júlio César (Juventus) e Lúcio (Inter e Juve). De todo modo, mesmo depois de um longo vasculhar de arquivos, não consegui relembrar outros dois defensores, além de Danilo e de Alex Sandro, simultâneos da “Canarinho” e de mesma equipe, a Juve.

Alex Sandro e Danilo, na Juve
Alex Sandro e Danilo, na Juve

Danilo é um atleta controvertido. Mineiro de Bicas, 31 de idade, começou a carreira no América de BH, passou pelo Santos, se internacionalizou no Porto, atuou por Real Madrid e por Manchester City, mas somente na “Senhora” de 2019 o treinador Maurizio Sarri estimulou a sua versatilidade. Paulatinamente se transformou num multímodo, eficiente nos dois flancos do campo e ainda no miolo, em casos de emergência. Max Allegri, o atual mister da Juve, não hesita sequer em utilizá-lo como um volante de contenção. Já disputou 78 partidas na Série A e registrou 4 tentos. Em 45 pugnas pela seleção, anotou um gol.

Danilo, na seleção
Danilo, na seleção

Um frequentador habitual das listas de negociáveis pela Juve, também na seleção Alex Sandro permanece longe da garantia de titularidade que mereceram, por exemplo, Roberto Carlos ou Marcelo, ex-Real Madrid e, hoje, em busca de um clube. Paulista de Catanduva, 31 de idade, de passagens pelo Athletico/PR, pelo Santos e pelo Porto, na “Senhora” desde 2019, disputou 272 partidas na Série A e registrou 15 tentos. Na “Canarinho”, 37/2. Verdade que briga pela posição com Guilherme Arana (Atlético/MG) e com Renan Lodi (Atlético de Madrid). Sua vantagem, porém: como Danilo, se tornou um coringa sob Maurizio Sarri.

Alex Sandro, na seleção
Alex Sandro, na seleção

Esse cenário, de todo modo, pode sofrer uma alteração interessantíssima porque a Juventus, agora, ostenta três brasileiros na sua retaguarda: acaba de ganhar uma luta intrincada pelo contrato de Bremer, escolhido pela mídia da Itália como o melhor de todos os centrais da sua Série A na temporada de 2021/2022. Um baiano de Itapitanga, nascido em 26 de Janeiro de 1991 e por extenso Gleison Bremer Silva Nascimento, na verdade deveria se chamar Brehme, homenagem ao craque da “Mannschaft”, autor do gol de pênalti que propiciou, à Alemanha, o título da Copa da Itália/90, final polêmica diante da Argentina. Um erro de escuta ou de redação do escrivão estragou a honraria imaginada pelo pai.


Bremer, no São Paulo
Bremer, no São Paulo

De passagens pelo Desportivo Brasil de Porto Feliz/SP, pelo São Paulo e pelo Atlético/MG, na Itália desde 2018, Bremer ainda não mereceu uma convocação por Adenor Bachi, o Tite. Integra, contudo, o rol de seus observados. E ganhou mais atenção pelo vasto montante da transação, equivalente a R$ 220 mi, e principalmente porque a Juve suplantou concorrentes poderosos, de capital estrangeiro, a Inter de grana chinesa e o PSG do petróleo catariano. A briga valeu. Embora vigoroso e muito forte, fisicamente, 1m88 de altura e 82kg de peso, Bremer é um beque clássico, elegante, de excelente toque de bola. Realiza a marcação sem cometer infrações. Faz o desarme limpamente e inicia depressa a transição ao ataque.

Bremer, no Torino, e de Ligt, na Juve
Bremer, no Torino, e de Ligt, na Juve

Um negócio de fato primoroso, para a “Senhora”, que se desvencilhou do neerlandês Matthijs de Ligt sem titubear. Além de responsável direto por seis dos nove penais que a Juve cometeu no “Nazionale”, pressionou a agremiação para que antecipasse uma reforma de contrato de duração até 2025. E o Bayern de Munique topou pagar a bagatela de cerca de R$ 300 mi pela sua liberação. Consequência: uma bela sobra de R$ 80 mi, que fartamente compensou os “bianconeri” pelo investimento em outros dois recém-chegados, ambos de passe livre porém de salários gordos. Casos de Ángel Di Maria, um ala argentino originário do PSG, e de Paul Pogba, um volante franco-guineense que já fôra da Juve, se mudou ao Manchester United e agora voltou. Agregados a Dusan "DC9" Vlahovic, ambos recolocarão a “Senhora” no encalço dos principais títulos tanto do Calcio como da UEFA.


Di Maria, Vlahovic e Pogba
Di Maria, Vlahovic e Pogba

Sobre o miolo da retaguarda que partilhou com de Ligt e com o capitão Gigi Chiellini, quase aposentado nos EUA, comenta o novo líder da “Senhora”, Leo Bonucci: “Será muito difícil que alguém substitua o Chiello. Mas, estou seguro, Bremer chega pronto para o desafio. É humilde e inteligente o suficiente para vestir uma “maglia”, como a nossa, sem se achar o dono do mundo. Bem diferente daquele que foi acolhido por gente que o auxiliou a crescer, mimado por uma "Squadra" que investiu uma fortuna, que apostou tempo e dinheiro no seu amadurecimento, e que, ainda assim, ele estupidamente desrespeitou. Azar dele...”

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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