A Juventus cala o Olímpico de Roma e se torna a "Campione d'Inverno"
Claro que se trata de um título platônico. Porém, em apenas duas das últimas catorze vezes o ganhador do "scudetto" não foi o mesmo do primeiro turno
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Pareceu que tudo transcorreria na tranqüilidade, uma gorda folga no placar antes mesmo de a sua anfitriã se ajustar no gramado. De todo modo, apesar do sufoco no quarto de hora derradeiro do desafio, a Juventus de Turim calou a platéia fervorosa da Roma, no Stadio Olìmpico da capital da Velha Bota, encerrou o cotejo com o placar de 2 X 1 e abiscoitou o título platônico de “Campione d’Inverno”, a campeã do primeiro turno do Italiano 2019/20.
Na essência, trata-se de um prêmio sem qualquer valor, formal ou monetário. De todo modo, simbolicamente, o laurel ostenta um peso curioso e fascinante. Desde que o regulamento passou a conceder três pontos por vitória e desde que o certame da Velha Bota passou a apresentar vinte agremiações, na temporada de 2004/05, em doze de catorze ocasiões o “Campione d’Inverno” acabou por se sagrar, também, o conquistador do troféu da temporada.
Doze de catorze. Pois imagina você que me lê qual time amargou, nas duas vezes, o infortúnio estatístico? Triste ironia, o mesmo Napoli que, então, tinha como treinador o Maurizio Sarri que, agora, é o “mister” da Juventus. O Sarri que precisa, nesta “stagione”, proteger uma herança maravilhosa, o tesouro dos oito “scudetto” consecutivos da “Senhora”: o tri de Antonio Conte, hoje na Inter; e o penta de Massimiliano Allegri, atualmente no bem-bom mas prestes a largar a preguiça e virar uma espécie de gerentão do Milan.
Uma conjunção de dois resultados, no sábado, Inter 1 X 1 Atalanta e Lazio 1 X 0 Napoli, havia criado parâmetros novos na classificação do certame. Com três pontos guardados no bolso até a igualdade da “Dea” aos 75’, a “Biscione”, serpente mitológica de Milão, parecia impávida na cota dos 48 pontos mas se limitou aos 46. E a Atalanta, que realiza um excelente torneio, subiu aos 35 e emparelhou com a Roma na quarta colocação. A Lázio, além de saborear o seu décimo triunfo em sequência, foi aos 42, mas com um cotejo atrasado a fazer, ainda, em casa, contra o mediano Verona, dia 5 de Fevereiro.
Incrível. Antes mesmo dos 10’ do combate a “Zebra” já havia atropelado a “Loba”. Em dois lances que exibiram o argentino Paulo Dybala como protagonista. Aos 3’, um seu cruzamento, cobrança de infração, encontrou livre o turco Merih Demiral, recém-contratado ao Sassuolo, um desvio de destra e 1 X 0. Aos 8’, saída horrorosa de Pau Lopez, o arqueiro catalão da Roma, domínio de Dybala e penal cometido pelo francês Veretout. Cobrança precisa de Cristiano Ronaldo, a bola no canto oposto de Lopez.
Juventus 2 X 0, e a contenda mal tinha começado. Óbvio, murchou a torcida romanista que preenchia, basicamente, 95% dos 73.261 lugares do Olímpico. Coube à “Senhora” do Piemonte, então, apenas administrar as ações, segurar uma reação eventual da sua hospedeira e, quando viável, especular na contra-ofensiva. Mais complicou os planos de Paulo Fonseca, o treinador lusitano da “Loba”, a lesão de Zaniolo, o craque do seu time, substituído aos 36’ pelo turco Cengiz Under, um mero utilitário. No intervalo, nos vestiários, o atarantado Fonseca precisaria perpetrar um “miracolo” digno de Paulo Roberto Falcão.
Aconteceria um “ato primo” aos 67’, quando, graças ao VAR, o mediador Piero Giacomelli apontaria a marca de cal depois de uma ajeitada de braço de Alex Sandro. Um penal que o platino Piero Perotti converteria, Roma 1 X 2. Daí, logicamente se exacebaram os estímulos à “Loba”. E o restante da pugna transcorreria tensamente. Até porque logo aos 78’ o mesmo VAR invalidaria um “contropiede” fulminante da “Senhora”, impedimento por milímetros de Golzalo Higuaín, um outro argentino, no tento dos 3 X 1. E porque Giacomelli ainda concederia os acréscimos de 5’ ao tempo regular. Prevaleceria, porém, a resiliência da Juve, que fechou o turno como a líder, nos 48 pontos.
Gostou? Clique em “Compartilhar”, ou em “Twittar”, ou deixe a sua opinião em “Comentários”. Muito obrigado. E um grande abraço!
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.