A incrível eliminação do Atlético de Madrid pelo Red Bull Leipzig
Nas quartas de final da Liga dos Campeões de 2019/2020, os pupilos de Julian Nagelsmann surpreendem o elenco bem mais experiente de Diego Simeone
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Atropeladas todas as especulações e todas as expectativas. Incrivelmente, caberá ao Red Bull Leipzig, da Alemanha, desafiar o PSG, da França, na primeira das semifinais da Liga dos Campeões, a Champions League da Europa, temporada de 2019/2020. Meras 24 depois de os “Parisiens”, ou os “Parisienses”, numa virada chocante, já nos acréscimos do jogo, eliminarem por 2 X 1 a Atalanta da Itália, nesta quarta-feira, dia 12 de Agosto, num cotejo dramático, os “Die Rotten Bullen”, ou “Touros Vermelhos”, superaram por 2 X 1 os “Colchoneros”, ou “Fazedores de Colchões” do Atlético de Madri da Espanha. O apelido relembra as tarjas do fardamento principal do “Atleti”. A sua derrota, no entanto, muito mais sugeriu as listras de uma zebra.
Obviamente sem platéia, uma condição obrigatória para que a competição prossiga apesar das investidas da Covid-19, o cofronto se desenrolou no Estádio José Alvalade de Lisboa, Portugal, a sede única de toda esta versão insólita da LC, a edição de número 65, a 28ª desde que, em 1992/1993, mudou o seu nome de Cup para League. Começada em 25 de Junho de 2019, então com 79 equipes de 54 afiliadas da UEFA, a entidade que administra o Futebol no Velho Mundo, acuada pela pandemia a LC se interrompeu em 11 de Março, bem no meio das oitavas de final, e só retomou as suas ações, compactada, dia 7 de Agosto. Em 114 prélios, 365 tentos, a média excelente de 3,20.
O Atlético e o Leipzig nunca tinham se enfrentado, antes. Basicamente promovido graças à firmeza da sua retaguarda, em Junho, infelizmente sem caixa, o clube do treinador Julian Nagelsmann se obrigou a ceder ao Chelsea da Inglaterra, pelo equivalente a R$ 330mi, a metade do seu ataque, o impositivo Timo Werner. Ele e Marcel Sabitzer, quatro cada, somavam oito dos 15 tentos dos “Rotten Bullen”. Que enfrentariam os “Colchoneros” prestes a festejarem uma década sob o mesmo treinador, o argentino Diego Simeone, com quem tinham conquistado a Liga Europa de 2017/2018.
Simeone surpreendeu ao deixar no banco o artilheiro Morata, três dos doze tentos dos “Colchoneros” nesta LC – aliás, ao invés do fardamento principal, todos em preto, das meias às camisas. Sem Werner, o treinador do Leipzig optou pelo dinamarquês Yussuf Poulsen, um latagão de 1m92 de altura. E ficou imediatamente clara a sua intenção: os cruzamentos sobre a área do adversário. Um franco-atirador, Nagelsmann apostou na sorte. Os “Touros Vermelhos”, afinal, disputariam o combate mais importante da sua história curtíssima de onze anos – data de 2009 o Leipzig. Fazia o seu 33º cotejo internacional, o 15º numa Champions, o primeiro em quartas. Bastaria?
Afortunado o elenco de Nagelsmann dominou toda a primeira etapa da pugna. Enquanto ele, apenas 33 anos, o mais jovem dos oito sobreviventes nas quartas, saboreava tranqüilo, da sua lateral, a atuação de seus pupilos, o bem mais experiente Simeone, 50, bufava no seu canto. E o gol do Leipzig surgiu naturalmente, aos 50’, numa trama belíssima, pelo chão, pé a pé, do flanco esquerdo até que, no lado oposto, Sabitzer cruzou e, ironia, o volante Dani Olmo, um espanhol, ex-Barcelona, fulminou de testa, 1 X 0. Simeone acordou e mandou ao jogo o português João Felix, 20 de idade, reserva de ultra-luxo comprado ao Benfica pelo equivalente a R$ 750 mi.
E o garoto começou a salvar o “Atleti” aos 71’, quando se infiltrou no meio da bequeira tedesca e, sem uma outra opção, Klostermann o derrubou. Um penal que o polonês Szymon Marciniak apontou sem titubear e que o mesmo João Felix cobrou, 1 X 1. Simeone, de imediato, colocou Morata na luta. Esperava não se arrepender pela audácia de não escalar a ambos desde o apito inicial. Azar. Estava escrito que não seria suficiente. E, aos 88’, novamente os “Rotten Bullen” levariam sorte. Depois de uma sucessão de passes rápidos, da esquerda Angelino recuou, ao meio, para a investida do norte-americano Tyler Adams, fruto das escolhinhas da Red Bull nos EUA, 21 anos. Um belo petardo de 25 metros que resvalou em Carrasco, 2 X 1.
Eis todos os confrontos remanescentes:
Sexta-Feira, 14 de Agosto
BARCELONA (Esp) X BAYERN (Ale)
Estádio da Luz, do Benfica de Lisboa
FC Barcelona
Apelido: “Blaugrana”, ou “Azulgrená”
Barcelona
Fundação: 1899
Ranking UEFA: 3
Melhor colocação: 5 títulos (mais recente em 2015)
Em 2018/2019: semifinal
Nesta edição: 5vit/3emp/0der – 13gp X 6gc
Treinador: Quique Setién (Esp), 61 anos
Artilheiro: Luís Suárez (Uru), 4 tentos
FC Bayern Muenchen
Apelido: “Die Bayern”, ou “Os Bávaros”
Munique
Fundação: 1900
Ranking UEFA: 4
Melhor Colocação: 5 títulos (mais recente em 2013)
Em 2018/2019: oitavas de final
Nesta edição: 8vit/0emp/0der – 31gp X 6gc
Treinador: Hans-Dieter Click, 55 anos
Artilheiro: Robert Lewandowski (Pol), 13
No passado, em dez pelejas, duas vitórias do Barcelona e seis do Bayern, nos tentos 14 X 18. Conforme se diz por aí, indubitavelmente a final antecipada desta LC. Lionel Messi, do elenco “Blaugrana”, foi extraordinário nos 3 X 1 diante do Napoli, no retorno das oitavas, no Nou Camp. dia 8. Da mesma maneira, Lewandowski, dos “Bávaros”, se mostrou espetacular nos 4 X 1 contra o Chelsea, na sua Allianz Arena, também dia 8. Artilheiro absoluto da LC, presente em sete das oito pugnas do Bayern, já cravou 13 tentos, a média de 1,86, mais que o dobro dos 6 de Serge Gnabry, um seu colega de equipe. Em toda a temporada o Lewy já acumula 53 tentos em 44 combates.
Sábado, 15 de Agosto
MANCHESTER CITY (Ing) X LYON (Fra)
Estádio José Alvalade, do Sporting de Lisboa
Manchester City FC
Apelido: “The Citizens”, ou “Os Cidadãos”
Manchester
Fundação: 1880
Ranking UEFA: 6
Melhor colocação: semifinal 2015/16
Em 2018/2019: quartas de final
Nesta edição: 6vit/2emp/0der – 20gp X 6gc
Treinador: Pep Guardiola (Esp), 49
Artilheiros: Gabriel Jesus (Bra) e Raheem Sterling (Ing), 6 tentos
Olympique Lyonnais
Apelido: “Les Gones”, ou “Os Meninos”
Cidade de origem: Lyon
Fundação: 1950
Ranking UEFA: 17
Melhor Colocação: semifinal 2009/10
Em 2018/2019: oitavas de final
Nesta edição: 3vit/2emp/3der – 11gp X 10gc
Treinador: Rudi Garcia, 56
Artilheiro: Memphis Depay (Ner), 6 tentos
No passado, em duas pelejas, um empate e uma vitória do Lyon, nos tentos 3 X 4. Um cotejo inesperadérrimo, este. Quando, em 16 de Dezembro de 2019, a UEFA sorteou os emparceiramentos das oitavas, imediatamente um par de gigantes, o Real Madrid, o maior ganhador da história da Champions, 13 títulos, e a Juventus, eclodiram como favoritos sossegados ao triunfo diante do City e do Lyon. No entanto, o City bateu o Real em Madrid e em casa por duplo 2 X 1 e chegou invicto às quartas. E o Lyon bateu a Juve em casa por 1 X 0 e daí se locupletou do critério do gol no campo do rival e, mesmo derrotado por 1 X 2, se classificou. Donde, inviável, impossível, mesmo, apostar num favorito.
Gostou? Clique num dos ícones para “Compartilhar”, ou “Twittar”, ou deixe a sua opinião sobre este meu texto no meu “FaceBook”. Caso saia de casa, use máscara. E fique com o meu abração virtual! Obrigadíssimo!
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.