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A Superliga, uma operação rica, mas em mentiras e em mutretas

A descoberta de documentos firmados pelos criadores do projeto, que nasceu pomposo e faleceu em 48 horas, revela, por exemplo, que a "patrocinadora", na verdade, emprestaria o dinheiro, a juros

Silvio Lancellotti|Do R7

Cartaz irônico de "Procura-se", em "A Bola", de Portugal
Cartaz irônico de "Procura-se", em "A Bola", de Portugal Cartaz irônico de "Procura-se", em "A Bola", de Portugal

A cada novo dia que se desenrola, mais e mais fantasmas despontam dos entulhos da comédia farsesca batizada de Superliga, idealização de um cartola picareta, Florentino “Real Madrid” Perez e de seu escudeiro Andrea Agnelli, um inocente útil que paulatinamente vê se evaporar o seu apelido exaltante, “Fiat/Juventus”. Simultaneamente aos assombros que sobem das ruínas, se desvendam mentiras tão toscas que mais parecem obra de jardim de infância. Aliás, toda a operação parece coisa de beócios - me perdoem os deseducados.

Era uma lorota, por exemplo, que a JP Morgan, uma empresa líder entre as instituições financeiras do mundo, poderosa a ponto de viver permanentemente sob as investigações do FBI e das autoridades fiscalizadoras da Grã Bretanha, prometia bancar a Superliga com uma bagatela de R$ 25 bilhões já no seu primeiro ano. Repórteres do semanário “Der Spiegel”, da Alemanha, acessaram documentos que os próceres da novidade imaginavam ser incólumes e, lá, constataram que o suposto patrocínio não passava de um empréstimo, e com juros. Num prazo de, no máximo, 23 anos, a Superliga teria que devolver mais de R$ 42 bilhões. Algo como pagar o dobro por um automóvel venerando e depauperado.

Na confusão que fervilhou durante a semana, a Superliga acuada por um turbilhão de pressões, a patrocinadora, que na realidade não passava de mera financiadora, abandonou o projeto. E nesse cenário de revelações negativas também os dirigentes do PSG da França, do Bayern e do Borussia Dortmund da Alemanha, admitiram que seriam os seus os três clubes até então incógnitos na operação. Para quem não lembra ou quem não sabe, ao anunciar, no domingo, dia 18 de Abril, a constituição da Superliga, a dupla Perez & Agnelli falou em quinze clubes mas só nominou doze. Da Inglaterra: o Arsenal, o Chelsea, o Liverpool, Tottenham, o Manchester City e o Manchester United. Da Itália, além da Juve, a Internazionale e o Milan. Da Espanha, além do Real, o Barcelona e o Atletico de Madrid.

Charge de Arcádio Esquivel, da Costa Rica
Charge de Arcádio Esquivel, da Costa Rica Charge de Arcádio Esquivel, da Costa Rica

Como os dois tedescos e o gaulês debandaram antes de a Superliga se tornar pública, nenhum tipo de complicação pode lhes acontecer. Os doze, porém, estabeleceram uma espécie de pacto vinculante e nada impede que os últimos a sair obriguem os outros a pagar, inteira, a conta da luz, Uma multa, será? Interessante aguardar pelo que, talvez, ocorra nos próximos dias. Os mesmos documentos que os colegas do “Spiegel” capturaram expõem cláusulas muito mal explicitadas e que, certamente, irritarão agremiações que assinaram papéis sem esquadrinhar as letras miúdas: a Inter, o Milan e o Atlético, por exemplo, levariam uma remuneração inferior à do Real, do Barça e da Juve. Não poderia mesmo dar certo um plano tão primitivo, tão atabalhoado e tão irresponsável.

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