São Paulo, Brasil
"A partir do momento que um gigante entra numa situação desconfortável, ele sente. Abala o emocional de todos os envolvidos, mas é uma grande oportunidade de dar volta por cima, mostrar que há reação."
"Não tenho dúvidas que vamos reagir o mais rápido possível, óbvio que ajustes serão feitos, mas é importante acreditar nas pessoas que estão aqui faz parte ao processo."
"Temos que passar confiança e convicção."
"E ganhar jogos é o mais importante."
"A cara do Corinthians são vitórias suadas, ganhar em cima de um comportamento que não só agrada quem está aqui do lado, mas o torcedor também. A cultura do clube é essa. Tudo o que eu puder fazer, será feito."
"Não quero somente um futebol vistoso, quero que o Corinthians ganhe, que conquiste, isso torna o clube maior. Vistoso não quer dizer plástico. É entrega, alma, botar em campo o que o corintiano quer ver."
"Num momento inicial, o Corinthians vai voltar a ser o Corinthians, jogar com a marca Corinthians, não adianta querer mudar cultura ou maneira de jogar."
Andrés Sanchez ficou todo satisfeito.
Adorou a primeira entrevista coletiva de Vagner Mancini.
O treinador falou exatamente o que o presidente e a diretoria do Corinthians queria ouvir.
Mancini falou porque, aos 53 anos, virou talvez o maior especialista em rebaixamentos na Série A.
Ele trabalhou efetivamente, e com enorme responsabilidade, em cinco clubes rebaixados.
Vitória, em 2018, Botafogo 2014, Sport 2012, Ceará 2011, Guarani 2010.
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Ele só assume duas quedas. Com o Vitória e com o Botafogo.
E também lembra que salvou da segunda divisão o mesmo Vitória, Cruzeiro (no famoso jogo contra o Atlético Mineiro, goleada por 6 a 1) e Athletico Paranaense.
O treinador assumiu deixando escapar o pensamento que o domina, desde que foi convidado, no final de semana, para assumir o lugar do interino Coelho.
"É a grande chance da minha carreira."
"Pelo tamanho do Corinthians."
"Pela história que tem."
Mas enquanto prepara a equipe para tentar surpreender o Athletico Paranaense, amanhã, em Curitiba, ele teve a péssima confirmação.
O Corinthians chegou a dois meses de salários atrasados.
Embora nenhum jogador tenha a coragem de reclamar publicamente, as queixas são espalhadas por seus agentes e empresários.
Esses atrasos viraram rotineiros em 2020.
O Corinthians é o clube que mais deve à União.
R$ 858 milhões.
Fora o dinheiro do estádio.
E os 180 processos que enfrenta na justiça, de ex-jogadores, ex-funcionários e credores.
Mancini propôs um pacto com os jogadores.
De dedicação total para tirar o clube da zona do rebaixamento.
E ele não terá constrangimento algum de ir contra o pensamento do interino Coelho e do início de trabalho de Tiago Nunes.
Não há a menor condição, com o atual elenco, de o Corinthians montar uma equipe ofensiva, que proponha o jogo.
Um time anti-Carille, como queria Andrés Sanchez, irritado com a equipe atuando na retranca.
Mancini conversou muito com o presidente corintiano.
O importante é tirar o clube da zona do rebaixamento.
Seja do jeito que for.
E Mancini deverá optar por uma equipe fechada, reforçada na defesa.
O Corinthians não pode perder mais jogos
Ele sabe que a pressão para uma equipe grande ameaçada pelo rebaixamento é muito maior.
Melhor ser rotulado de retranqueiro do que ingênuo, por tentar atacar com um elenco fraco, com jogadores abaixo dos rivais.
Mancini sabe que haverá eleição presidencial no dia 28 de novembro.
E que seu contrato até o final de 2021 pode não valer nada, além de uma multa, a princípio de três salários.
Ele aceitou receber R$ 400 mil mensais.
Por isso, ele também precisa de resultados imediatos.
Mario Gobbi e Duilio Monteiro Alves, favoritos no pleito, jamais pensaram em tê-lo como treinador corintiano.
Cabe a ele reverter as expectativas.
É a maior oportunidade de sua carreira.
Mas talvez também a mais intensa.
Ou ele reverte o rumo do rebaixamento ou ele já tem até data para sair.
Dia 28 de novembro.
Logo após a eleição do Corinthians...
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