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Escândalo sexual, que tirou Cuca do Corinthians, poderia acontecer na CBF. Era o favorito para substituir Tite na Seleção Brasileira

No ano passado, dirigentes da CBF discutiam a sério o nome de Cuca na seleção. Até que foi relembrado o estupro de 1987. O presidente Ednaldo Rodrigues anteviu o escândalo. E desistiu

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Cuca tinha chances reais de substituir Tite na seleção. Mas a sombra do estupro acabou com elas
Cuca tinha chances reais de substituir Tite na seleção. Mas a sombra do estupro acabou com elas Cuca tinha chances reais de substituir Tite na seleção. Mas a sombra do estupro acabou com elas

São Paulo, Brasil

Era 28 de dezembro de 2021.

Cuca avisou a direção do Atlético Mineiro de que havia decidido ir embora.

Tinha familiares doentes, que precisava cuidar.

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Foi um choque.

Ele havia vencido a tríplice coroa, o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro. E levado a equipe à semifinal da Libertadores, eliminada depois de dois empates com o Palmeiras.

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Cuca realmente tinha problemas familiares, mas, milionário que era, poderia dar a melhor assistência e ainda continuar trabalhando. Ele não quis.

Seus planos eram simples e ambiciosos.

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Ele sabia que nos bastidores seu nome ganhava força na CBF como substituto de Tite.

O trabalho de Cuca mereceu admiração do próprio Tite.

O ex-técnico da seleção nunca quis um estrangeiro o substituindo.

No Rio de Janeiro, Cuca era apontado como consenso. 

Técnico competente, motivador, moderno.

Motivador.

Que sabia lidar com estrelas midiáticas, como fez com Ronaldinho Gaúcho, na conquista da Libertadores, em 2013.

O que era ótima perspectiva para o trato com Neymar.

E homem que ouvia os dirigentes, seria muito mais fácil de lidar, por exemplo, do que com Abel Ferreira, do Palmeiras, que já despertaria polêmica por não ser brasileiro.

Cuca sabia que seu nome estava mesmo fortemente cotado para assumir a seleção brasileira.

Estava animado.

Cuca era o grande vencedor em 2021, quando a CBF já sabia que Tite iria embora. Seu nome era fortíssimo
Cuca era o grande vencedor em 2021, quando a CBF já sabia que Tite iria embora. Seu nome era fortíssimo Cuca era o grande vencedor em 2021, quando a CBF já sabia que Tite iria embora. Seu nome era fortíssimo

Seu nome, indicado por alguns influentes presidentes de federações deste país, passou a ser realmente levado em consideração.

Era mesmo um dos grandes favoritos.

No Rio de Janeiro, chegou a jornalistas que mesmo Tite acreditava que Cuca tinha totais condições de fazer excelente trabalho, quando ele deixasse o cargo, após o Mundial do Catar.

Mas, para travar essa onda favorável ao técnico, surgiu na CBF a história, até então, muito mal explicada sobre o estupro.

O vice-presidente da CBF Francisco Novelletto foi presidente da Federação Gaúcha de Futebol entre 2004 e 2020. Ele era um dos que sabiam detalhes da prisão de Cuca em 1987.

Dos 45 dias que passou preso em Berna, na Suíça. Da sua condenação, em 1989, a 15 meses de cadeia, por estupro, junto com três outros jogadores, de uma menina de 13 anos, apesar de ter sido defendido pelo departamento jurídico do Grêmio.

Novelletto sabia que o assunto viria à tona. Seria um escândalo para a CBF.

E o presidente Ednaldo Rodrigues acabou sabendo tudo o que se passou.

Percebeu o que aconteceria caso Cuca assumisse o lugar de Tite.

Ednaldo também só tinha "ouvido falar", não tinha se aprofundado sobre o tema. Quando soube, anteviu o caos em que se transformaria a seleção.

A notícia chegou ao treinador.

O grande, e inesperado, problema para Cuca é que a história 'mal contada' do estupro foi revisitada
O grande, e inesperado, problema para Cuca é que a história 'mal contada' do estupro foi revisitada O grande, e inesperado, problema para Cuca é que a história 'mal contada' do estupro foi revisitada

Percebeu que seu período sabático era absolutamente desnecessário.

Não atingiria seu sonho, comandar o Brasil.

Depois de sete meses, assumiu o Atlético Mineiro, em julho de 2022.

Se mostrava tenso, incoerente, nervoso.

Fez uma campanha fraca.

E já viu nascer o movimento de rejeição à sua volta por causa de grupos feministas que protestavam contra o estupro de 1987.

Saiu até mesmo antes do fim do ano, em novembro do ano passado.

Cuca tinha plena convicção de que os "tempos haviam mudado" e que não teria mais tranquilidade para trabalhar, como fez por 25 anos, desde 1998, quando assumiu o Uberlândia, passando por Flamengo, Botafogo, Fluminense, Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio, Cruzeiro, entre outros clubes.

Mas não resistiu ao convite do Corinthians. Não sem antes avisar ao presidente Duilio Monteiro Alves que poderia haver sério questionamento pelo estupro em 1987. O dirigente corintiano acreditou na palavra do treinador, de que ele não havia encostado na menina estuprada. E ela não o havia reconhecido três vezes.

Foi a mesma versão que o treinador deu à imprensa, na entrevista de sua apresentação.

Tanto Cuca quanto Duilio desprezaram a reação popular.

Ainda mais depois de jornalistas irem à Suíça e desmentirem. 

E o técnico foi obrigado a se demitir depois de dois jogos.

A cúpula da CBF não se pronunciou.

E nem vai se pronunciar.

Mas houve enorme alívio por Ednaldo não ter apostado em Cuca.

Todo o escândalo que dominou o Corinthians poderia ter sido na CBF.

E a seleção passar por outro vexame internacional.

Ou seja, Cuca não cumpriu um dia sequer da condenação a 15 meses de cadeia na Suíça.

Mas sofre o castigo do estupro de 1987.

Não só agora.

Mas já no meio de 2022, quando era um nome fortemente cotado para assumir a seleção brasileira, no lugar de Tite.

A sombra da violência sexual o afastou do sonho de sua carreira.

A seleção brasileira.

O tirou do Corinthians.

E há o grande risco de não ser possível continuar trabalhando como treinador de qualquer clube...

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