Comemorando quatro anos de fracassos, Leco traz Fernando Diniz
Desde 2015, o presidente já colocou 11 técnicos no comando do São Paulo. O clube não conseguiu um título. E agora faz sua aposta mais insensata com Diniz
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
"A aposta mais arriscada", na avaliação dos conselheiros mais ousados, ainda próximos de Raí e do inseguro Leco.
Leia também
Mais um técnico ameaçado. Rodrigo Santana do Atlético Mineiro
"Burro." "Vagabundo." Ganso e Oswaldo desrespeitam Fluminense
Felipão, Abel.. Cruzeiro quer técnico que 'jogador respeite'
Daniel Alves foi o pivô da saída de Cuca. O técnico o queria na lateral
"Fu... you. Fu... you." Dedo em riste. Guerrero perde a razão...
"A maior aventura de todas", para a maioria dos que formam o Conselho Deliberativo.
Nos quatro anos que o São Paulo está sob o domínio estéril de Carlos Augusto de Barros e Silva, o clube tricampeão mundial só fracassou.
Não venceu nenhum título.
O que justifica jamais ter tido apoio de Juvenal Juvêncio para ser presidente do clube, mesmo sendo muito próximo ao homem que teve o clube nas mãos por quatro mandatos por dez anos.
A insegurança sempre foi a sua alegação para não indicar Leco como seu sucessor.
E a certeza de Juvenal se concretizou.
Desde que assumiu o São Paulo, e passou a ter o controle absoluto do futebol, em outubro de 2015, onze treinadores passaram pelo clube.
Doriva, Milton Cruz, Edgardo Bauza...
Ricardo Gomes, Pintado, Rogério Ceni...
Dorival Júnior, Diego Aguirre, André Jardine,
Vagner Mancini e Cuca.
Veja mais: São Paulo fracassa. Por não ter coragem de enfrentar Daniel Alves
Todos de perfis completamente diferentes, o que só denuncia a incoerência, a falta de rumo, a insegurança de Leco.
Acrescente à triste imitação, mas com muita incompetência, do que fazia Juvenal: contratar e vender jogadores, sem consultar o treinador a quem 'entregou' o comando do futebol.
O resultado se vê no jejum de títulos.
Nos vexames, na revolta da torcida.

E agora, com o clube precisando desesperadamente de estabilidade, na sexta colocação, faltando as 17 últimas partidas em 2019, mais um ano de fracassos do São Paulo, Leco faz o clube embarcar na sua maior aventura.
Contrata Fernando Diniz, menos de doze horas depois da saída de Cuca.
Diniz é o treinador que mais fascina quem adora a teoria do futebol moderno neste país.
Veja mais: Para o Corinthians, a dolorida eliminação tem dono: Carille
Formado em Psicologia e seguidor fanático das teses de Pep Guardiola, admirador de Jurgen Klopp, a movimentação dos times que comandou é incrível.
Mas do meio de campo para a frente.
Os jogadores não têm posição fixa, controlam o domínio da partida, trocando passes o máximo que puderem. Atacam em bloco. Criam inúmeras dificuldades aos adversários.

Desde que estejam na plenitude de sua forma física, os seus meio-campistas e atacantes formam um balé envolvente, impressionante.
Mas o problema é do meio-campo para trás.
O sistema defensivo de Fernando Diniz é aberto, escancarado.
A ousadia se transforma em confusão.
E times ortodoxos, com treinadores que pararam de pensar na década de 90, com com suas equipes dispostas no tradicional 4-4-2, costumam fazer a festa quando enfrentam os times de Diniz.
Veja mais: Políticos querem dar medalha a Jesus.Por feitos em Portugal. Piada?
Por isso ele não conseguiu se firmar nos dois clubes grandes que teve para comandar, desde que surgiu como uma grande esperança de renovação na mentalidade dos treinadores, em 2016, no Audax.
Mas as duas únicas experiências que teve em clubes grandes foram dois retumbantes fracassos.
Apaixonou dirigentes e jornalistas que cobriram Athletico Paranaense e Fluminense.
Mas a prática não sustentou a teoria.
O aproveitamento no Athletico foi assustador.
Veja mais: Justiça a Marcelinho Carioca. O ídolo que as torcidas amavam odiar
Cinco vitórias, sete empates e nove derrotas em 21 jogos.
Apenas 34%.
Números que rebaixariam qualquer clube.
Nos números foi o pior treinador do Athletico nos últimos dez anos.

Conseguiu abalar a força de Mario Celso Petraglia, o homem que comanda o clube paranaense. Toda a diretoria exigiu a saída de Diniz. Petraglia ficou sozinho até que aceitou a demissão.
Saiu com a aprovação de 68% dos torcedores.
Sem título algum.
No Fluminense, conseguiu mais.
Ficou 44 partidas.
Foram 18 vitórias, 11 empates e 15 derrotas.
Teve aproveitamento de 49%.
Veja mais: Demagogia. Atraso. Ganância dos clubes. A volta da geral no Maracanã
Ajudaram muito essa melhora os jogos pelo fraquíssimo Campeonato Carioca. Foram nada menos do que 25 partidas do Fluminense.
O clube não chegou sequer à final do Estadual de 2019.
Com 49% de aproveitamento no Brasileiro, o São Paulo estaria na nona colocação, não se classificaria sequer para a pré-Libertadores.
O que seria um caos.
Mas não para o inseguro Leco, que foi convencido por Raí.
O ex-jogador sempre admirou a 'ousadia' de Fernando Diniz.
E resolveu apostar na 'experiência' na fase mais aguda do Brasileiro.
O clube vazou para setoristas que os líderes do time, Daniel Alves e Hernanes adoraram a escolha, para tirar o time da 'zona de conforto' tática.
Veja mais: Vexame. Depois do WO, Figueirense pede para abandonar o Brasileiro
A aposta será feita na reta final do Brasileiro.
A teoria aponta para a insensatez.
O treinador mais utópico do país vai assumir o único tricampeão mundial que precisa desesperadamente de vitórias.
Sem pré-temporada, o mais radical terá fazer o time jogar à sua maneira e ainda vencer a grande maioria dos jogos.
A escolha agora, no final de setembro, beira o incompreensível.
A irresponsabilidade.
Sua contratação revoltou Vagner Mancini, que acalentava o desejo de se firmar como treinador do São Paulo.
Veja mais: Messi. Seis vezes melhor do mundo. Mas com um gosto de injustiça
Nunca teve cabimento Mancini trabalhar como coordenador técnico. Ele é muito jovem e tem potencial para seguir como técnico, algo que sempre desejou.
Pediu demissão irrevogável.
A situação ficou ainda mais amadora.
Fernando Diniz será apresentado hoje, sexta-feira.
E comandará o time no sábado, no Maracanã, contra o Flamengo.
"É um sonho realizado. Estou muito feliz e pronto para este novo desafio na minha carreira. Tenho certeza de que faremos um grande trabalho juntos", declarou Diniz, ao site oficial do São Paulo.
Junto com ele chega o auxiliar técnico Márcio Araújo, ex-jogador do São Paulo. E o preparador físico Wagner Bertelli.
O São Paulo embarca na 12ª aventura no futebol, em menos de quatro anos de Leco no comando do clube.

Cada técnico não teve, em média, três meses para trabalhar.
Os fracassos têm explicações.
"Uma coisa que é boa não pode mudar porque o placar do jogo mudou", diz Diniz, analisando seu trabalho.
Ou seja, o resultado não conta.
E sim a forma de jogar.
É essa utopia que chega ao Morumbi...
Curta a página do R7 Esportes no Facebook
Time 'dos sonhos' da Fifa vale quase R$ 5 bilhões. Mbappé é o mais caro
Time 'dos sonhos' da Fifa vale quase R$ 5 bilhões. Mbappé é o mais caro
Time 'dos sonhos' da Fifa vale quase R$ 5 bilhões. Mbappé é o mais caro