'Faço o melhor que posso com os recursos que tenho.' Abel se queixou do elenco 'sem opções' que possui
Cesar Greco/PalmeirasSão Paulo, Brasil
O Palmeiras empatou com o Boca Juniors, em plena Bombonera lotada.
Na primeira semifinal da Libertadores de 2023.
O 0 a 0 sacramentou novo recorde para o time de Abel Ferreira: pela primeira vez na história da competição sul-americana, uma equipe não toma gol em cinco partidas seguidas fora de casa.
Foi a primeira vez que o treinador português esteve no mítico estádio do Boca. Onde ele confessou que "pagaria para estar no lugar dos jogadores".
O treinador sabia ter conquistado um feito, já que seu time conseguiu suportar a pressão do mais popular time argentino. Já são 592 minutos sem tomar um gol na Libertadores.
Mas se irritou porque a imprensa brasileira não destacou esses números. E nem o empate, que dá a possibilidade de uma simples vitória por 1 a 0 levar o time para a final da Libertadores.
Ele foi muito cobrado pela ineficiência do ataque na Bombonera.
Afinal, foram 18 arremates do Boca e apenas nove do Palmeiras.
Abel perdeu a paciência porque ficou claro que a cirurgia de Dudu escancarou a falta de opções que ele tem no elenco. O Palmeiras tem avião, mas não atacantes importantes, maduros no banco de reservas. Arthur e Rony abertos não funcionaram.
Irônico, Abel rebateu várias perguntas, principalmente se ele terá como deixar o seu ataque mais forte, surpreender o Boca, na partida decisiva, da próxima quinta-feira, no estádio palmeirense.
"Quais opções? Você pode me ajudar? Vamos lá, me ajude!
"Também tenho muitas dúvidas, mas a minha função é escolher, acreditar no elenco que tenho.
"Desde que cheguei ao Palmeiras o que faço é dar o meu melhor, buscar soluções, potencializar os moleques, e é isso que vocês precisam valorizar.
"Vejam a média de idade das equipes que jogaram as semifinais. Volto a dizer que tudo o que faço é olhar para o elenco e escolher os melhores para jogar.
"O Rony não é ponta, o Breno pode jogar ali também. Acredito nos meus jogadores, gostaria de ter mais opções, mas os moleques nos ajudam muito.
"É usar a vantagem de jogar em casa, perante o nosso público, para chegar à final.
"Precisava de mais opções, infelizmente não temos. O Dudu se lesionou, era um ponta que poderia nos dar largura, mas infelizmente não o temos aqui. Uma coisa vocês [jornalistas] podem ter certeza: jogaram os melhores que tínhamos."
A mais importante defesa de Weverton. Cabeçada cara a cara de Fabra. Palmeiras não teve força para atacar
LUIS Robayo/ AFP - 28.09.2023Está evidente para o treinador que ele está tirando o máximo do elenco. O grande problema é não ter jogadores prontos, do mesmo nível dos titulares. Não tem substituto, por exemplo, para Dudu. Nem para Gustavo Scarpa ou Danilo.
Por isso, perguntas normais o tiraram do sério. Como, por exemplo, se Kevin tem condições de entrar no lugar de Dudu, pelo lado esquerdo do ataque, que foi o ponto fraquíssimo do time na Bombonera.
"O Kevin é uma opção para a posição. Se não tivermos outro, joga o Kevin [20 anos]. Parece fácil estar sentado aqui, pegar um moleque que há alguns meses não estava na equipe A e colocá-lo para jogar. É fácil, não é? De uma coisa vocês podem ter certeza: faço o melhor que posso com os recursos que tenho."
Esta frase "faço o melhor que posso com os recursos que tenho" foi repetida como um mantra durante a coletiva.
O recado é direto para a presidente Leila Pereira, que não quis gastar na contratação de jogadores pedidos pelo treinador no início do ano. E, depois, na janela do meio do ano.
Luís Guilherme. Meio-campista de 17 anos contra o Boca, ontem, na Bombonera. Um dos 'moleques' de Abel
Cesar Greco/PalmeirasAbel destacou de novo ter um banco de reservas formado, do meio para a frente, basicamente com atletas muito jovens.
"É isso. [...] São os jogadores que nós temos, têm muito potencial, são jovens. O Endrick tem 17 anos, o Fabinho tem jogado pouco, entrou hoje e foi muito bem. É bom isso, fico feliz pela pergunta, é na base que apostamos e olhamos.
"O Weverton só jogou aqui [na Bombonera] com quase 30 anos, e esses meninos jogaram aqui com 17 anos."
Sem ter como surpreender com o elenco que possui, Abel aposta que o caminho para o Palmeiras chegar à final é usar a força da atmosfera do seu estádio. Pressionar o Boca para conseguir a desejada vitória. E fazer pela primeira vez seu clube eliminar o time argentino em um mata-mata na Libertadores.
"Viemos jogar em um estádio mítico com uma energia espetacular. Eu queria muito vir aqui, desfrutar do espetáculo e sentir o ambiente. Jogo difícil, jogo de semifinal da Libertadores, o Boca foi ligeiramente superior em sua casa.
"O Weverton fez uma grande defesa, nas transições que fizemos fomos mais agressivos, poderíamos ter feito os gols, mas agora é acreditar. Vamos jogar em casa, os meus jogadores precisam ter calma, saber que a equipe tem a melhor campanha e nasceu para fazer história.
"Agora é na nossa casa..."
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