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Corinthians já estuda renovar com Sheik até o fim de 2018

Sheik já é o jogador mais velho da história corintiana. E poderá ser o primeiro atleta com 40 anos a vestir a camisa alvinegra

Cosme Rímoli|Cosme Rímoli

Andrés já avisou. Se Sheik continuar empenhado, seu contrato será renovado até o fim de 2018
Andrés já avisou. Se Sheik continuar empenhado, seu contrato será renovado até o fim de 2018 Andrés já avisou. Se Sheik continuar empenhado, seu contrato será renovado até o fim de 2018

Nunca o Corinthians teve um jogador tão velho no seu elenco principal. 

Jamais um atleta de 39 anos marcou um gol com a camisa alvinegra.

Mas nunca existiu no Parque São Jorge alguém como Márcio Passos de Albuquerque.

Alguém que falsificou todos seus documentos, seu nome, sua idade para se tornar jogador de futebol.

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Homem com capacidade de virar noites na farra e na manhã seguinte treinar mais que todos.

Poucos tem a coragem de revelar a cruel infância que viveu, na periferia de Nova Iguaçu. Na favela Iguaçu. Lugar com inúmeros conflitos com bandidos, assaltantes, traficantes. Tiroteios são constantes.

"A infância era escola e rua! Ficar em casa pra que? Não tinha nada dentro de casa. Era um barraquinho com sofá e almofadas, colchão ralinho que enrolava para todos dormirem juntos. Não tinha chão, era barro. Não tinha nem banheiro!"

"A minha mãe que fez o lugar em que eu morava, num terreno invadido. Ela pegou madeira de um lado, do outro e fez a casinha, um barraquinho pra gente. E trabalhava para sustentar três filhos. Lá foi sinistro, doído. Muito ruim mesmo. "

"Fui (para o São Paulo, com 14 anos e documentos falsificados) no intuito de ter um lugar pra morar e pra comer. Eu não queria o futebol assim, pra ser jogador. Eu fui porque sabia que lá tinha cozinha e que eu ia dormir numa caminha. Esse era o meu sonho. "(Inúmeras vezes, uma panela velha, cheia de arroz era tudo o que sua família tinha para comer.)

Documento escolar de Emerson. Quando atendia por Márcio e a idade era verdadeira
Documento escolar de Emerson. Quando atendia por Márcio e a idade era verdadeira Documento escolar de Emerson. Quando atendia por Márcio e a idade era verdadeira

Há uma história famosa contada por seus vizinhos.

Sheik brigou com um amigo próximo porque seu cachorro comeu um ovo cozido que ele carregava orgulhoso. Desesperado, queria bater no animal. "Era tudo o que tinha para comer aquele dia.")

"Me perguntaram se era pressão na Bombonera. Pressão é você estar num lugar desses, com medo de deitar e uma bala atravessar o tijolo ou a madeira. Ou então medo de entrar um rato, um bicho. Isso sim é pressão", disse à Globo.

Como retribuição à vida que tem, Emerson bancou uma escola para crianças carentes, perto da casa na comunidade onde foi criado, em Nova Iguaçu.

Sheik é um sobrevivente.

Aos 39 anos, pensou que encerraria profissionalmente sua carreira na Ponte Preta.

Mas tinha um sonho.

Fazer sua despedida de futebol no clube que teve mais sucesso.

O Corinthians.

Se o delegado Mario Gobbi ainda fosse presidente do clube, Emerson jamais teria sequer voltado a pisar no Parque São Jorge. Ele ficou revoltado com o beijo na boca que o atacante deu em um amigo empresário. A desculpa era um manifesto contra a homofobia. Na verdade, era uma malandragem, para desviar o foco de uma briga com Tite.

Mas Gobbi não aceitou ver um jogador do Corinthians beijando um homem nas redes sociais. Autorizou que os chefes das principais organizadas do clube dessem uma inesquecível dura em Sheik. Ele ficou trancado com dez torcedores. E teve de jurar aos berros que não era homossexual. Foi avisado que as organizadas não tolerariam outro ato parecido. Nada de beijar homem enquanto estivesse no Corinthians. Sheik aceitou. 

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E ainda se explicou em nota oficial da Gaviões da Fiel. "Lamento se ofendi a torcida do Corinthians, não foi a minha intenção. Foi só uma brincadeira com um grande amigo meu, até porque eu não sou são-paulino", teria dito, ironizando a torcida adversária que gosta de tratar publicamente como bambi.

Mas era Andrés Sanchez, que voltava ao Parque São Jorge. Amante da noite, como Sheik, o dirigente gostou da ideia. E como sabia que o clube está mergulhado em dívidas por causa do Itaquerão, pensou em ter o jogador como reforço para a Libertadores. "Um contrato de risco curtinho", avisou o dirigente.

Fábio Carille adorou a ideia. E deu seu aval. Como auxiliar de Tite na conquista da Libertadores e do Mundial, conquistados em 2012, ele sabia a importância da liderança de Sheik.

Andrés incumbiu o diretor de futebol Duílio Monteiro Alves de conversar com Emerson. Na conversa franca, o dirigente exigiu que o atacante se comprometesse a abandonar as baladas, a champanhe, os jantares na madrugada. E deveria se submeter a um programa rígido de preparo físico e nutrição. E teria um contrato de seis meses. Salário de R$ 200 mil mensais.

Emerson ficou eufórico. Não esperava tanto. E concordou.

Desde então, está regrado. Seguindo fielmente o que é determinado para ele pelos preparadores físicos e nutricionistas. Perdeu o costume de se atrasar. Virou exemplo para o grupo que disputa a temporada.

Já tem conseguiu jogar oito vezes e marcar dois gols. Teve uma participação decisiva ontem na complicada partida diante do Deportivo Lara. O Corinthians mostrava péssimo futebol. Coube ao atacante acabar com a monotonia da partida. Marcando o primeiro gol e incendiando o Itaquerão.

Agora, vem a novidade.

Andrés está acompanhando de perto o esforço de Sheik.

Do barraco de chão de barro à mansão cinematográfica. Emerson Sheik
Do barraco de chão de barro à mansão cinematográfica. Emerson Sheik Do barraco de chão de barro à mansão cinematográfica. Emerson Sheik

E já deixou Duílio à vontade. Caso o jogador siga se entregando à carreira como está, há a ordem que seu contrato seja prorrogado até o final do ano. Para, em dezembro, o clube promover a despedida do futebol do jogador no Itaquerão. Com uma festa 'maior do que foi a de Rogério Ceni', garante um conselheiro empolgado.

Emerson faz aniversário, de verdade! no dia 6 de setembro. Completará 40 anos. Seria algo impressionante, um jogador 'de linha' atuar em um clube grande como o Corinthians com essa idade. Para um goleiro, como foi Ceni, era muito mais fácil.

Apesar de apaixonado pelo Flamengo, Sheik sabe.

O Corinthians é o clube mais importante de sua vida.

Por isso está pela terceira vez no Parque São Jorge.

E fazendo história.

Indo além do que ele mesmo sonhava.

Como, quando garoto, via o futebol como sinônimo de cama e comida...

Emerson já tem sua vida atrelada para sempre com o Corinthians
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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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