Por que à Globo não interessa a fusão da ESPN e Fox Sports
A guerra pelo futebol é selvagem O Cade analisa se permite ou não a fusão entre ESPN e Fox Sports, emissoras da Disney. À Globo seria terrível
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
As cúpulas da ESPN Brasil e Fox Sports foram cirúrgicas.
Não só enviaram um ofício ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
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Mas sutilmente deixaram vazar o documento.
Qual o interesse?
Ter o apoio da opinião pública, alertar políticos e até membros do próximo governo, sobre o monopólio da Globo em relação ao futebol.
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A duas empresas querem efetivar a fusão no país.
A ESPN Brasil e o Fox Sports formarem uma empresa só. Como já acontece nos Estados Unidos, desde que a Disney, dona da ESPN, comprou os direitos de cinema e de alguns canais a cabo da Twenty-First Century Fox por 71,3 bilhões de dólares, cerca de R$ 260 bilhões. A compra se efetivou em julho.
Internacionalmente, a ESPN é uma potência maior. Muito mais importante e mais tradicional. Está no mercado há 39 anos. Já o Fox Sports tem 25 anos.
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No Brasil, no entanto, principalmente envolvendo futebol, o canal Fox Sports tem eventos importantes, como a Libertadores da América e Copa do Brasil. A ESPN Brasil ficou fora dos mais importantes torneios por uma questão de prioridades da matriz.
Colunistas especializados em televisão, como Flávio Ricco e Daniel Castro, deixaram claro que a Disney quer uma fusão entre as emissoras esportivas. A previsão é o final do Fox Sports, com o aproveitamento de alguns profissionais.
Já houve até reuniões no Fox Sports para acalmar seus funcionários, com os chefes anunciando que não haverá mudanças, pelo menos nos próximos dois anos.
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Só que a Disney quer a fusão o mais rápido possível.
Não há a menor lógica ter emissoras esportivas concorrendo entre si.
Só que o Cade, responsável pela autorização da fusão, se mostra indeciso.
A principal argumentação é que o mercado ficaria polarizado.
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Não haveria mais brecha para qualquer emissora que decidisse investir no futebol.
Seria a Globo de um lado e do outro, a ESPN e o Fox Sports, enquanto ela existir.
A cúpula da Disney no Brasil insiste que é preciso que suas emissoras se juntem para enfrentar a emissora carioca, parceira há décadas da CBF.
Porque o sonho não está só nos torneios de clubes.
Há um enorme interesse nos jogos da Seleção Brasileira.
"Considerando a alta audiência dos canais da Globo, o grupo está em posição privilegiada para competir por receitas de patrocinadores ao poder oferecer pacotes mais amplos de patrocínio."
"Os eventos esportivos de maior relevância para o público brasileiro são transmitidos pela Globo. Por sua vez, a ESPN, por exemplo, não detém direitos de transmissão de nenhum evento de futebol importante para o público brasileiro. e a Fox detém direitos limitados de alguns campeonatos. Isso explica a grande audiência que a Globo e os canais do SporTV têm quando transmitem eventos esportivos e a alta penetração de seus canais. Como é de conhecimento do Cade.
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"Os canais de TV aberta da Globo são necessariamente transmitidos pelos operadores de TV por assinatura; eles já estão na mesma plataforma dos canais de esportes, o que aumenta a rivalidade que a Globo impõe à ESPN e ao Fox Sports."
Estes são trechos do ofício enviado ao Cade e que o UOL publicou.
Aqueles que defendem a emissora carioca argumentam pela injusta briga financeira.
O patrimônio da Disney, maior conglomerado de mídia e entretenimento do mundo é de US$ 154 bilhões, cerca de R$ 562 bilhões. Só o faturamento de 2017 chegou a US$ 55 bilhões, cerca de R$ 200 bilhões.
O grupo Globo tem o patrimônio estimado em R$ 50 bilhões.
A CBF é parceira há decadas da emissora carioca.
A relação está abalada com o banimento do ex-presidente Marco Polo del Nero do futebol. Ele não teve apoio da Globo, muito pelo contrário. E mesmo sem ter cargo oficial, continua muito influente nas decisões da CBF.
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A briga de gigantes tem vários elementos.
Há muito dinheiro envolvido.
O Cade é que regulamenta essa briga.
Vale a pena lembrar.
Ele é uma autarquia federal brasileira, vinculada ao Ministério da Justiça. Tem poder para orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos do poder econômico.
O Cade, por exemplo, impediu a compra da Liquigás pela Ultragaz, como da Alesat pela Ipiranga.
O órgão pode travar os planos da Disney e impedir a fusão da ESPN Brasil com o Fox Sports.
Não tem o poder, no entanto, se os norte-americanos resolverem extinguir o Fox Sports.
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E aí, a ESPN Brasil seguiria sozinha, mas com os bilhões da Disney.
A decisão da briga de gigantes deverá ser adiada.
E decidida no próximo governo.
O confronto seguirá selvagem.
Em jogo não só a audiência.
Mas os bilhões de reais dos patrocinadores...
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