Ao Corinthians não faltou empenho ou garra. Mas faltou o gol salvador.
Na penúltima fase da pré-classificação aos grupos da Libertadores/2020, o "Timão", com dez, de novo empaca no seu algoz, o Guarani do Paraguai.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Rematadíssima tolice replicar, nesta quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2020, a frase que utilizei num texto de uma semana atrás, aqui mesmo no R7, e dizer que poderia ser uma vingança o Corinthians se resgatar das três derrotas que, na história da Libertadores, já lhe havia aplicado o Guarani do Paraguai. Duas na edição de 2015: por 0 X 2 na capital Assunção, por 0 X 1 na Arena sem-nome de Itaquera, quando o “Timão” se despediu da invencibilidade de 32 partidas na nova casa, aberta em 10 de Maio de 2014. A outra no seu prélio de ida nesta penúltima etapa da pré-qualificação à fase de grupos da Copa atual.
Então, uma semana atrás, em 23 pelejas diante de clubes do Paraguai, ao perder por 0 X 1 em visita a Assunção, o “Mosqueteiro” tinha acumulado o oitavo tombo diante de 11 sucessos e concedido o gol de número 37 diante de 55 realizados. Mas, apesar desse fiasco ainda sustentava uma interessante primazia, não prevalecesse, no paralelo, uma circunstância doída. Eram três as derrotas para o Guarani nos únicos duelos entre ambos e sem o “Timão” fazer um mero gol. Aliás, nas quinze edições em que o Corinthians disputou uma Libertadores, na sua opulenta relação de adversários, agora só paira o River Plate, da Argentina, como um rival que jamais venceu, em quatro jogos.
O drama do dia 5 se cristalizou num lance estranho, sem um VAR para conferir. Uma falta cometida em Boselli e não marcada pelo árbitro venezuelano Alexis Herrera. O alçamento de Iván Ramírez que ultrapassou Fernández, o algoz do 0 X 1 de 2015, para descer bem na chapa do pé canhoto de Morel, o Guarani 1 X 0. De novo atrapalhada a bequeira que o treinador Tiago Nunes, anunciado em 7 de Novembro mas empossado em Janeiro, não conseguia equilibrar. Consequência: para continuar na Libertadores, na volta de Itaquera o “Timão” se obrigaria a suplantar o elenco do “El Aborígen Legendário” por uma diferença de dois tentos. Fez 2 X 0. Acabou em 2 X 1.
Pouco antes do combate de ida, numa entrevista, Tiago Nunes havia observado que se satisfaria com um empate e com ao menos um gol. Existia lógica na observação, o quesito do gol qualificado. No caso de uma igualdade em pontos e no saldo, num mata-mata, contam em dobro os tentos feitos no campo do hospedeiro. Claro, o treinador optou pelo estilo mais ofensivo possível em Itaquera. Com o estádio repleto, 40.327 pagantes, escalou um trio super-agressivo no seu ataque: Pedrinho-Boselli-Vagner Love. Com as ofensivas, lógico, orientadas através dos dois flancos, Fagner na direita e Sidcley na esquerda. E a vibração eclodiu aos 8’ num lance delicioso de Luan, que deslizou, horizontalmente, perto da linha da grande área do Guarani, e fuzilou de canhota no canto do excelente aqueiro Sérvio, um platino.
Placar de 1 X 0, bingo dos penais na perspectiva, mas o Guarani não se acomodou. Ao contrário, até ousou. E o jogo se escancarou, o “Timão” literalmente empurrado pela “Fiel” entusiasmada. E se tornaram frenéticas as ações à frente da meta de Sérvio. Pena, para os pupilos de Tiago Nunes, que aos 28’, num excesso de rigorismo de Néstor Pitana, o mediador da Argentina, Pedrinho viu o segundo cartão amarelo e acabou expulso. Sorte que, já aos 31’, mesmo dez contra onze, Luan lançou Love na esquerda, Love ajeitou a pelota, girou e tocou a Boselli, quase na pequena área, Corinthians 2 X 0.
Gustavo Costas, o oitavo treinador do Guarani desde o impacto de 2015, evidentemente se esmerou em desfrutar a superioridade numérica. Tirou um zagueiro, Rolando García, e colocou em campo um ala, Nicolás Maná. Daí, trocou um armador, Florentín, por outro atacante, Raúl Bobadilla. Tudo ou nada. E um risco. Naturalmente, nos primeiros momentos depois do intervalo, o “Aborígen” batalhou esfuziantemente pelo seu gol. E obteve, graças a Fernández, aos 52’, afortunadamente na cobrança de uma infração. Falhou Cássio, que se atrasou na espalmada, sempre azarado contra o Guarani.
Sobraria pouco além de meia-hora para o “Mosqueteiro” lutar pela sua promoção. E aos 66’ Tiago Nunes fez duas apostas. Sacou o titubeante Sidcley e colocou na pugna o promissor Lucas Piton. Sacou o exausto e elogiável Love e colocou o Gustagol. Só vinte minutos, e o drama a cada instante mais se avizinhava. Especialmente porque Sérvio perpetrava milagre após milagre. A dez minutos do apito derradeiro Tiago Nunes ensaiou um último recurso, outro avante, Janderson, no lugar do volante Camacho. Aos 85’ os elencos se igualaram com a exclusão de Romaña. E os nervos fervilharam. Cinco minutos de acréscimo. Não se afirme que faltou garra ao “Timão”. Faltou um gol.
Gostou? Clique em “Compartilhar”, ou em “Twittar”, ou deixe a sua opinião em “Comentários”. Muito obrigado. E um grande abraço!
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.