Sétima expulsão. São 43 cartões desde outubro de 2020. Descontrole o afasta da seleção brasileira
Cesar Greco/PalmeirasSão Paulo, Brasil
Abel Ferreira foi avisado.
A CBF notificou todos os clubes das principais divisões nacionais do Brasil.
A ordem para a arbitragem a partir dos Brasileiros das Séries A, B, C e D de 2023 era "tolerância zero" em relação a desrespeito com os juízes e bandeirinhas.
O português, que acumulava, desde outubro de 2020, nada menos do que 43 cartões, 37 deles amarelos e seis vermelhos, sabia que tinha de se controlar.
Mas não foi o que aconteceu ontem.
Aos 45 minutos do primeiro tempo da partida contra o Cuiabá, quando se tornou o primeiro personagem expulso do Brasileiro de 2023.
O árbitro Paulo Cesar Zanovelli foi alertado de que o treinador do Palmeiras saiu da área técnica demarcada e gritou com o bandeira Bruno Boschilia.
"Arbitragem de mer..."
E Abel recebeu o seu 44º cartão desde que chegou ao Brasil. Sua sétima expulsão.
Em todo o segundo tempo, o Palmeiras ficou sem seu treinador.
E passou grande dificuldade para vencer por 2 a 1. Os jogadores palmeirenses se ressentem muito da ausência de Abel no banco de reservas.
Algumas das declarações do técnico português confirmaram a dificuldade que tem para se controlar e que, por causa dela, se mostra desestimulado a continuar no Brasil.
"Não estou dizendo que sou santo, que não sou. (...)
"O pior disso tudo é chegar em casa e enfrentar minha mulher e minhas filhas, quando tenho feito um esforço tremendo para melhorar nisso. Eu sei que tenho que melhorar nisso. Eu fico triste.
"Isso me tira a vontade de ser treinador.
"Me tira a vontade de estar aqui."
Lógico que esta foi a frase que mais repercutiu em sua entrevista.
Principalmente entre os palmeirenses, que temem perder o treinador.
Só que mais essa expulsão também chegou mais uma vez até pessoas que cercam o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
A cada cartão, a cada expulsão de Abel, os oponentes à sua chegada ao comando da seleção brasileira ganham argumentos.
Enquanto o Brasil tinha Tite como treinador, os cartões do técnico palmeirense eram irrelevantes.
Mas, depois de mais um fracasso da seleção na Copa do Mundo, a tese de que o time deverá ser entregue a um estrangeiro ganhou enorme força.
O plano de Ednaldo Rodrigues é ter o italiano Carlo Ancelotti no comando do Brasil na Copa de 2026.
O risco de o Real Madrid não aceitar liberá-lo é grande.
Se isso acontecer, Abel passa a ser um dos candidatos naturais.
Abel Ferreira continua se expondo, discutindo com árbitros. E acumulando cartões, expulsões. Desgaste à toa
Reprodução/TwitterSó que o gênio explosivo do treinador se tornou um obstáculo maior até do que a xenofobia, ou seja, a rejeição pelo fato de ser um estrangeiro no comando da seleção.
O grande medo da cúpula da CBF é Abel Ferreira, hipoteticamente, ser o técnico do Brasil em uma partida decisiva da Copa e ele ser expulso. E deixar os jogadores como ontem no Allianz Parque, sob o comando de seus auxiliares.
No Palmeiras, Abel não tem esse tipo de preocupação.
Os oito títulos conquistados fazem com que a presidente Leila Pereira nem pense em multa ou sequer em cobrança verbal.
O treinador "tem licença" para tomar cartões.
O que não aconteceria na seleção.
Até mesmo empresários brasileiros que trabalham com clubes do exterior rejeitam seu comportamento.
E revelam que clubes grandes do exterior analisam todos os aspectos antes de contratar algum técnico.
43 cartões, 7 expulsões desde outubro de 2020 é demais.
Abel precisa se controlar.
E parar de tomar cartões, ser expulso, para continuar crescendo na carreira...
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.