A vitória do Napoli adia, mais uma vez, a festa do título da Juventus
No Italiano de 2018/19, por 3 X 1, em viagem, o "Burro da Terra da Pizza" sobrepujou o frágil e já rebaixado Chievo, o "Burro Voador" de Verona
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
No sábado, dia 14 de Abril, 312km separavam Turim de Ferrara e a Juventus de Turim do seu 35º “scudetto” de campeã do Calcio na Velha Bota, o seu oitavo título em seguida. Porém, em visita à SPAL, a Società Polisportiva Ars et Labor, a “Velha Senhora”, mais preocupada com a rodada da Champions League, no meio da semana, e com um elenco basicamente de reservas, sucumbiu à vibração e ao entrosamento da rival, caiu por 1 X 2 e adiou por 24 horas a sua esperança de se confirmar no topo do pódio.
Apesar da derrota e embora empacada no patamar do 84 pontos em 96 disponíveis, neste domingo, dia 15, a Juve desviou as suas atenções para uma outra cidade ao longe da sua matriz, e fixou os seus sonhos em Verona, sede do Chievo, 292km de distância. Ocorre que o time apelidado de “Burro Voador” hospedaria o Napoli, clube conhecido como “Burro da Terra da Pizza”, único dos 20 da Série A com alguma chance de superar a “Zebra” de Turim. Frustrou-se a Juve porque, sem esforços, o Napoli bateu o Chievo, 3 X 1.
Num desafio em que o “Burro Voador” mal exigiu algum empenho do arqueiro Ospina, o seu congênere da Terra da Pizza inaugurou o resultado logo aos 15’, escanteio de Mertens que, como um azougue, Koulibaly interceptou de testa, sem chances para o perplexo Sorrentino. Daí, os pupilos de Carlo Ancelotti, quase mecanicamente, toque a toque, controlaram as ações até que surgisse uma nova oportunidade. Patético, o Chievo basicamente inexistiu.
Milik duplicaria aos 60’, num lance de treinamento, um tiro despretensioso de 25 metros que Sorrentino, entre desalentado e dormente, apenas viu penetrar no seu canto direito. E Koulibaly, num petardo de canhota, depois de um outro corner, agora levantado por Ghoulam, cravou os 3 X 0. Impressionante ironia: ele, o francês de 27 anos, no Napoli desde 2014, já havia participado de 28 cotejos no certame sem perpetrar uma só “rete”. Aos 89’, enfim, o Chievo desfrutaria a oportunidade de, ao menos, salvar parte da face numa cabeçada do esloveno Bostjan Cesar. Sequer houve os cumprimentos de praxe.
Um curioso triângulo zoológico, esse. Com 64 pontos, ao sobrepujar o Chievo, somente 11 e já rebaixado à Série B, o Napoli se colocou no degrau dos 67, ainda 17 atrás da Juve, a seis “giornate” do desfecho do certame e na expectativa de vencer todos os seus prélios restantes e de a líder, paralelamente, fracassar nos dela respectivos. Claro, algo equivalente ao antológico “miracolo” de San Gennaro (272-305), o mártir-padroeiro da Terra da Pizza, cujo suposto sangue, coagulado numa relicário de vidro, eventualmente se liquefaz num prenúncio de boas novas. A História garante que o fenômeno, habitualmente, se revela com exclusividade em datas muito específicas. E a primeira, deste 2019, cairia no próximo dia 4 de Maio.
Convenhamos, nem o padroeiro arrancará um troféu que a Juventus já segurou com nove dos dedos de suas mãos. Melhor, contudo, que a “tifoseria”, a torcida da equipe de Turim, concentre todas as suas energias mentais na pugna da terça-feira, diante do Ajax da Holanda. No confronto de ida, em Amsterdam, a “Senhora” obteve um excelente empate, 1 X 1. O placar de 0 X 0 de princípio de partida já assegura a sua passagem às semifinais da CL. Quanto ao “scudetto”, que aguarde, pacientemente, o sábado de Aleluia, 20 de Abril, quando hospedará a Fiorentina no seu Allianz Stadium. Será bem mais gostoso, mesmo, desfrutar todas as comemorações dentro de casa.
Gostou? Clique em “Compartilhar”, em “Twittar”, ou deixe a sua opinião em “Comentários”. Muito obrigado. E um grande abraço.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.