As vitórias do Napoli e da Roma tiram o Milan da vaga na Europa
O "Burro" da Terra da Pizza sobrepujou o Genoa mesmo em viagem, 2 X 1, e a "Loba", no sacrifício, venceu o Parma, na capital, por um placar igual
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Desde a temporada de 1929/30, quando inaugurou o seu formato atual de turno e returno, por pontos corridos, em todas as suas 87 edições passadas o Campeonato Italiano de Futebol ainda não havia conhecido uma terça-feira tão extraordinária ou impactante. Verdade que em raríssimas das ocasiões anteriores houve partidas de “martedì” e que este torneio, na conseqüência da interrupção forçada pela Covid-19, se obriga a jogos encavalados a cada três dias e só 24 horas de pausa. Todavia, neste recente 7 de Julho, bastaram 180 minutos para impor ao torneio uma emoção deliciosamente inusitada.
Se não, vejamos. Vice na tabela, a Lazio entrou na rodada 31 com 68 pontos em 90 possíveis, em cinco minutos fez 1 X 0 no Lecce, que tinha 26 e padecia na zona de queda à Série B, e encurtou a sua diferença para a líder Juventus acomodada nos 75. Só que o Lecce reagiu, venceu de 2 X 1 e a Lazio empacou. Mais tarde, em visita ao Milan, em seis minutos a Juventus subiu aos 78 pontos e escancarou dez à frente da Lazio. Só que o Milan reagiu, fez 3 X 2 dos 62 aos 67’, daí ainda aumentou, 4 X 2, e devolveu a Juventus aos 75, para o alívio da Lazio. E não foi apenas no topo da classificação que a terça mexeu.
O porão da tabela ostenta três portas destinadas à segunda divisão. Duas já parecem reservadas à SPAL, 19 pontos, e ao Brescia, 21. Graças ao seu sucesso diante da Lazio, o Lecce escalou o patamar dos 28 pontos e daí ultrapassou o Genoa, 27. Graças ao seu sucesso diante da Juventus, o Milan escalou o patamar dos 49 pontos, um degrau acima dos 48 da Roma e do Napoli, os seus adversários cruciais na contenda pelas duas vagas da Bota na próxima Europa League. E nesta quarta-feira, 8 de Julho, ocorreram duas partidas fundamentais tanto em relação ao rebaixamento como em relação à promoção à segunda competição mais importante interclubes do Velho Continente. No Marassi de Gênova, Genoa 1 X 2 Napoli. No Olímpico de Roma, a Roma bateu o Parma, que somava razoáveis 39 pontos, 2 X 1.
Desafortunadamente, para o “Burro” da Terra da Pizza e para o treinador Gennaro Gattuso, a defesa do time faz o que pode para arruinar tudo que o ataque consegue criar. A capital da Campânia ajudou Gattuso a engordar mas as tensões internas do clube a cada “settimana” mais tornam grisalhos os seus cabelos. O Napoli teve um gol anulado, abriu 1 X 0 com Mertens nos acréscimos da etapa inicial e então, logo na abertura do segundo tempo, numa tosca barbeiragem dos seus zagueiros, cedeu o empate ao dono da casa, Goldaniga, 1 X 1. Aos 64, numa aposta crucial, do tipo tudo ou nada, o treinador tirou Politano e colocou Lozano. E deu certo.
No seu primeiro lance Lozano aproveitou um lançamento de Fabian Ruiz e cravou os 2 X 1. Daí, caberia a Gattuso pedir a San Gennaro, o padroeiro da cidade de Nápoles, que controlasse as tolices da sua retaguarda. E deu certo. O “Griffone”, bicho mitológico de corpo de leão e cabeça de águia, que simboliza o Genoa, não assustou o “Burro”, que enterrou o seu hospedeiro na zona de rebaixamento, com os seus três pontos construiu uma vantagem de dois sobre o Milan e ficou no aguardo do que sucederia, cerca de duas horas e caquerada mais tarde, no combate entre Roma e Parma.
Aconteceu de os “Ducais” da Terra dos Presuntos e dos Queijos realizarem 1 X 0 logo aos 9’, através de Kucka, num penal de Cristante em Cornelius que Michael Fabbri só determinou depois de uma longa consulta ao VAR. E aconteceu de o Parma, então, refluir e levantar um sólido paredão azul-e-amarelo bem à frente da meta de Caprari. A “Loba”, com um fardamento alternativo, bastante feio, coisa de patrocinador, apenas conseguiu penetrar aos 43’, na enésima tentativa do ótimo Bruno Peres, ex-Santos e São Paulo, que num lampejo precioso municiou o armênio Mkhitaryan, 1 X 1.
Transcorreu sofrivelmente a etapa derradeira. Qualquer gol que surgisse brotaria de alguma proeza. No caso, os vinte metros que o francês Jordan Veretout percorreu até acertar um tiro insidioso, cheio de efeito, da entrada da área dos “Ducais”, a Roma à frente no placar, 2 X 1, e na mesma quantidade de pontos do Napoli mas a primazia nos critérios de desempate. No sábado, dia 11, a Roma visitará o Brescia, quase na Série B, meros 22 pontos. E, no domingo, o Napoli e o Milan reviverão, na Terra da Pizza, um duelo essencial no Calcio do final dos anos 80, começo dos 90, aqueles idos saudosos em que o “Burro” dispunha de Dieguito Maradona & Careca, o “Diavolo” ostentava os nederlandeses Ruud Gullit, Marco Van Basten & Frank Rijkaard.
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