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Copa deveria ser retirada do Qatar, diz jornalista que investigou a Fifa

Jonathan Calvert, um dos autores de 'O Jogo Feio', denunciou suposto esquema de corrupção em compra de votos para sede do Mundial de 2022

Especiais|André Avelar, do R7

Fifa enterrou investigações contra si sobre processo de escolha do Qatar 2022
Fifa enterrou investigações contra si sobre processo de escolha do Qatar 2022

Autor de uma série de reportagens que revelou um suposto esquema de corrupção na escolha da sede da próxima Copa do Mundo, o jornalista Jonathan Calvert se mostra enfático. O britânico acredita que a Fifa deve rever sua decisão e retirar o Mundial de 2022 do Qatar.

As matérias — conhecidas como “Fifa Files” (Arquivos da Fifa) e que depois se transformaram no livro “The Ugly Game” ("O Jogo Feio", sem previsão de lançamento no Brasil), em parceria com o também jornalista Heidi Blake — apontaram para um esquema ilícito entre o então presidente da Fifa Joseph Blatter e autoridades qataris para a compra de votos na escolha da sede.

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Apesar das denúncias, a entidade enterrou as investigações sobre si mesma, no conhecido Relatório Garcia, de junho de 2017. Antes, em dezembro de 2015, o próprio Blatter havia renunciado à presidência da Fifa. Dois meses depois, Gianni Infantino assumiu com a promessa de reformar a entidade.


O jornalista do "The Sunday Times" conversou com o R7 antes de desembarcar em Foz do Iguaçu (PR) para o 23º Congresso Latino-Americano de Auditoria Interna, que acontece a partir deste fim de semana. Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

R7: Por que as pessoas continuam assistindo futebol se é um “Jogo Feio”?


Jonathan Calvert: Futebol é o jogo mais amado, tem grande participação no mundo e por muito tempo pode ficar assim. O “jogo feio” é praticado por dirigentes corruptos e intermediadores que enchem seus próprios bolsos e financiam estilos de vida luxuosos às custas dos espectadores comuns.

R7: O que está por trás da escolha da Copa do Mundo no Qatar em 2022?


JC: A Copa do Mundo de 2022 foi entregue ao Qatar porque o Comitê Executivo da Fifa em 2010 era o grupo de dirigentes mais corrupto que o mundo já viu. O qatari Mohammed bin Hammam [membro do comitê] sabia como jogar esse jogo. Ele usou a vasta riqueza do Estado no Golfo para influenciar decisivamente na eleição.

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R7: Os jogadores deveriam se opor à corrupção no futebol?

JC: Definitivamente, não posso dar conselhos a jogadores de futebol. Acredito que haja um grande ponto de interrogação sobre a reforma da Fifa pós-Joseph Blatter. Recentemente, encontramos novas evidências de que a candidatura do Qatar quebrou as regras da Fifa durante a eleição de 2010, executando uma campanha de truques sujos contra seus rivais Estados Unidos e Austrália. Enviamos nosso trabalho para a Fifa, mas não tivemos nenhum retorno.

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R7: Como você vê a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) nos dias de hoje? Os dois últimos presidentes estão envolvidos no Fifagate.

JC: Como não sou jornalista esportivo, não posso comentar. Estou familiarizado com todas as acusações contra o Ricardo Teixeira. Mas nada além disso. Teixeira admitiu que fez parte de um acordo de conluio que trouxe pelo menos sete votos para o Qatar e a candidatura Espanha/Portugal em 2010. É preciso questionar a Fifa sobre o que está fazendo a respeito da violação flagrante de suas regras agora que um dos participantes-chave admitiu isso.

R7: O Fifagate pode mudar os rumos do futebol pelo mundo?

JC: A Fifa precisa defender a ética e a justiça retirando a sede da Copa do Mundo do Qatar. Isso mostraria ao mundo que a entidade realmente se reformou e acredita em algo mais do que encher seus próprios bolsos.

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